O homem magro, de gola à padre, aproxima-se e senta-se no lugar ao meu lado. Ainda há poucos passageiros na porta de embarque. Ao sentar-se, o homem magro faz um aceno de cabeça na minha direção à laia de cumprimento. Retribuo com outro aceno e ajeito a mochila para lhe dar espaço. Reparo então na enorme cruz, toda trabalhada, que traz pendurada ao peito presa num fio muito grosso. O fio mais grosso que já vi na minha vida. O homem magro continua a linha de comunicação comigo. Pega na enorme cruz levantando-a à frente da minha cara e diz, vou para Roma. Achando que ele estava enganado na porta, explico-lhe que este voo é para Barcelona. Eu sei, diz ele no que penso ser italiano misturado com outra coisa, mas o voo a seguir, nesta porta, irá para Roma. E continua, ainda segurando a cruz, vou ter com o Papa Francisco, trabalho no Vaticano, sou bispo. Ah, bom! digo eu. E como está a saúde do Papa Francisco?, aproveito para perguntar. Está bem, o problema é superficial, é no joelho. Dizendo isto, o bispo larga a cruz e põe a própria mão no próprio joelho não fosse eu desentender a palavra joelho, que realmente é esquisita, naquele meio-italiano. Oh, que bom, digo eu, se for só o joelho... Sim, o resto, e por dentro, diz o bispo, ele está bem.
Depois, levantando oito dedos das mãos e a seguir cinco, o bispo sorri enquanto sublinha a idade do Papa Francisco. Oitenta e cinco. Está bem.
Quando me levantei para embarcar desejei-lhe boa viagem. E ele a mim, de novo sorrindo: Arrivederci!
(Esta história, também gostaria de tê-la, na minha colecção "Histórias que acontecem por aí"...)
ResponderEliminarE, desejo, uma muito boa semana, para ti, Susana
Foi realmente uma boa história, Cláudia. Só tive pena de não ter podido continuar a conversa com o bispo. Boa semana! ☺️
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