a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

29/03/2018

Vamos voltar à tasca?

Tenho um candidato a genro (ou parecido). Sportinguista até aos ossos (Salo Minho, então gostas do Jorge Jesus?) e de bom garfo (coisinhas sem glúten e folhinhas de alface não são comida), é rapaz de pouca conversa (gosto, responde apenas). Não terá porém isto problema, dado que Muzi, a minha filha dos olhos de azeitona nos quais tanto deleito os meus, fala por dois ou mesmo três se quiser. Já assim era enquanto eu lhe dava banho e a secava e a vestia ouvindo as suas conjeturas de muito tenra idade pontuadas aqui e ali por não é mãe? e eu sim é, filha, marcando pronta participação no diálogo desequilibrado mas fundamental. Se o meu sim é, filha tardava um segundo, ela toda logo: então, mãe, não falas?! De forma que Salo Minho não terá muitas oportunidades para botar longo discurso e parecem estar bem assim. Mas eu puxo por ele, evidentemente. Há dias, ao almoço, estávamos só os três (e um repasto mais caprichado) e achei de bem contar-lhe a minha experiência naquilo a que denominei tasca há meia dúzia de posts atrás mas melhor teria denominado espelunca só que na altura não me lembrei. Foi lugar em que incorporei três valentes febras de seguida e tanto me admirei que até o casaco lá deixei (a rima quer ficar). Pareceu-me tema para pôr Salo Minho na disposição de conversar mais longamente, motivado pela curiosidade do lugar tasca-aliás-espelunca e eu lá a enfardar três febras naquilo. Fui então contando em partes.
- É uma tasca com a churrasqueira à porta?... – vai Salo Minho.
Era, mas muitos serão os casos. Portanto continuo a contar descrevendo a sujidade, por exemplo. Salo Minho não poderia conhecer, e o lugar é longe.
- Sei, tem a casa de banho ao fundo, à esquerda…
Tem, mas vamos que há muitas parecidas e esta era mesmo uma tasca em modo espelunca, hã? - eu vou acertando as pontas ao discurso, na senda de o impressionar com a comezaina que lá vim a fazer.
- E tem uns degrauzinhos para a casa de banho, não tem?...
Mau. Assim já é coincidência a mais... Apurei a descrição da esquina, da rua e do estacionamento, é longe, é longe. Mas batia tudo certo e eis que Salo Minho em tempos foi freguês assíduo da tasca (fica tasca, então).
- Comeu as febras – remata ele – são muito boas, pois são, mas olhe que a entremeada ainda é melhor!

E agora que já ouvimos Salo Minho conversar neste post inaugural e nada podemos dizer quanto à entremeada, falta fechar o casaco. O meu casaco inspirador da rima supra que lá ficou esquecido na espel… tasca, e que fui apanhar ao final do dia das febras. Foi depois lavado com muito jeitinho no programa das lãs e roupa delicada, o qual, mesmo assim, lhe deixou um botão pendente sem ninguém ver. Cumpridor da gravidade, o botão foi cair ao chão logo pela manhã seguinte e, num perfeito estado vertical, metaestável, rolar definitivamente para debaixo de um carro estacionado.


(pode continuar)

11 comentários:

  1. Respostas
    1. Olá Gina :-)

      (certo, se eu não me fartar completamente do blogue entretanto)

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  2. Ah não! Agora tens de voltar e provar a entremeada!
    Ah pois que não vale vir aqui aguçar a curiosidade e depois fugir!
    Mau mau

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    1. Bem, caso eu seja capaz de um tal empreendimento, venho cá contar.
      Boa Páscoa, Mafy.

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  3. Um genro que conhece tascas é moço de confiança!
    Que é isso de se fartar do blogue...ai, ai.
    ~CC~

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    1. Farto-me, às vezes farto-me. Mas nem é bem do blogue.
      Boa Páscoa, querida CC.

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  4. psst! ameaças em vésperas de páscoa e depois de um enfardanço digno de registo em local onde há já memórias comuns a duas pessoas tão distintas?

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  5. se o rapaz gostar de iscas é cá dos valentes!!
    huhuhuh
    boa páscoa!

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    1. Engraçado... ainda há dias me confessou que de iscas é que ele não gosta.
      Boa Páscoa, il.

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