22/07/2016

Uma ideia magnífica e outros contos (pequeninos, para variar)

Ontem de manhã, no caminho para o trabalho, apeteceu-me ser polícia. Foi na rotunda junto ao rio, de onde lhe admiro as águas com cuidado porque vou a conduzir o meu carro todo sujo, que ontem quis ser polícia. Um outro condutor que ia ali teve uma ideia estupenda que foi fazer uma marchazinha atrás em plena rotunda; se nas rotundas circulamos todos no mesmo sentido é por motivos no geral muito bons, mas aquele condutor teve a tal ideia magnífica, aparentemente porque tinha deixado passar a saída que pretendia. Está bem que o rio distrai se a gente não tiver os cuidados no máximo, eu compreendo isso do brilho da manhã e da poesia não sei quê, mas uma rotunda é configurada especialmente para toda a gente dar mais uma voltinha ou muitas se quiser, portanto eu ter-lhe-ia tirado a carta de condução ali mesmo e antes de tornar a pestanejar. Mas não sem lhe sugerir a aquisição de um burrico ou jerico que sempre combina com asno ou jumento. Andam devagar e dão a volta em qualquer lugar, não sei se estamos a ver a ideia, senhor condutor. Claro que a sinfonia de buzinadelas foi tipo das grandes e pelo retrovisor chegaram-me umas travagens que aquilo sim foram umas travagens, porém a destreza dos restantes não deixou escangalhar-se o mundo, ninguém bateu.

Para adiantar trabalho, já me despedi da chávena de café que me deu de beber durante pelo menos dez anos, está na mesma, ela, nem se percebe que poupou o meio ambiente em milhares de copos de plástico, mas adeus.

Hoje vi televisão, normalmente apenas oiço enquanto faço o jantar, mas hoje também vi enquanto faço o jantar, era a entrevista ao treinador Fernando Santos que me fez ficar em pé no meio da cozinha a ouvir a ouvir a ouvir. E a ver. Eu que para ver televisão ou vai a seleção a jogar ou têm de me amarrar.

Para eu não rimar.


(e por me terem dito que apreciavam os meus posts assim às postas, hoje deu-me p’ra isto – as reclamações são para aqui se fazem favor)

5 comentários:

  1. Bom, tiveram sorte por ninguém bater. Há gente muito asna e que, incompreensivelmente, só pensa em si, até se está na estrada, lugar onde todos dependemos de todos.

    Mas um dia destes fiz uma inversão de marcha proibida e também perigosa numa estrada deserta (não era uma rotunda). E não é que apareceu um carro que até era da polícia?! Azar.

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    1. É isso mesmo: na estrada todos dependemos de todos.

      Esses azares às vezes, bea, vêm por bem. Acho eu.

      :-)

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  2. desejo secreto que nos assola de quando em vez, ou muitas vezes, com farda de gala, ou sem ela, apito e caderno de multas. também quero entrar nesse esquadrão quando estiver formado.
    Bom fim de semana,
    Beijinhos,
    Mia

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    1. Isso, isso, Mia. Vamos tirar os asnos da estrada! :-)

      Beijinhos e um ótimo fim de semana para ti também.

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  3. Eu, João, daria uma excelente polícia. Se não tivesse de usar armas.
    :-)

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