22/09/2013
Seis em cada mil
Este é o interior de uma das muitas carruagens que transportaram judeus para o campo de concentração de Auschwitz, durante a segunda guerra mundial.
Encontrei-a assim, de porta aberta, sem uso, envergonhada do seu passado, que dá para sentir. Está no museu dos caminhos de ferro em Utreque, nos Países Baixos.
A voz no altifalante instalado no tecto da carruagem debitava algumas estatísticas dos horrores.
Agosto de 1942. A carruagem levava cinquenta judeus. Alguns morriam no trajecto que durava três dias e três noites. Mesmo assim, muitos chegavam vivos. Levariam talvez esperança em vez de bagagem.
Despejados como gado, sobreviveram ao campo de concentração à taxa de seis em cada mil. Seis. Em cada mil.
E nós, aqui, nesta praia à beira mar plantada, sol e vinho com fartura, cerveja e tremoços que bem escorregam, fado ao fundo para nos embalar a tristeza que nos impregna a alma lusa.
Que é muita a crise, muita. Estamos cheios dela. Cheios de crise, nós, de crise!
Qual crise?
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