Entro com o pé direito no pequeno laboratório onde vou fazer o testezinho covid para poder regressar a Portugal, ajeito a máscara para desenfiar os pelinhos de papel que se metem no meu nariz aspirante de ares mascarados, encharco as mãos no gel oferecido à entrada e digo bom dia em holandês. Já conheço este laboratório, tem dois funcionários, embora diferentes dos das outras vezes, um na receção e outro na colheita da amostra. Dirijo-me à receção. Entrego o meu cartão de cidadão e mostro o código quê erre da marcação do teste no ecrã do telefone. A mocinha da receção, verificando os dados pessoais no meu português cartão de identificação, exclama isto: Ah! Faz anos no dia sete de setembro! Eu: Faço. Ela: Eu também! Oh, mas que coisa tão gira, digo eu, e rara, penso.
A mocinha entrega-me duas etiquetas que me diz destinarem-se ao seu colega, e manda-me entrar. Não está mais ninguém no pequeno laboratório. O técnico da colheita recebe-me cordialmente e aponta-me a cadeira, todo a cumprir o procedimento. Eu entrego-lhe as etiquetas e sento-me. O técnico aprecia-as, cola-as nos devidos lugares enquanto lhes lê o conteúdo com os meus dados e diz: Ah! Faz anos no dia sete de setembro?? Eu: Pois faço.... Ele: Eu também!
Mau. Isto já é probabilidade de menos. Então explico-lhe que a sua colega me disse exatamente isso... Ele estica o pescoço e grita para a colega a pergunta que a mim fez sem gritar. Como eu esperava, ela confirma. Somos, portanto, três, as únicas pessoas neste pequeno lugar todas nascidas no mesmo dia que não no mesmo ano, como (vai rimar) se podia perfeitamente verificar com um simples olhar. Também era melhor.
(Adenda histriónica: a probabilidade de isto que me aconteceu acontecer é, segundo os meus cálculos não renais, cerca de 0,00075%. Vai buscar.)