Comprei uns óculos de ver ao perto um bocado cedo demais.
Não tanto que as lojas ainda estivessem fechadas àquela hora, muita piada, mas trata-se
da teimosia que a minha acuidade visual detém em se aguentar pela idade fora,
não obstante eu fizesse muita questão de pôr os óculos de giros que são. Por
conseguinte uso-os muito dentro da mala.
Descansam todo o dia a escassos centímetros do telefone móvel
que de repente anuncia uma mensagem a chegar. Deixa ver, sessenta cêntimos por quilograma
de borrego nacional não é mau e é o que pode poupar quem comprar quilos de
borrego nacional. Acho graça a isto principalmente porque a mensagem deve estar
muita gente a ler ao mesmo tempo que eu, orquestrações magníficas se as
pudéssemos ver por esse país fora, mas opto por poupar o borrego inteiro e mantenho os óculos na mala.
É porque hoje foi verão à hora a que saí do trabalho, que este
post vai derrapar e o borrego ficar descansado. Vinte e nove graus a cair
para o fim da tarde catapultaram-me para as férias na casa da praia, nas quais
a minha legião de irmãs e eu inventávamos mergulhos o mais possível em voo
picado, diferentes e em estilo próprio, de preferência mortais, arte em movimento para dentro da piscina nos momentos em
que a nossa mãe virava as costas para ir ver do almoço ou coisa assim, ai
filhas do muro é que não, havia um muro e uma de nós preferia-o
à prancha de saltos que estava ali para isso.
Portanto a derrapagem vai parar em postar aqui uma fotografia
tão antiga que já não vale, tempos
vigorosos em que fazíamos daquilo todo o julho ao sol, sobrávamos para o agosto
inteirinho e ainda inaugurávamos o setembro até ao meu aniversário, coisa para
festa de garagem a fechar um círculo sem quadraturas nenhumas.
Tiro, finalmente, os óculos da mala e dirijo-me à
estante dos álbuns fotográficos que se mantêm fechados na prateleira enquanto
passam os anos depressa. Pego no de lombada azul
escura, abro-o e encontro-a. Julho de mil
novecentos e oitenta e quatro, tem a data por trás.
Os saltos mortais
não eram meus, nem os que vinham do muro, mas quem me vê ali pendurada no ar há
tantos natais na prateleira acredita que sim, acho eu com os óculos postos e muitas saudades.
Querida Susana,
ResponderEliminarAs férias grandes eram mesmo grandes e os mortais, mesmo imortais.
Bom dia,
Outro Ente.
Muito bem metida caro Ente. Os mortais (estes) serem imortais, pelo menos nas prateleiras. Da memória.
Eliminar(Su: 29º onde? A quanto o quilo? Compras para mim? Depois acertamos as contas.)
Caro Outro Ente, os mortais era o nome que a louca da minha irmã que os fazia, lhes dava. Foram imortais, pois foram, felizmente. :-)
EliminarUva: 29º ontem, 19h, ali mesmo a cair para o Parque das Nações, na sms diz que o borrego é a 5,78€ já com desconto. Compro, pois, onde mando entregar? :-)
Abraço aos dois, com desejos de boa Páscoa.
E tão felizes que nós éramos com tantos saltos e outras brincadeiras. As aulas só começavam em outubro e nem por isso ficámos menos espertos. É o que digo, não sei se gostaria de ser criança agora, sempre a tiracolo de pais sem tempo e de atividade em atividade numa correria desenfreada.
ResponderEliminarDá que pensar, não dá? Acho que faz falta aos pais de hoje relaxarem mais nos medos e soltarem os filhos, para que eles vivam. Cresçam. Mas, claro, falar é fácil.
EliminarBoa Páscoa, Maria! :-)
Lembranças felizes das tardes longas! Eu era mais trepar às árvores e fazer casinhas lá em cima! :P
ResponderEliminarBeijos, Susaninha. :)
(não sei o que deu ao meu dedo. Deve-se ter irritado e pimba, lá ficou um comentário só com um ponto)
Se um comentário teu é bom, dois é melhor, mesmo que seja só um pontinho. De qualquer forma, apaguei-o para que o teu dedo não fique envergonhado, fiz mal? :-)
EliminarTrepar às árvores eu nunca fiz, tinha medo. Totó.
Beijo, querida Maria, e boa Páscoa!