27/09/2023

Sempre o mesmo post

A esta hora da manhã, com o despertar dos elementos, devia estar a fazer a caminhada. O céu tinge-se devagarinho de azul claro e os últimos veados recolhem-se para os escuros mais escondidos da floresta de eucaliptos e alguns carvalhos, castanheiros e por vezes pinheiros. Quando, após rodar a chave na porta muito devagar para que o estalido do mecanismo não espantasse a caça, saí para o terraço, ainda vislumbrei três ou quatro a dissiparem-se na frescura com as suas pernas finas, muito elegantes, a correr. A caça mas apenas com os olhos e o espanto que sempre me sobe à cabeça de cada vez que vejo um animal daqueles. Os javalis também têm dado à costa em grandes quantidades, deixando o terreno aqui ao lado completamente revolvido. Ontem à noite, e anteontem, era toda uma família mesmo junto à casa. Punham-se em aflição quando nos aproximávamos e corriam doidos, ali muito, a fugir para vários lados ao mesmo tempo. Os javalis são um bocado desorganizados. Adoro isto imenso, mas por outro lado, a coragem para ir caminhar no escorvar do dia e da luz no meio da bicharada vai-me faltando. Portanto fico em casa a engordar mais um bocado.

Tenho então o projeto de comprar uma passadeira para ir passando o inverno (passo o termo) a fazer caminhadas sem sair do mesmo sítio e sem me rodear de barulhos no meio da vegetação, acompanhados de roncs completamente sugestivos mesmo ao pé de mim.

Mas ainda não percebi se gosto do livro que ando a ler muito depressa. É de uma autora islandesa cujo nome começa com Yrsa e o resto é uma espécie de Dvttoril£oredi§tºr. No entanto, foi exatamente por ser islandesa que me deu para isto, tenho curiosidade. Acho que a Islândia é um lugar onde nunca quererei ir, está cheio de mistérios cavernosos, tristeza, escuridão, frio e morte (talvez não devesse ter lido o Desumanização do querido Valter). O livro é supostamente do meu estilo despreferido: thriller. Por isso não sei se gosto ou se no fim chorarei os vinte e tal euros gastos na obra, comprada na Bertrand do Vasco da Gama, numa tarde de fraqueza.

E agora vou teletrabalhar, que o dia já nasceu todo.

2 comentários:

  1. Ah, ah....uma passadeira numa casa no meio do campo?! Vá lá, tem que perder o medo da bicharada:)

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    1. Estou a tentar, CC 😊.
      Mas à noite, na escuridão, os ronc ronc não são assim lá muito adoráveis de se ouvir.
      Um beijinho, querida CC.

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