15/01/2019

As bactérias do terceiro

Com o aroma a robalos no forno agarrado ao cabelo, não gosto (de nada) mas não tenho opção, ele vem e fica. Geralmente, agarro todos os cheiros criados no forno com o cabelo. Às vezes é bolo de chocolate. Contudo, é preciso dizer que os robalos não têm culpa de nada e fizeram a sua parte, estavam - afirmo - supremos. No último naco de robalo que meti à boca ainda me ocorreu que aquilo já sabia mas era a uma sobremesa e das boas, o naco.

Mudando de assunto mas não muito, no domingo de manhã a minha vizinha do terceiro e eu saímos do prédio debaixo de um sol radioso, todo refletido em cada flor, em cada janela, em cada criança a correr, em cada ladrar de cão, em cada peça de roupa estendida. se houvesse alguma à vista. Ora quando nos encontramos num banho de sol assim, em pleno janeiro, ou noutro lado qualquer, parece que nos sentimos a pairar num bem-estar que se nos mete pelo casaco adentro, nos impele a uma tirada de inspiração funda e a seguir nos faz exclamar que dia tão bonito!

- E com este solinho a roupa seca que é uma beleza! - eu tenho uma relação feliz com o ciclo da roupa, relação passível de ser potenciada por um dia de sol como este, e portanto motivadora de tema a partilhar com a minha vizinha.
- Mesmo assim, não vejo maneira de tirar aquele cheiro que a roupa cria quando demora a secar, sabe, se o tempo está húmido... lavo e lavo e as camisolas mais grossas ficam na mesma... - a minha vizinha, com quem estou a ir tomar este café de domingo de manhã, partilha do mesmo problema que eu tive antes de ler um certo livro do Bill Bryson.
- Ah! E a que temperatura lava a roupa, se posso perguntar?
- A 30 ou 40 graus...
- Então lave a sessenta. Esse cheiro é das bactérias. Li num livro do Bill Bryson que as bactérias adoram procriar na roupa que fica húmida muito tempo e só morrem a sessenta graus. A menos que isso, apenas ficam mais lavadinhas, ele garante.
- A sério?!
- Eu também duvidei a princípio, mas depois experimentei. E constato de facto que as bactérias lá de casa sucumbem aos sessenta graus. As suas devem ser parecidas.
A minha vizinha riu-se e disse que ia experimentar.

Hoje de manhã recebi uma mensagem perguntando qual era mesmo a temperatura para matar as tais bactérias. Respondi de acordo com a conversa supra resumida.

De modo que amanhã, em estando de cabelo lavado (recordemos os robalos), vai ser a minha vez de enviar mensagem. Mesmo certa da resposta, perguntarei pela saúde das bactérias do terceiro. Perguntarei perguntarei.

7 comentários:

  1. Ah, ah...mas a roupa não se estraga com uma temperatura tão alta? Seja lá como for adoro conversas de vizinhos:)
    ~CC~

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    1. Sim, certa roupa é capaz de se estragar... nunca me aconteceu nas operações que empreendi de caça às bactérias :-) (também temos a alternativa de estender as peças afetadas ao sol por horas, penso que resulta bem)

      (Querida CC, os homens deslocam-se a Setúbal, mas fica-lhe mais caro devido aos custos extra de deslocação - no entanto, se pretender o contacto, escreva-me para avozasolta@gmail.com)

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    2. Obrigada. Acho que vou procurar por aqui primeiro, os vizinhos da frente (lá está, os vizinhos) estão a fazer obras e acho que vou meter conversa...
      ~CC~

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  2. Pois eu além de perguntar pelas bactérias também perguntaria pelo estado da roupa... se não for branquinha e de algodão... Hummmm! não sei, não. :)

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    1. Vou perguntar, Megg. :-)

      (mas estou confiante no resultado!)

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  3. Isso não irá, dependendo da composição da roupa, mingar?
    Eu lavei um casaco a uma temperatura superior ao devido (estava misturada e não vi) e agora...está em metade, :\

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    1. Sim, certa roupa mingará. Mas em muitos casos - os mais problemáticos - não (toalhas turcas, camisolas interiores...). Pelo menos da minha experiência é assim. :-)

      Olá Parola, bem-vinda!

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