Trouxe-a, então, para a serra e, com cuidados, deitei-a num vaso que tinha a terra seca, ervitas indecisas, pedrinhas ao acaso e um ou outro projeto falhado de teia de aranha. Aliás, agora já em pleno verão crescido, deve notar-se que me admiram as aranhas na sua tenacidade para a produção de teias em dois mil e dezasseis. A roupa seca no estendal em meia hora por estes dias mas, ao apanhá-la, já se podem apreciar entre uma calça e um lencinho uma mão cheia dos fios de fabrico aracnídeo, parece impossível. Por causa disto, ontem tomei duche com duas aranhas a trepar pelos azulejos da casa de banho, em fuga aflita, teto salva-me!, e fingi que não as vi. Mas voltemos à batata doce. Já não me passava pela cabeça comer-lhe a ausência de glúten por causa das suas vontades de germinar assim: as folhinhas até as fotografei, como já disse. Portanto deitei-a no vaso, toma lá uma caminha seca, ficas aí mais de fora que de dentro, a olhar o vale, a ver passar os pássaros, talvez eles gostam de ti. E abandonei-a ali, tornei a Lisboa sem ela. Quando à serra voltei, há dias, tudo praticamente na mesma: os pássaros nada, não lhe quiseram a doçura sem-glúten, a terra seca com coisinhas secas, a batata doce um nadinha mais germinada, é certo, mas só um nadinha e num esforço evidente, uma dificuldade (pareceu-me triste). Uma bela manhã, com licença, vou mas é tratar de ti. Deitei meia saca de terra comprada no supermercado (como se ali não houvesse), terra preta, pesada, cheia, nutritiva, uma pode dizer-se terra-mãe e, com o regador metálico, muito bonito, fiz o que faltava, dei-lhe de beber. Nesse dia e no seguinte e nos outros dias, aguinha pela manhã.
Resultados (garantidos em menos de uma semana): até dá gosto. Embora sem glúten.
Tenho uma dessas, que fui encontrar esquecida no cesto das batatas já toda germinada. Enfiei-a num vaso mas, para refrescá-la - que isto é verão mesmo - só lhe deito água. Nada de terra. Ela dá-se bem e derrama-me longas hastes de folhas viçosas pelo móvel - onde a coloquei - abaixo. :)
ResponderEliminarsomos então duas a fazer batatas doces felizes :-)
Eliminar(a rapidez com que nascem e crescem as folhas é que me admira)
também finjo que não vejo várias aranhas escondidas nos cantos, desde que conheço a aranha da flor, elas têm novo estatuto cá em casa...
ResponderEliminararanha da flor?... ah!! A aranha DA flor!!
Eliminar:-)
precisamente, ana, precisamente.
sim, a Milu :)
Eliminara minha mãe faz como a Luísa, coloca a batata na água e deixa a vida acontecer se interferir mais, quer dizer a planta continua a ter direito a 2 dedos de conversa de vez em quando mas germina sem terra
ResponderEliminarToda a gente faz assim, só com água, mas eu achei aquela terra tão necessitada de propósito...
Eliminar:-)
De qualquer forma, são os dois dedos de conversa que fazem a magia, evidentemente.
Só quero dizer que já tinha saudades da tua voz à solta e, até para não me afastar muito do tema do post, agora vou acrescentar que ler-te "...até dá gosto. Embora sem glúten."
ResponderEliminarLer-te também dá muito gosto, Cláudia. E normalmente termina num sorriso essa leitura. :-)
EliminarTudo o que não contenha glúten é bem vindo.
ResponderEliminarQuer dizer, não será bem assim mas quase.
Olá, caro Observador. De facto o glúten dificulta a digestão, dizem.
Eliminar:-)
Eu cultivo o sonho, apesar de não ter apetência para tal, de ter uma horta, com salsa, malaguetas e coisicas dessas, na varanda. Eu dou-me muito mal com plantas. :)
ResponderEliminarOlha, então temos mais isso em comum, querida Homónima. :-)
Eliminarfelizes aqueles que deitam à terra veem germinar. tive de me desenvencilhar de duas homónimas - mas estas, com glúten- que ganharam ramificações hostis,e sem gracinha nenhuma, e nunca, mas nunca me derem a alegria do despontar de uma folha, por mais pequena que fosse.
ResponderEliminarboa semana, Susana.
Um beijinho,
Mia
Eu acho que o glúten é mas é um grande ciumento, Mia. Não deixa a batata pôr-se bonita. :-)
EliminarBom fim de semana, e um beijinho de volta.