Mesmo reunindo muita vontade, não encontro poesia em mensagens publicitárias nenhumas. As promoções anunciadas fazem-me sentir só no mundo. Precisava de poesia ali para me alegrar, mas setenta por cento de desconto liquidação total de inverno é o quê? um empurrão para gastar o dinheiro que não gastaria na ausência de mensagem publicitária. No ponto em que as pessoas andam, acho mal. Não devia haver descontos nenhuns, preços bem feitinhos era desde o início da época e depois poupança em mensagens perniciosas e as pessoas poupança em compras de que podem prescindir; caso contrário lá vem a inflação a crescer a crescer e a gente nunca mais se endireita. Quando eu for ministra de uma coisa, vou acabar com isto. Desculpem lá.
Por outro lado, penso que se entrasse numa poesia inteira, voltamos a dar um salto à poesia, se faz favor, se eu entrasse numa poesia inteira, podia perder-me (mantenho sempre um pé de fora). Sei bem que há versos que encerram tempestades e ventos perigosos, ou paixões que me podiam apanhar de repente sentada num unicórnio e isso dá um medo e depois: alguém me indica a saída?
Portanto oscilo entre o ódio ao estímulo ao consumo desnecessário e o medo de ser engolida por um poema do qual não conseguirei depois sair. Entre uma coisa e outra vou escrevendo textos absolutamente desnecessários como este (mas lá em cima já pedi desculpa).
Um bom fim de semana. Isso sim.
Não há que ter medo de estar sentada num unicórnio. Garanto-te :)
ResponderEliminarBeijinho Susaninha!
Só não terei medo, se te encontrar lá a galopar num outro... acho que um verdadeiro unicórnio sabe galopar... :-)
EliminarBeijinhos, querida ana.
Apesar de tudo, dentro de um poema ainda vai sendo dos melhores sítios para se estar perdida.
ResponderEliminarE quando é um poema daqueles que se nos instala na alma, passeamo-nos nele quem sabe o resto da vida. Porque nele nos encontramos tanto. :-)
EliminarQuerida Cuca.
Antes voar num unicórnio, perdermo-nos num poema repleto de palavras mágicas do que na magia de um chamariz para o desnecessário.
ResponderEliminarNem mais, GM. E quem precisa de se entreter com o desnecessário quando já voou num unicórnio?!
Eliminar(saber que unicórnios têm asas descansa-me bastante, aliás) :-)
Havia aquele poeta o Fernando Pessoa que fazia boa publicidade no tempo dele e o artista Andy Warhol, acho que americano.
ResponderEliminarMas ao Fernando Pessoa perdoa-se toda a publicidade que ele tenha feito. E ao Andy Warhol também (sim, americano).
EliminarCom a publicidade, consumimos. Com a poesia, consumamo-nos.
ResponderEliminarUm beijinho, querida Susana :)
Querida Miss Smile, e se não te acautelas, estás aqui estás a fazer poesia. Quer dizer, já fizeste. :-)
EliminarUm outro beijinho, na volta do poema.
um poema de Luiza Nilo Nunes, acabado de colher na Enfermaria 6,
ResponderEliminar«Uma flor selvagem
ou uma subtilíssima rosa de terror a enlaçar-nos o tornozelo
como uma estrela felina
um cordão de sangue subitamente desatado
a empurrar-nos gota a gota contra o verso transbordante
a afiar-nos as navalhas
a compelir-nos docilmente sobre o esforço de cair
Ou o nome,
apenas o nome original
o nome incendiário por entre as vozes ascendentes das mulheres
esquerdinas
e os plátanos dos palácios incendiados
e leopardos que brilhavam ao redor da madrugada»
um abraço, querida Susana.
Querida flor, já te tinha sentido a falta.
EliminarMuito obrigada pelo poema. Ufa, este é dos difíceis, mas pelo menos percebo que não serei a única a cair para dentro de poemas... (ou mais precisamente a ter medo de cair).
Outra abraço, querida flor.
Tudo tem o seu lugar. Os publicitários têm de publicitar. Os poetas têm de sonhar. Certos bloggers têm a arte necessária para viajar em unicórnios. Outros contentam-se em seguir-lhes a viagem à distância de um clique. :)
ResponderEliminarHá lugar para tudo, é verdade. E para nos encantarmos com os comentários de quem nos lê, também. Que palavras amigas, luisa.
EliminarMuito obrigada. Bom domingo, espero que com Passeio. :-)
Pode ser que o poema seja bulímico -- nesse caso, estás safa!
ResponderEliminar(um comentário nojento, bem sei. sorry!)
Carla, o comentário é hilariante!!! Tu sim, fazes poesia (e que poesia)! E olha que o chamar pelo gregório é algo muito natural, nada nojento. :-) (ainda me estou a rir, lindo...)
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