16/08/2015

O que vês do teu terraço, Susana?

Enquanto apanhei todas as pêras podres do chão, vários gafanhotos não maiores que o meu dedo mindinho saltaram daqui para ali como se soubessem precisamente onde iam e até com vontade de cooperar: olha aqui outra, aqui! Não lhes acho graça nem nunca achei, uma vez que costumam ter o poder de me fazer soltar um grito involuntário, situação indesejável para a minha imagem que deve ser mantida livre de gritos involuntários, como é evidente. Mas hoje nenhum se ouviu a bater as encostas desta serra por aí fora que nem louco (o grito).

Nos últimos tempos tenho registado frequentes encontros com baratas castanhas bastante velozes que possivelmente me conferiram uma outra perspectiva do reino animal na sua intersecção com o mundo das pessoas em contexto de trabalho: sabe muito bem encontrar uma coisa daquelas em certas pausas na laboração árdua que nem sempre nos aconchega os melhores sonhos tidos em décadas passadas, mistério que não se desvendará nem aqui nem agora.

Apanhei portanto as pêras em diferentes estados de decomposição, a natureza não amadurece a fruta toda de uma vez, faz parte da sua suprema sabedoria que poderá ler-se como uma versão muda de "quem está está quem não está estivesse". Posso dizer que nada me impediu de encher dois sacos, devem ter sido umas duzentas, imensas que eram, e ainda que fiquei bastante satisfeita porque quase todas estavam parcialmente aproveitadas por esse reino animal, não aquele do parágrafo anterior, outro, desta feita intersectado por mim confiante nas botas de borracha, não vá um gafanhoto apressado enganar-se no caminho ou haver ainda pequenas cobras ou outras coisas assim giras para se fazer colecção. 

(ando há séculos para conseguir escrever um post em que meta mesmo a calhar e com muito jeito a expressão "tenho uma cobra nas botas" e agora estive tão perto)

Quando subo as escadas de pedra de regresso ao terraço, eu e as pêras podres ensacadas, apercebo-me de que a pequena janela da casa de banho escapou à operação de lavagem de janelas e portas realizada ontem nesta morada por estes braços vigorosos que ora escrevem. Mas primeiro tirei as botas e sentei-me a escrever isto antes que comece a chover outra vez.


(não me parecendo adequado ilustrar com as pêras podres ensacadas, faço-o respondendo à pergunta que se fez título deste post muito estival)

8 comentários:

  1. Com gafanhotos já tenho a coisa bem controlada. Nem eles, nem aranhas, nem baratas e outros semelhantes me fazem gritar. Nem as osgas já me fazem gritar. Acho que deixei de gritar quando resolvi começar a fotografar bicharada. Bem, cobras ainda não fotografei... :)

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    1. Isso é ser não só valente, como inteligente, Luísa. Encarar as coisas de frente, fotografá-las e assim roubar-lhes o código da alma :-)
      Eu osgas acho muito giras... o pior mesmo são os gafanhotos, sempre foram.
      (quando fotografares cobras, mostras?)

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  2. Andas mesmo entusiasmada em desbravar o reino da bicharada!
    "Tenho uma cobra nas botas"? Isso só deve ser giro enquanto metáfora. ;)
    Beijo e boa semana, Susana.

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    1. "Tenho uma cobra nas botas" é do filme "Toy Story" - dito por um boneco que pretende ser cow-boy. E eu tenho um fraquinho por esse filme, Isabel. Tem um sentido de humor na onda do que eu gosto. :-)
      Mas claro, não sendo cow-boy ou girl, só mesmo em metáfora.
      Beijo de volta e boa semana para ti também.

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  3. Os gafanhotos são a minha pior fobia. Odeio-os. Também não gosto nada de pêras, embora não tenha medo delas.

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    1. Ah querida Cuca, e eu fazia-te sem fobias nenhumas! Mas claro, partilhando essa comigo, gosto ainda mais de ti, evidentemente. :-)

      Os gafanhotos tiram-se do sério, mas hei-de superar, ah hei-de!
      Quanto às pêras.... hum.. é uma pena, elas talvez gostassem de ti.

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  4. Eu tenho traumas com insectos, aranhas e outros "bichos" do género! Mas adorei o que vês do teu terraço.
    :)

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