17/09/2014

Sítios feios

Hoje fiz uma sopa gourmet para o jantar, mas foi sem querer. Até sou capaz de lhe ir ali tirar uma fotografia daqui a um bocadinho, uma beleza.

No entanto, primeiro é preciso isto, que está já a sair.

Estive muitos minutos em pé na fila da caixa do supermercado e comecei por me sentir impaciente. Depois fiquei quase sufocada, a transpirar, quando a moça que passava os produtos oitenta e três clientes à minha frente pega no telefone, ergue-se da cadeira, que eu bem vi daqui, e desata a querer encontrar alguém que a ajude sei lá a quê, se soubesse até podia dizer às pessoas, e foi quando me lembrei de repente do João Magueijo e agora vejo perfeitamente que ele tem razão.

Embora possa não parecer, este post está a involuir no tempo, estou agora sentada à mesa da cozinha, esta manhã, o sol entra-me pela janela em abundância e ilumina a entrevista que estou a ler enquanto como o pequeno-almoço, e que foi publicada na revista do jornal Expresso há imensas semanas, esta parte não favorece a reputação de ninguém, tenhamos paciência que podia ser pior.

Na entrevista, assinada por Clara Ferreira Alves e cedida pelo cosmólogo português já mencionado, pode ler-se, se se quiser, se vontade houver mesmo depois de tantas semanas a revista ali, que: "... as pessoas precisam de estar em sítios feios."

Sendo coisa de cosmólogo, suspeitei que ficávamos assim, ele dizendo isto (que para ser correcta foi transposto de um autor que admira) eu a ler e a levantar as sobrancelhas muito admirada.

O resto é capaz de ser fácil, para quem, valente, se aguentou até aqui nesta regressão do tempo-espaço-curvo - gostaste, João? - de concluir. Pelo sim pelo não, temos mais um parágrafo:

O sítio onde me descrevo acima, a transpirar, encaixada entre carros de compras entremeados por encontrões e pedidos de licença nos casos mais bem sucedidos, faltou lá esta parte, depois substituídos, mais à frente, a fila vai andando, por escaparates de revistas com novidades sobre as novelas e pastilhas elásticas de todos os sabores (ainda aguardo pelo sabor a cinza dos vulcões da Islândia), é feio.

Mas é que depois, sem querer, deu nisto (veja-se o encorpado, a textura, imagine-se o aroma):


(sim, claro que o prato é só em ocasiões especiais, foi escolhido agora para minimizar o efeito funesto do tardamento da leitura)

Sem comentários:

Enviar um comentário