09/11/2024

Mas depois do adeus

Tomei uma decisão crível (e não uma incrível).

Depois fiz um monte de livros lidos que não recomendarei a ninguém. As suas narrativas não encontraram um caminho de valor dentro da minha cabeça. Perderam-se para aqui. Umas parece que vinham baças, outras deslaçaram lá para meio. A sua matéria chegou-me como um holograma desfocado no centro. Pode ser dos meus olhos, naturalmente. Um desses livros traz um desagradável extra de origem: erros. Coitadinho, foi feito à pressa, faltou-lhe um bocado de amor (e não um bocadinho). Há um que conta uma história boa, mesmo muito boa, mas nasceu de mão errada, incapaz de esculpir palavras com umas dimensões assim mais profundas, menos espalmadas, balofas. O teor dos restantes nem deixou vestígios, evaporou-se já. 

É como se os livros do monte tivessem vindo por engano. Queriam tomar um caminho e eu desviei-os. Nenhum me foi oferecido, está bem? Todos estes livros vieram por minha espontânea vontade (mas isto não é extraordinário). 
Tomei então a crível decisão. Vou metê-los no saco da conferência da semana passada, um saco preto de um algodão macio, bom para livros, e vou oferecê-los à pequena biblioteca de província onde agora mais vivo. Talvez ali algum par de mãos mais certo lhes pegue, ou ângulos diferentes lhes sejam vistos por outros olhos. 
Os meus são esquisitos. Um deles chora muito nas grandes superfícies e em esplanadas batidas a vento. O outro fica embaciado a partir desta hora. Incrível (agora sim).

Adeus a todos.