06/05/2014

Pastilhas elásticas de gengibre

Uma das aplicações recentes da nanotecnologia foi utilizada no tamanho das garrafas de azeite da era pós-gripe A nos lugares onde se come em público e onde mais do que um par de mãos as emporcalha.

Certo, nano é um bocadito exagero, mas vá, minitecnologia. E tecnologia porque gosto e mini porque também, especialmente numa esplanada de beira mar, com um livro, que saudades tenho disto, e uma brisa fraquinha que não vire as folhas ao livro (não uso livros electrónicos, lidos em locais ao ar livre onde há moscas, a mosca ao pousar na brancura da página vira-a e isso acho aborrecido).

Foi a implementação da gripe A que veio para mandar, há uns anos, e que decretou a) líquidos de desinfecção de mãos em todo o canto onde caibam os dispensadores juntamente com cartazes ilustradores da esfrega ideal para manter a bicharada fora, b) nunca mais dispensar talheres em cantinas e sítios de buffet que não estejam embrulhados em papel, película aderente, bolsa de plástico asséptica ou, ainda melhor, todos juntos, c) as garrafas de azeite e vinagre tamanho mini a terem que juntar-se à cerveja da mesma estirpe, até aqui está correcto, pena é que em dias de peixe cozido, lá na cantina, haja que pedir uma garrafa de azeite a cada dez minutos de almoço e ficamos por aqui.

No entanto os mandamentos desta gripe vão acabar porque segundo li hoje no jornal, a campanha de desinfecção de mãos não surtiu efeito nos hospitais, único lugar onde as pessoas ainda faziam a esfrega à risca, e às mãos, segundo a mesma fonte. É que as infecções não abrandaram na propagação, a verdade é esta.

Eu em tendo tempo, debruçava-me sobre coisas com interesse, que podem realmente trazer benefícios à sociedade e que não requerem tecnologia por aí além. Por exemplo, criar pastilhas elásticas com sabor a coentros. Para quem vive no estrangeiro e suspira de saudades de um arroz de tamboril malandrinho, as pastilhas podiam facilmente expedir-se em três dias úteis e fazia a pessoa o gostinho ao dedo. Outras haviam de ser com sabor a alho, que tanto dá para matar a saudade da ameijoa à bulhão pato em se consumindo a seguir à variedade coentro, como dá para usar em quantidade dupla, para mandar afastar gente indesejada sem se arruinar a reputação de pessoa polida, bem educada. Numa terceira aplicação das ideias inovadoras que me povoam o espírito a cada dia que passa, haviam de surgir em prateleiras perto de si as pastilhas elásticas de gengibre. Sim, gengibre, que eu não dispenso semelhante maravilha da natureza. Ora a pastilha de gengibre, tomar aí nota, é para utilizar com afinco quando se quer captar a atenção de alguém que está distraído a teclar no telemóvel ou a postar uma selfie no facebook em vez de desatar a beijar-nos.

(devido ao facto tristonho de eu não ter conta no facebook nem fazer selfies, que ainda só faço retratos de mim mesma mas poucos, gosto mais de flores, desdenho aquelas palavras e ponho-as em itálico)

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