Não tendo eu a
capacidade genética de ladrar, dei hoje de manhã os bons dias a um cão
desconhecido.
Caminho pela rua
e vejo à minha frente o pequeno cão branco dirigir-se a mim num trote ligeiro,
o coto de pêlo que tem no lugar da cauda faz de pêndulo invertido muito rápido,
com ângulos de cento e oitenta graus bem medidos, estou certa, e os seus olhos
pretos pareceu-me que brilhavam. Estava preso a uma trela vermelha daquelas que
esticam proporcionalmente ao entusiasmo do animal, veio aos meus pés entregar-me
um ânimo canino que me tocou os sapatos e também o coração e eu oiço a minha voz
dizer-lhe bom dia!, creio que a sorrir.
A mulher que o
acompanhava também ouviu, fez uma espécie de careta e, percebendo que a
saudação não se dirigia a ela, não me respondeu. Percebeu bem.
Aquele momento,
ao tocar-me o coração, aqueceu-me a alma, confesso, ainda que sob admiração.
E foi o que me
valeu até ao meio dia.
Hora em que,
sucumbindo ao frio, liguei, no meu local de trabalho, o aquecimento no máximo.
Devo estar
doente. Ou então não estamos quase em junho.
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