14/07/2019

Dia de folga

Vou, pela terceira vez hoje, espetar uma agulha de ponta esterilizada na chama de um fósforo numa bolha do pé. Nesta bolha é a segunda espetada. Uma autotarefa que não me agrada fazer, mas se quero andar mais ligeira, pago o preço. De manhã correu bem, a bolha de então esvaziou, desinfetei-a completamente e pus um penso por cima, calcei os ténis, fui. O rio estava tão próprio, a encher, tranquilo, a brilhar. Uma garça real a molhar nele os pés, ali toda toda, eu a passar-lhe ao lado.
Duas horas depois, quando voltei a casa, já se notava o mundo mais agreste no pisar, mais acutilante, traduzindo-se, ao retirar as meias, em mais uma bolha ali, afinal. No outro pé! E portanto vamos lá, agulha, fósforo, chama, espetada, desinfeção, penso por cima. Mas não resultou. Horas de arrumação depois, gavetas, caixas, mais gavetas, capas dos sofás, aspirador, closet, idas ao lixo, à arrecadação, carro a arrumar na garagem (de caminho) para os vizinhos que têm três carros ou quatro poderem arrumar lá fora e eu que tenho só um carro ocupar um lugar fora deixando o meu lugar vazio na garagem não é fofinho da minha parte e ontem esqueci-me dele, a bolha, era aí que íamos chegar, a bolha está de volta!
Mas gostei imenso do meu dia. Especialmente porque não trabalhei uma única linha, uma única letra, um numerozinho, zero. Sabe tão bem uma folga.

4 comentários:

  1. conseguimos cortar o nosso próprio cabelo e damos graças por cada dia de folga que conseguimos, somos gémeas!!! :)))

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    1. E a mim chamam-me flor de vez em quando, sabias? :-)

      Que bom ter uma gémea como tu!

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  2. (Não tem nada que ver com este post, Susana, mas quero contar-te, hoje fui buscar, e vou começar a ler, "A casa na praia", para já, tem uma capa maravilhosa :-).
    Entretanto, espero que a bolha persistente tenha tirado folga de incomodar-te)

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    1. Há dias emprestei o livro, esse livro, à filha de uma amiga minha. E lembrei-me de ti, Cláudia, se já o terias começado a ler.
      O livro sugou-me totalmente (como já contei), eu praticamente perdi o controlo do tempo, não o conseguia largar, desapareci dentro das páginas dele, sei lá eu. Há séculos que não me acontecia isto... Por isso recomendo cuidado, Cláudia! :-)
      Há uma parte no início que exige muita atenção e até várias consultas à árvore genealógica que está nas primeiras páginas - é passando esta parte que o perigo começa a espreitar, agarra-te bem!
      Boa leitura! (depois conta) :-)

      (a bolha hoje deixou de doer finalmente! obrigada :-))

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