Quando
saí do cliente já passava um bocadinho das seis horas. Abri a
porta do carro ao sol de junho, que aqueceu ali todo o ambiente por fora e por
dentro, especialmente por dentro. O casaco foi despejado sobre o banco de trás
o mais depressa possível, as mangas arregaçadas e as mãos metidas ao volante,
claro, mas só depois de espetar o dedo no botão com o AC inscrito. Senti um
alívio suave e estaladiço com pepitas de chocalhos de alegria pelo caminho de
regresso. Não tanto pelo refrescar da envolvente como pelo sossegar de uma
breve missão cumprida e alguns feriados no horizonte. Assaltou-me, ali ao
quilómetro vinte e dois, uma vontade aguda de beber uma cerveja deliciosa agarrada a um livro acabadinho de comprar na feira. Mas musiquei o habitáculo com
qualquer coisa nova respeitante a portas giratórias, uma oferta da Antena 1.
À noite virei-me para a televisão numa de já-que-aqui-chegámos e para encher com chouriços a paz habitual. Foi o suficiente para bater os olhos num anúncio de comida para gatos exibindo um prato com pedaços suculentos, cozinhados lentamente (disseram), em molho, e um garfo disposto ao lado do referido prato. Com certeza isto é capaz de serem se calhar ideias completamente espetaculares da inteligência artificial.
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