À chegada sou informada que hoje é dia de alongamentos.
Dia de alongamentos... Bem, pode ser que saia daqui mais alta, sempre quis ser mais alta, gracejei. Ninguém riu.
Hm.
A música para alongar é muito zen. Sugere água a escorrer por pedras quentes e harpas tocadas por dedos de anjo. Tililim. Tililim. Céus azuis com nuvens brancas em forma de ovelhinhas, ou coisa assim. Tentei relaxar, esquecer o trabalho.
O primeiro bocejo segurei bem.
A perna para cima, braço ao tecto. Inspira.
O desequilíbrio a querer tomar conta de mim mas não, aguentei-me.
À frente, os braços. Agora abaixo, expira. Tililim. Devagar.
O bocejo seguinte vinha mais forte e saiu mesmo, não há elasticidade para o reter quando estou com metade do corpo alongado. Desculpem, estou cansada.
Olhar para o tecto e levantar as pontas dos pés, joelhos no chão. Tililim.
Parece difícil, mas de lado é pior.
Anca no chão, apoio no cotovelo, perna para cima, esticada, a outra também. Mais. Estou a ficar com frio, quem me dera dançar.
Deitada assim de lado, as pernas esticadas no ar, um braço ao tecto, estou a tremer do esforço para não rebolar, ou será do frio, como é possível isto?, a curvatura da anca de uma pessoa é coisa real. Argh!
Rebolei. Fico de barriga para cima.
As outras, as colegas, tão direitinhas e eu nisto. Tililim.
Num esgar de dedicação, apresso-me a regressar à posição impossível. Metade no ar metade apoiada na convexidade da anca, que entretanto já me dói.
A música tão zen, tudo concentrado e eu o que queria mesmo, meus amores, era isto:
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