25/07/2017

#parecesasvelhotas

- Ó mãe, pareces as velhotas!
Trabalho muito tempo junto a uma das minhas janelas. Uma ou duas, mas mais uma. E enquanto penso – o meu trabalho requer um mergulho interno, ora agora, ora mais tarde, para pensar. Por acaso adoro. E enquanto penso, dizia eu, deixo os olhos caírem lá em baixo na rua, eles parece que pedem um alongamento destes e digo assim (hoje disse assim), olha lá vai o vizinho das luvas outra vez, tem a mesma camisola de ontem!
- Ó mãe, pareces as velhotas!
O vizinho das luvas é das-luvas porque muda os pneus furados dos seus carros calçando luva branca de algodão, que eu meti uma vez conversa para chegar perto, então vizinho teve um furo, e poder confirmar o algodão. Até contei no blogue porque achei aquilo tão giro.
- Ó filha, vê-se que é a mesma camisola por causa da cor! Eu não digo que seja mal ele usar a mesma camisola, mas com aquela cor vê-se logo e isso é o que eu digo.
Também observei da janela que ele (a cor é um rosa clarinho), ao passar por um dos seus carros – que não cabendo na garagem está na rua, todo lavadinho, estão sempre lavadinhos aqueles carros – olha muito o carro, muito o carro, e até dá uma boa meia volta em torno da viatura (para não repetir carro) a ver qualquer coisa, mas isso, da meia volta, já não disse à cachopa minha filha, para não, de novo,
- Ó mãe, pareces as velhotas!
E pareço, por acaso pareço.

Mas não sou, se fosse #nãotinhaumamodernicedestasnofimdumpostnemnotítulopoisnão?

(próximo post pode bem ser: E tu, já tens o teu próprio #[oteupróprio] ?)

28 comentários:

  1. um post mesmo fofinho, como diz uma bloguer (não sei se é assim que se escreve e diz) que eu gosto muito :)

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    1. Olha que "bloguer" fica bem assim, ana. Muito mais à portuguesa.
      E essa tal bloguer de que falas é pessoa para retribuir o sentimento, é, é.

      Agora o post fofinho é que já não sei... alcoviteiro, isso talvez... :-)

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    2. talvez bloguer seja francês, je blogue, tu blogues....

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    3. ... il blogue, nous bolguons, vous bloguez, ils bloguent.

      É francês, pois é, olha que giro.

      :-)

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  2. Esse primeiro parágrafo lembrou-me imediatamente de «Viagens na Minha Terra» do Garrett, que é um livro que não gosto. Mas, de ti, gosto. Boa pessoa como não há. E fische. Tens um lugar reservado lá no Paraíso, ou para onde é que vão os mortos que fizeram o bem. Tens, tens.

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    1. Também não gostei nada desse livro, aind ao disse às minhas filhas ontem, curiosamente. Só me lembro duma aborrecida Joaninha dos olhos verdes e uma janela, muito pó... e muito bocejo meu. Mas eu não gosto de livros de viagens no geral. Viagens é para se ir lá, não para ler sobre. (para mim)
      Obrigada pelas tuas palavras, Diogo, quem me dera merecê-las.
      Na verdade, já tenho tido uns paraísos aqui mesmo, na minha vida normal, portanto as contas irão provavelmente saldadas. :-)
      E também eu te estimo.

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    2. É como ouvir concertos no rádio ou no leitor de mp3. Não dá, não é? :) Concertos é para se ver/ouvir, ali, no local.

      Deus, além de todas as qualidades conhecidas, também é generoso.

      RESERVADO! :)

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    3. Precisamente, Diogo. Concerto é ao vivo. Se possível, claro.

      :-)

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  3. É um post amoroso, sim senhora. Também trabalho mais ou menos a uma janela. Mas vejo quase nada da rua. Penso que não haja vizinhos de luva branca a mudar pneus. Mas é capaz de alguns darem meia volta a mirar o veículo.
    Hummm...chamam-me velha por outros motivos. Mas têm razão, sou e estou velha. Com algum prazer, fora o desprazer que é a velhice de quase tudo a falhar-nos no corpo que emparvece. Portanto...pode sempre dizer às suas meninas que parecer velha não é tão mau. Ser é que é fenómeno sem apêlo.

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    1. Mas amoroso, como, bea? O post é um alcoviteiro disfarçado de fofinho, isso sim. :-)

      As minhas filhas eram ainda pequenas e tinha eu feito 40 anos há pouco tempo. E disse-lhes, a brincar, ao jantar, a propósito de qualquer coisa não sei o quê, que a mãe delas (eu) estava gorda e velha (a brincar, repito)...
      Ficaram ambas muito sérias a avaliar a veracidade das minhas palavras e saem-se com esta: "Gorda não estás..."
      :-) isso é que foi amoroso, não foi?

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  4. :)
    #paralácaminhamos #paravelhotas #ninguémescapa mas depois arranjamos #estasmodernices e #seremosvelhotasfelizes

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    1. Ai luisa, que esta coleção de "hash tags" é maravilhosa!

      (a tua criatividade melhora a cada dia, ou é da minha vista?)

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    2. mesmo sendo já um expoente da blogosfera, era o que eu queria dizer, luisa. :-)

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  5. E eu lembro-me desse post do vizinho das luvas, e concordo, em parte, com o Diogo, fazendo as separações de parte, ao ler-te não me lembrei de "Viagens na Minha Terra", mas também não gostei do livro, talvez se o lesse agora mudasse de opinião, não sei, não me apetece essa releitura, a parte com a qual concordo totalmente é com esta "Boa pessoa" e ainda bem que tenho hipótese de discordar da parte "como não há", felizmente há, mas, já agora, para abraçar um pouco o tema do post, posso dar o exemplo da minha avó, já morreu, é certo, com oitenta e oito anos, vês, sem dúvida uma velhota com a qual estou a comparar-te, é por ela e por outras pessoas que queria muito que isso do Paraíso não fosse uma grande mentira, e agora quanto a esta parte, "Mas, de ti, gosto.", e de ti, eu? Pois claro que também gosto, então não sabes? E tens, tens, se existir Paraíso, terás um lugar lá reservado.

    (peço Desculpa ao Diogo por ter pegado no comentário dele para fazer o meu, mas é que li este post e queria mesmo dizer qualquer coisa sobre, mas não sabia o quê, e foi o comentário do Diogo que me fez saber o que, afinal, queria dizer)

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    1. Ó Cláudia, em primeiro lugar, estou em crer que o Diogo aprecia a conversa, e conversar contigo é sempre um prazer. A propósito, em resposta àquilo das tertúlias do teu comentário anterior, olha que nós, aqui, estamos quase a roçar uma coisa dessas, não crês?
      (este "não crês?" deve ser de andar a ler Agustina)
      Somos portanto aqui, de repente, três não-amantes das Viagens na Terra dele, do Almeida Garrett; sobre essas não tertuliaremos.
      Obrigada, Cláudia; tomara eu ser essa pessoa boa. Talvez lá consiga chegar um dia, pelo menos tentar tento. :-)

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    2. Geralmente tenho alguma dificuldade em desbloquear conversa, sair da folha branca. Mas ainda bem que o meu comentário provocou este desbloqueio, e logo num outro de elogio à Susana, que bem merece. Mas, Cláudia, nem só o excelente é, e espero não me repetir, excelente. :)

      Quem aprecia a excelência, é-o também.

      Pensava que era o único português a não gostar da obra do Garrett. Temos de tertuliar sobre, errrm, Agustina! Nessa, todos de acordo, certo?

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    3. Adoraria tertuliar sobre o pouco que li de Agustina, Diogo, adoraria, é que, precisamente, gosto muito de saber a opinião das pessoas para lá dos consensos, para lá do "todos de acordo, certo?", percebe-me? Vamos ver se acontece por aqui essa tertúlia :-).

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    4. Agustina, sim, acho que tem muito para se tertuliar, mas já agora deixem-me lá avançar mais um bocadinho na trama, que é bem enredada, muito pitoresca, coisa séria.

      "Quem aprecia a excelência, é-o também" - de acordo. O Herman Hesse (já citei isto imensas vezes) dizia com outras palavras: "vemos nos outros o que há em nós". Muito acertados os dois.

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    5. Tenho vários livros da Agustina, mas ainda lhe li pouco também, infelizmente. Até «inimigos» tenho que li mais das suas obras. Não sei em que moldes decorrerá essa tertúlia. Mas giro, era.

      Penso que essa frase de Hesse tem um significado bem mais oculto do que à primeira se lê, Susana. Mas isto é o que leio; às tantas, o homem, quando a escreveu-pensou, não estava nada oculto... eheh.

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    6. As frases dos outros podem até ter saído de um sentir diferente do nosso, mais ou menos oculto, verdade, mas que esta do Hesse tenho visto confirmada por aí alinhada com a minha interpretação, ai tenho. :-)

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  6. :)

    (entretanto lembrei-me que quando gosto de uma peça de roupa às vezes compro parecida ou igual, para uma vizinha atenta poderá parecer que eu estou a sair com o mesmo vestido que ontem, mas é outro...embora igual :)

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    1. Ah... Gábi, mas isso foi o que a minha filha disse: Ó mãe, se calhar ele tem duas iguais!
      E pode ser que sim, embora aquela seja uma cor, enfim, um bocado, como dizer, fraquita. :-)

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  7. Lembrei-me disto:

    https://scontent.fopo2-2.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/15589540_358309224541314_895647435690491912_n.png?oh=efd0a2cf7f4d0288a01b85c0e647da91&oe=59FF56CB


    ;)))))))))))

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    1. Maravilhoso!
      A vida, no Brasil, deve ser muito... pulsante, pelo menos em certos locais.
      Dá vontade de lá ir passar uma temporada e sentir esse pulsar na pele, não dá? :-)

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  8. À medida que envelhecemos fazemos coisas que nos pareciam impensáveis antes e até o jeito de falar muda...eu que sempre embirrei com a minha mãe falar ao telefone de olhos fechados, não é que de quando em quando lá estou eu a fechá-los também?!
    ~CC~

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    1. Mas fechar os olhos enquanto se fala ao telefone, ajuda a ouvir melhor. :-)
      Eu também faço isso mas não a conduzir. (a conduzir é que aproveito para telefonar, dá muito jeito - com os dispositivos em conformidade com as regras, evidentemente).
      :-)

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  9. #encarquilhadinhasefelizes assim se querem as velhas. Lamento desiludir-te, susana, mas ainda tens que comer muita sopa para lá chegar. O interesse pela vida alheia não é exclusivo das velhas se assim fosse não existiam escritores.

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    1. Digamos que #especialmenteofelizes
      (que eu ainda espalho cremezinho no rosto para tentar manter o menor encarquilhamento possível - claro que não resulta nada, mas continuarei, evidentemente)
      Mas essa nota final sobre os escritores é que resultou: abriu-se-me um sorriso todo aliviado, Tétisq. :-)

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