31/12/2016

E o teu ano, como acaba?

A toalha de mesa de algodão que herdei dos meus avós, de um algodão grosso, muito branco, faz uns desenhos abstratos que são tão difíceis de interpretar como fáceis de encontrar em superfícies ornamentadas em casas de avós em geral. Cedo aprendi a consentir identidade a tais arabescos de padrão repetido, uma identidade aguçada pela familiaridade da sua presença tão constante, como uma história que se lê repetidamente a uma criança. Aos desenhos em padrão repetido e abstrato da toalha que herdei dos meus avós aceitei-os como se aceita por exemplo que as laranjas são cor de laranja. A toalha tem franjas que fazem um acabamento suave dos seus limites a toda a volta, como se lamentasse não continuar, não ser ainda maior, e está rota em dois lugares. As franjas distribuem-se em grupinhos formados com um nó feito às fibras junto da base, que caem, estando posta a mesa, supostamente. Apesar dos dois buracos e de estas fibras que formam as franjas já terem sofrido, em certos pontos e naturalmente, o processo de soldadura por contacto, lá entre elas, inviabilizando ideias de as endireitar e muito menos pentear, que é de tanto viverem juntas em gavetas e gavetas e gavetas quando fora de serviço, são umas boas sete décadas entre serviço e gavetas, e está quase este parágrafo a fechar, apesar disto tudo acima exposto, queria eu dizer, não tenho a mínima intenção de alhear a toalha. Trata-se completamente de património e posso dizer histórico, que o blogue é meu. Além disso constitui um desafio, vamos ver. Está rota em dois lugares, como já foi dito. Um deles o meu, lógico e fácil: ponho-lhe o prato em cima e vigio a situação para que não haja revelações da rotura. O outro lugar é mais arriscado. Também leva com um prato em cima da cedência de tecido ao espaço, mas a vigilância aí não está sob o meu controlo, de forma que das duas uma, ou nada acontece e o jantar estava tão bom!, ou o buraco é encontrado por um comensal de prato no ar e olha, a toalha está rota aqui! Esta é a parte em que levanto então também o meu, com licença, e aqui também!

E depois conto esta história toda à mesa. À mesa e aos comensais.


Quase tão velho como a toalha está este ano que acaba aqui com a mesa posta, e cheia, e espero que com os corações também cheios: de amor, de esperança, de entusiasmo. Um ano novo com muitos sucessos e momentos felizes é o que desejo a todos os que me dão o prazer da sua companhia neste blogue e que talvez não imaginem o quão importantes são para mim.

27/12/2016

Outra vez a agenda e o natal não sai

Desde que deixei o meu trabalho e comecei outro, já há vários meses, vivo muito mais feliz. A ideia, aliás, era essa, mas falta-me a dona Esmeralda. Ela servia - e serve - os almoços na cantina lá do trabalho que já não é meu. Antes do natal recorri ao meu telefone esperto para lhe ligar, vou ligar à dona Esmeralda, procurei na letra E de Esmeralda e na letra D de dona, mas ela não apareceu. Tentei umas três vezes em momentos diferentes e com percursos diferentes percorridos na lista de contactos, nada. Por estar tomada com outras tarefas natalícias, optei por escrever na minha agenda, no dia 26 de dezembro, uma nota para procurar o seu número também na agenda, quem sabe o tenha escrito aqui primeiro antes de o guardar no telefone que agora o engoliu, o dispositivo praticamente sem falhas está mas é maluco, etc. Hoje de manhã era o dia 26 e portanto, ainda antes de pegar ao trabalho, abro a agenda e sigo as instruções – “ver nº D. Esm”. Folheei-a página a página e enfiei a mão pelas bolsinhas que há a cada doze semanas, a ver de papelinhos, qualquer coisa. Quando cheguei a maio, já nos dias do fim desse belo mês das flores e eu nada de número da dona Esmeralda, vejo uns rabiscos para um post que nunca o chegou a ser e cuja musa inspiradora era precisamente ela. Tomei o tempo para os decifrar na totalidade, estão tortos, escritos à pressa, incompletos. O que eles contam, os rabiscos, é simples. Eu tinha-lhe emprestado um livro de contos, um livro chamado “Contos de Eva Luna” de Isabel Allende (a dona Esmeralda começou muito recentemente a ler livros).
- Olhe menina, já acabei o seu livro. – isto com a cantina vazia, recordo-me; eu tinha, provavelmente, ido buscar café.
- Ah sim? E então?
- Então o livro tem muitos palavrões.
Não me lembro bem do livro, já passou demasiado tempo.
- Palavrões?!... Ai tem?...
- Pois tem. E eu não sabia que os escritores diziam palavrões!
(é impossível não gostar dela)
- Eu não me lembrava dos palavrões, dona Esmeralda… - se me tivesse lembrado emprestar-lhe-ia o livro na mesma - mas isso incomodou-a?
- Aixa?! – o “aixa?!” acompanhado de um olhar cruzado por cima dos óculos, bem direito ao meu.

Não encontrei o número de telefone da dona Esmeralda em toda a agenda, incluindo nas bolsinhas. Retornei ao telefone esperto, nada na letra E, nada na letra D. Não podia estar noutra letra e eu não entendo isto. Suspiro, pego no trabalho, mas não dou a tarefa “ver nº D. Esm” por concluída.

Foi já muito depois de o sol se ter posto que o telefone tocou, o esperto. Estamos junto um do outro, pego-lhe, abro a capa da capa - como chamar à capa da capa do telefone? - abro a capa da capa e vejo que é ela, é a dona Esmeralda a ligar-me. Não acredito!, digo em voz alta (principalmente porque o telefone mostra “D. Esmeralda”, portanto tinha lá o número gravado e andava a gozar comigo desde antes do natal). Está lá?

Quis saber se estou bem, perguntou-me pela família, pelo meu novo trabalho. Disse-me que o seu natal tinha sido bom e que agora estava ali sentada, sozinha, na sua cozinha, e lembrou-se de mim. Eu contei-lhe da intenção de lhe ligar, das pesquisas nos registos, até contei que escrevi para procurar na agenda, escrevi no dia de hoje, precisamente no dia de hoje, dona Esmeralda!

Portanto temos que o espírito do natal, que primeiro não queria vir, agora não quer sair. (e, tão lindo, rimou)

(entretanto, a minha jovem filha desvendou o mistério – alguns contactos estavam gravados noutra memória do telefone, género escondidos, uma coisa muito engraçada)

22/12/2016

O batom não transfere e a panela sumiu

O arranque frequente da bomba de água do prédio voltou ao espetro audível e eu não durmo mais. Cinco horas de sono não me chegam para o que eu quero, mas há o café. Levanto-me sem tonturas, faço subir manualmente o estore da janela e oiço os ruídos que as minhas filhas já disseminam pela casa. Vou fazer o café desejado, agora tenho escrito muito sobre café porque não posso escrever sobre chá, regresso à cama para o que me apraz desde que ficava em casa a aconchegar pneumonias, a ler e mais nada. Agora é mais o café. No rádio passa uma música perfeita que sei depois ser de Paganini, o livro cai-me que nem ginjas, está este um momento no topo dos momentos, quando me chega aos ouvidos uma discussão que vem da sala. As minhas filhas estão zangadas, uma fala alto, indignada, com a outra. Reconheço as vozes, a mais nova está mais acesa, a mais velha mais passiva. Não distingo uma palavra do que dizem, tenho sorte. Tento concentrar-me na leitura, mas a discussão diz que não. Sou mãe. O motivo é sempre o mesmo, uma camisola da outra que uma vestiu e as calças tu também vestiste e deixaste ali e eu queria as botas e tu tinhas levado as minhas botas e esse batom é meu, que não sai nem transfere e tem brilho mate mas pode ser glossy se quisermos, é assim que se zangam as minhas filhas. Que o batom não transfere aprendi esta semana, o que não é o mesmo que ser intransmissível, como se compreenderá, e que será mais do que suficiente, a intransmissibilidade do batom, para as vozes alteadas na sala.
Fecho o livro e vou tomar duche. Ouvi-las discutir é envelhecer mais depressa, é encurtar a vida (mas elas não sabem). No duche lembro-me que tenho de telefonar à minha irmã para lhe dizer que não posso levar a panela das couves para o natal em casa dela. A panela sumiu da arrecadação, talvez tenha tomado as rédeas à própria vida, era panela usada apenas nos natais dos anos pares por complexidades da minha imensa e vasta família, era panela para eu, bem dobradinha, caber dentro, e entre dois mil e catorze e dois mil e dezasseis sumiu-se a panela, ter-se-á fartado de conviver com bichos derivados de insetos no escuro, com móveis a morrer e a caixa da árvore de natal que essa sai nos anos pares e nos ímpares, com as bicicletas que nunca saem, com os restos de tinta de pintar os quartos, a tinta já secou e eu não sei como se deitam fora as tintas, e coisas assim. Tudo muito triste para uma panela. Fecho a torneira da água quente manualmente, pouso o telefone do chuveiro no apoio próprio, na minha família chama-se telefone àquilo e talvez esteja certo, e entra o silêncio na casa de banho. A discussão, que bom, lá terminou.

16/12/2016

Criptografia caseira (praticamente a cheirar a bolos)

De repente, ao pousar no prato os talheres do jantar, lembrei-me que o prazo de pagamento de um dos meus impostos anuais devia estar a finar-se. Jesus. Dei um salto da cadeira e corri para o computador, entrei no sítio da internet do pagamento de impostos anuais, de ecrã em ecrã navegando até esbarrar com o pedido para introduzir o meu número de contribuinte e a palavra passe. Como as minhas visitas a este sítio na internet não são assim tão tão tão frequentes, hesito sempre a pensar na palavra passe, ai qual é qual é, não, eu não uso a mesma palavra passe para todas as situações, uso sim variações de uma palavra passe central, o que pode tornar a situação mais nebulosa, e torna, por isso é que sofro estas hesitações, e tap tap tap, escrevi os dígitos à velocidade certa, para ajudar, a ver… o objetozinho gráfico a rodar no ecrã como quem pensa naquilo e depois, bingo! estava correta. Aliás costuma estar correta, na verdade, mas eu tenho sempre receio, porque no antigamente, quando visitava ainda menos frequentemente este sítio, ocorria esquecer-me da palavra passe e então era pedir nova senha (senha é o mesmo que palavra passe, mas escreve-se mais depressa), que era enviada como se de código ultra secreto se tratasse, pelo correio postal, imensos dias, e isso – quando se está à beira do finar do prazo - pode não ser amigável para o contribuinte. E então tive uma ideia completamente brilhante e única: vou escrever esta mnham mnham mhnam desta senha num localzinho sem ninguém saber qual é. E qual é? Pensei, pensei. A minha agenda, claro! where else? É tão linda a minha agenda e ninguém a poderá encontrar porque ela é só minha e, mesmo que encontre, o pior que pode acontecer é esse alguém querer pagar os impostos por mim e isso ok está bem.

E onde na minha agenda? Pensei outra vez, pensei, pensei. Tem muitas páginas, mas o melhor é o dia do meu aniversário, ninguém iria desconfiar. Pode não parecer, mas eu gosto muito da minha agenda, peguei nela e apeteceu-me logo tirar-lhe uma fotografia, mas primeiro procuro o meu mês… Depois o meu dia. E olha, vejo uma coisinha lá escrita nesse dia, só uma coisinha. Foco os olhos, que é o mesmo que dizer afasto um bocadinho a agenda deles (acontece muito nesta idade): e a coisinha é, jesuuuuus, a palavra passe!!! Precisamente a palavra passe,  aquela minha palavra passe!… 

......

E agora? Como acabar este post? Agora que sei que me repito perigosamente nas mais secretas rotinas do pensamento e da minha própria criptografia caseira? Como? Com a minha agenda?


Não, com a fotografia dela. Pronto.


(quis ficar assim, deitada, e eu deixei)

14/12/2016

Ou eu não percebi o espírito natalício ou as mulheres são más mas é para os homens

Ao final da manhã de hoje, eu sossegada em casa, a trabalhar, entra a minha filha Saminhas, que é a mais nova e muito enérgica, enfia a cabeça na sala onde estou e dispara, olá mãe, posso levar um pacote de massa para o almoço em casa da Maria?
- Olá, querida, podes. – hoje havia almoço em casa da Maria.
- Trago de volta o que sobrar.
- Não é preciso!…


À hora do jantar, agora todas em casa, defronte dos lombos de salmão au alecrim com puré de batata verdadeira e couves de Bruxelas, tudo preparado por Muzi, a mais velha, lança a enérgica Saminhas:
- Ai adorei o meu dia hoje, foi tããããão bom!!!!!
Já estamos habituadas a estas manifestações de felicidade de Saminhas e eu lembrei-me do almoço em casa da Maria.
- Então? Correu bem o almoço?
- Simmm!!! Correu!!!! Mas gastámos a massa toda, mãe, éramos cinco.
-  Claro, filha, obviamente. E quem eram os cinco? - conheço, na generalidade, os amigos das minhas filhas.
-  As duas Joanas, a Maria, o Pedro e eu. Foi tããão bommmmm, estivemos a conversar imenso!, ali, no espírito do Natal, ao pé da árvore e das luzes!…  
- E sobre que falaram vocês, ali, no espírito do Natal? – nem sempre as minhas perguntas têm resposta, mas eu tento.
- Falámos de imensas coisas… bem… o Pedro contou-nos as classificações que os rapazes da turma nos deram…
- Classificações?!
- Sim, de zero a dez. Eu tive um seis! – e mostra-se toda sorridente e feliz.
- Um seis???? Tu mereces um dezasseis!!! – eu considero as minhas filhas o top, I can’t help.
- Mãe, é até dez. E eu acho que seis é muito bom!
- É pouco, mereces mais…  E as outras meninas?
- As Joanas tiveram uma sete e a outra oito, mas elas são mesmo lindas, mãe… Mas a Maria teve um cinco…
- Oh… - gosto especialmente da Maria, também por ser a que conheço melhor - então e o Pedro, não foi classificado por vocês?
- Bem… como é evidente nós não perdemos tempo com essas coisinhas menores…. portanto só nos debruçámos hoje sobre esse assunto e resolvemos classificar o Pedro, mesmo ali à frente dele.
- Ah, bom. E então?...
- Primeiro tivemos de o dividir em dois: corpo e cabeça, senão não dava. Isto tinha de ser a sério.
- Ah… e?
- De corpo teve um sete/oito.
- Ena! E de cabeça?
- Três e meio.

(grande espírito natalício: este miúdo merece de certeza mais - é dos melhores alunos da turma e ajuda os restantes nas dificuldades...)

09/12/2016

Assim assim

Por causa das minhas filhas, lavei o cabelo assim assim e há imenso tempo que não usava a expressão assim assim. Elas roubam-me coisas. Por exemplo utensílios de beleza (já lá vamos, é um momento), com os quais me esforço para potenciar a dose que me coube no momento da distribuição pela mãe natureza, e outros produtos mais ou menos químicos também de beleza (prometo), incluindo o conteúdo do frasco de shampoo (do meu shampoo, que elas têm outro). Portanto eu de manhã estou no chuveiro e pego, viro o frasco ao contrário, espremo espremo e depois sai um bocado de ar e uma nozinha do produto mais ou menos químico para o fim sabido. Por isso ficou o meu cabelo assim assim.

Quanto à beleza, a situação baliza-se como segue: a minha filhinha mais nova, que não recorre a artifícios de linguagem a menos que lhe interesse muito muito, aos quatro anos de idade diz-me assim, ai mãe tu és tão linda, tu és mais linda que as bruxas! Mais tarde acrescentou (para esclarecer):

- Eu ia dizer “mais linda que as princesas” mas depois pensei que não era preciso exagerar.


Relativamente aos roubos, não sei que fazer, acho que ficamos assim. Assim assim, aliás.

Podia ser tu e eu

Hoje acordei toda triste. Levantei-me e fui logo à cozinha abrir o dia. A janela está embaciada e até escorre, não se vê bem a rua nem o rio se vê bem, nem os carros nem as árvores se veem bem. Veem deixou de ter acento no primeiro e, o que dá muito mais jeito para escrever. Os acentos são como buracos na estrada, o veículo em vez de avançar vai abaixo e volta acima, pum pum, e isso é perdas. A panela de sopa que fiz ontem à noite estava ali, meti-a no frigorífico. Depois fiz café. Fazer café é tão bom, às vezes penso assim, faço café e depois tocam à campainha. Vou abrir a porta e digo acabei de fazer café. E ficamos ali, a pessoa e eu, podia ser sabes o quê? podia ser tu e eu, a tomar café e a viver isto, a falar a vida, a saboreá-la inteira, simplesmente, este momento em comum. O aroma está a sair por todo o lado, a cafeteira fumega e a máquina da loiça, vejo agora, por descarregar. Descarrego-a praticamente toda no tempo do café correr. E só depois notei que já tinhas saído.

(não sei onde anda o natal, este ano ainda não apareceu)

01/12/2016

E sai mais um post fofinho

Dizem que é para ter autoconfiança. Eu não vou dissertar o que há a dissertar sobre os outros dizerem: tenha autoconfiança. Do tipo conselho. A intenção é boa, claro, de modo que vá, não dissertando nada, faço agulha uns graus à minha esquerda, para onde ela está sentada. Estamos na sessão do curso que andamos a fazer, ela, eu e mais pessoas, e estamos na pior sessão de formação a que já me foi dado assistir. Tão má que achei, à cabeça, que era aquilo a brincar. 

A minha colega, esta que está à minha esquerda, mais assertiva do que eu que já estou a entediar-me e a indignar-me com a sessão medíocre e hesito entre dizer já ou dizer depois que a sessão é medíocre, está segurando com ambas as mãos muito bem arranjadas o seu telefone esperto a uns centímetros – acho que uns dez centímetros – acima da mesa de fórmica da fria sala de formação. Vai pondo a escrita de mensagens em dia: entre mensagens rápidas, o seu dedo corre a lista geral, a cada linha uma fotografia associada, ou então aquele desenho padrão de recorte de cabeça sem cabelo para quem foto não tem, vejo pelo canto do olho isto e o correr de mensagens, mas enfim, tento espremer a sessão a ver se dali tiro alguma coisa, lembro-me de quanto paguei para aqui estar, e concentro-me na muito pobre formadora. Mas de repente a minha colega espirra violentamente, o telefone cai em cima da mesa catapabum! e eu dou um salto. Este ar condicionado é realmente muito forte, também eu teria frio não fosse estar dentro do casaco.

- Ai… desculpa – na sequência do meu salto.
- Não faz mal, saúde. – e olho de novo para o telefone, que já regressou às suas mãos, acima do nível da mesa, a lista de mensagens agora quietinha. E então, sem querer, os meus olhos leem o nome que está junto à fotografia de homem jovem, óculos escuros, sorridente, céu azul por trás, é a fotografia com mais ocorrências na lista, aliás quase todas as ocorrências da lista: “Mor”.

Desviei os olhos num instante para não prolongar a invasão ainda que não intencional e antes que um sorriso me denunciasse o enternecimento que deveras senti. "Mor”. 

Tanto, que deixei para dizer da porcaria da sessão depois.


(esta minha colega é das pessoas com mais entusiasmo, espírito são e atitude construtiva que me foi dado conhecer nos últimos tempos)