Saí para a rua com o guarda-chuva (sai um guarda-chuva) de
recurso. O guarda-chuva de recurso é verde, feio, grande e torto. O feio vem de
ser verde, obviamente, o grande vem de origem e o torto das intempéries a que tem
sido sujeito quando os guarda-chuvas efetivos desaparecem todos misteriosamente (é o caso).
Não satisfeito com isto, o guarda-chuva de recurso ainda compreende uma pega completamente
user-not-friendly-at-all. Isto quer
dizer alguma coisa. Quer dizer que devido à sua forma cilíndrica, não se
consegue pendurar o dispositivo (para não repetir guarda-chuva) em lugar nenhum:
a pega ocupa por isso uma mão inteira. Mas como tinha logo hoje de ir comprar
um esquentador novo, eu fui. Eu e o guarda-chuva. Entrámos na loja dos
eletrodomésticos e eu disse quero um esquentador se faz favor. Durante toda a discussão
relativa às potencialidades dos esquentadores que ali estavam disponíveis e a
subsequente tomada de decisão sobre qual deles levar para casa, o guarda-chuva
manteve-se a ocupar-me toda uma mão. E para proceder ao pagamento? Aí, o guarda-chuva
encostou-se entre a caixa de um aquecedor a óleo e o balcão, sem escorregar
pelo chão fora como ele costuma sempre fazer, ou seja até aqui tudo bem. Ora uma pessoa como eu não vai assim para casa sem mais nem menos após comprar
um esquentador novo, uma pessoa como eu vai ainda tomar um cafezinho no cafezinho preferido
dela. Se calhar é melhor explicar que o esquentador ficou na loja; ele vai
depois lá ter com o instalador, isso está prometido. E voltamos ao café onde está então uma pessoa como eu a
tomar um ao balcão. Não dispondo porém este balcão de meios para amparar o
guarda-chuva verde feio grande e torto sem escorregar por todo o lado, teve a
pessoa que acionar o plano B e o plano B consistiu em prender o objeto (para
não repetir guarda-chuva) entre as pernas na parte em que precisou de fazer uso
de ambas as mãos no manuseamento da carteira para proceder ao pagamento do café.
Ora o friozinho da água da chuva que ainda se encontra agarrada ao tal objeto, chegou-se
às pernas da pessoa e a pessoa o que fez? A pessoa claro que espirrou!
Portanto vamos já diretamente para a loja do chinês onde se
vendem também, para além de pregos, escadotes, quadros em cortiça, alguidares, ganchos
para o cabelo, telas para pintar quadros muito bonitos (mas desconjuntam-se, as
telas desconjuntam-se quando a pessoa as tenta enfiar no carro, ouvi dizer), brincos,
capas de plástico e caixas de todos os tamanhos que não se sabe para que
servem, fones de várias cores, pijamas, sandálias, tesouras, malas de viagem,
umas coisinhas brilhantes que também não se sabe para que servem, isto só para dar
um ou dois exemplozinhos, onde se vendem também, evidentemente, guarda-chuvas. Pequeninos,
enfiados neles próprios, com capinha de proteção a condizer, e atenção!, botão de
abrir e fechar automaticamente! A cereja no topo do bolo é, pois claro, a
fitinha de pendurar no pulso, muito jeitosa, tudo por uma meia-duzinha de euros e ainda com direito à demonstração, pelo próprio
chinês dono da própria loja, do funcionamento do sistema de abrir e fechar automaticamente.
Pá, quer dizer, está comprado.
tu...tu...tu...chamaste mesmo feia à cor verde, a minha-mais-que-tudo no reino das cores desde a mais tenra infância? À imensa paleta de verdes, dignos, majestosos?
ResponderEliminar(posso desejar com absoluta veemência que percas os teus próximos 429 chapéus de chuva e apanhes imensas molhas, posso?)
:P
podes sim, pois podes. :-) que eu fico mas é contente por viver até aos 150 anos - que deve ser mais ou menos o tempo de perder tanto chapéu de chuva e apanhar molhas inúmeras!
Eliminarbem, vamos lá.... há verdes e verdes. o verde do chapéu de chuva é cor de veneno, faz doer os olhos. porém há verdes lindos por aí, estão em todo o lado e eu uso alguns (confesso). Mas sou mais de vermelhos, azuis. Hoje, contudo, estou de branco, também gosto muito. :-)
eu cá uso um que foi abandonado... durante meses esteve no mesmo local à espera de ser lembrado pelo dono, mas certo dia a chuva era tanta que o pedi emprestado e me foi "oferecido".
ResponderEliminaruma beleza de chapéu... da altura de uma bengala mas sem a tradicional curvatura do cabo, de diâmetro bem largo ao ponto de quase servir de chapéu de sol de praia!
um mimo.... e em verde seco mas escuro... da cor da folha de oliveira do lado que sorri para o sol!
Ou seja, no fundo no fundo existe uma rede paralela e obscura de chapéus de chuva: os que desaparecem de um lado aparecem noutro qualquer para alguém os continuar a usar, como se atravessassem - como é que se chama aquilo... "wormholes"!
EliminarAqui o termo "obscura" deve-se apenas ao facto de em dias de chapéus de chuva normalmente não fazer muito sol...
Boa semana, il. :-)
ou então piratas com um saque repleto de chapéus de chuva!
EliminarCheguei a comprar lá um que logo ao sair da loja se partiu todo. Eu queria é saber quem vende guarda chuvas sem ser nas lojas chinesas pois desses este ano já lá vão três.
ResponderEliminar~CC~
Isso aconteceu-me com ganchos de cabelo para as minhas filhas quando eram pequenas e adoravam comprar ganchos de cabelo (tinham joaninhas, golfinhos, patinhos). Cheguei a voltar atrás, à loja, para os trocar, e eles trocavam na boa, mas os novos ganchos tornavam a estragar-se dentro dos cinco minutos seguintes... deviam ser aparentados com esses seus guarda-chuvas, CC :-)
EliminarMas por acaso o meu último guarda-chuva comprado numa dessas lojas durou anos. (até ser "roubado", lá está)
Uma boa semana, CC.