Então esta semana lá voltei ao ginásio. Pagar a mensalidade não
chega, é preciso ir e obedecer às ordens para que o efeito se dê, doa lá o que
doer, que dói. A meio da aula de ontem, a professora, digo professora, não digo
s’tôra, nem personal trainer, que
não é pessoal, é um grupo ali de gente, portanto a professora, dizia, manda-nos
apanhar um colchãozinho da pilha de colchõezinhos e ir para o chão fazer
exercícios dos maus. Eu obediente, disponho-me no colchãozinho, mas é de modo a
ver o relógio de parede pendurado no alto da parede (daí o nome) e que visto do
chão ainda mais no alto fica: para ir contando os minutos que faltam para acabar. Ela, a professora, manda também, como se fácil fosse, desarrumar as
pernas e os braços, à vez, muitas vezes, levantar o pescoço e baixá-lo repetidamente,
as costas no colchão ora sim ora não, mesmo aborrecido. Para dizer toda a
verdade, eu bocejo enquanto faço isto, apesar das dores, que dói já disse. A professora,
então, topa-me, olha-me lá do colchãozinho dela e diz, Susana é das faltas (falto muito, sim). Mas ainda estou a olhar para o relógio de parede quando o
pescoço me deixa e, quando não deixa, fito as placas feitas de um material de
construção que se pode encontrar nas lojas da especialidade em várias
espessuras e tamanhos, em branco, que forram o teto e têm embutidas lâmpadas
muito brilhantes. E quando, por fim, o relógio de parede mostra a hora almejada, o
corpo põe-se então em trânsito de voltar ao lugar, arrumado e suficientemente dorido.
Rumo a casa muito mais contente, levando urgente a vontade de um duche quente, que será toda satisfeita enquanto Muzi, a minha filha mais velha, está concluindo o jantar. Curgete
laminada com alho francês em tiras finas, salteados em conjunto na wok; no forno, jaz o grande e suculento naco
ao qual se pode também chamar lombo de bacalhau fresco em cama de cebola diz a
cozinheira, anunciando também no finzinho, já depois de tudo comido e à laia de
conclusão,
- Estava mesmo bom o peito de bacalhau.
(acho que é de não levar as garotas com mais frequência ao
balcão do peixe, lombo, filha, lombo)
E o peito do bacalhau usava soutien? :)
ResponderEliminarNum restaurante, o meu filho pediu uma vez uma botija bem passada. Claro que se referia a um bitoque :)
O peito não tinha soutien, não, estava todo nuzinho. :-)
EliminarE a botija, estava boa? tenrinha? :-))))
(é tão bom rir com os filhos)
Peito, lombo... meras convenções. :)
ResponderEliminarPrecisamente, luísa. por que coisa há de ser lombo e não peito?!
EliminarPerna é que eu já diria que não mesmo...
:-)
(ó luísa, já fizeste esta em fotografia: "chega-me a mostarda ao nariz"?)
ahaha! Essa ainda não fiz, mas fica anotada.
EliminarE o peito não é a frente do lombo? ;)
ResponderEliminarBeijocas, Susaninha :)
É, claro. Um peito que se fazia todo em lascas, mesmo bom. :-)
EliminarBeijinhos, Maria. :-)
Pois foi um jantar muito saudável e isso é que interessa. O bacalhau fresco rima bem com os outros ingredientes:). A uma filha que sabe cozinhar a gente perdoa qualquer deslize retórico. Parabéns a ela e à mãe.
ResponderEliminarMuito obrigada, bea. :-)
EliminarAs minhas filhas sabem ambas cozinhar, e fazem-no bem. Tenho muita sorte.
Pecadora!
ResponderEliminarSobre bacalhaus, que gosto muito, tenho uma história parva a partilhar. 2007 ou 2008, tanto faz, annus horribilis, a um nível pessoal. Jogava muito poker online para me distrair. A minha táctica era invariavelmente uma: desistir de todas as mãos desde que não tivesse cartas decentes.
Desistia, desistia. E depois de tanto desistir, apostei numa mão, e nessa mão fizeram, os meus parceiros de e-sala, all in's desmedidos (afinal, quem era este português que só sabia desistir, e de repente aposta tudo?), e eu: ALL IN. Lembro-me que nem sequer tinha cartas muito interessantes. Mas ganhei essa mão, com um flush ou assim. Muita massa para o meu bolso. Os comentários dos parceiros, de origens várias, repetiam-se, num tom misto de desilusão e estupefacção: a comer bacalaos...
Eu ria-me.
Ou seja, deixaste o "bacalao" bem visto sem querer (que eles devem ter pensado que era de comer bacalhau que se ficava assim todo ganhador a jogar poker, não é?) :-)
Eliminar(só não sei por que raio pequei eu, porém pecadora serei, afinal somos todos, ou coisa assim do género, uns mais, outros menos, etc)
Obrigada pela história, Diogo. :-)
(andas sempre a matar a Clara Bow, coitadinha)
Ó Diogo, olha o que eu descobri:
Eliminarhttps://www.youtube.com/watch?v=oy53GU8PT08
(como eu gostei tu não deves gostar, mas pelo sim pelo não, olha, cá fica o linkequizho) :-)
A Clara Bow viverá de novo! :)
EliminarSobre pecados, até que gostava de saber a tua posição em relação à religião e Deus. Já deves ter falado neste blogue, mas eu não estava cá. Repete. :)
Essa cover está porreira, embora a artista que a canta seja abominável. Safou-se bem.
Penso que nunca falei em religião no blogue, Diogo. Mas como estás interessado, e eu estimo o teu interesse e estimo-te a ti também, cá vai em linhas gerais.
EliminarIdentifico-me com atitudes cristãs, como por exemplo a fraternidade, o respeito ao outro, a generosidade, a tolerância (sem discriminações). Não me identifico com certos valores da Igreja Católica (que é a Igreja predominante na nossa cultura e a única sobre a qual eu aprendi alguma coisa): a culpabilização, o julgar os outros, a intolerância, a penitência.
Se acredito em Deus? Acredito. Pode chamar-se Deus, Natureza, Universo ou Energia. O nome é pouco importante. Que existe, existe.
Agora percebi que és uma amiga à séria! Obrigado.
Eliminar«fito as placas feitas de um material de construção que se pode encontrar nas lojas da especialidade em várias espessuras e tamanhos, em branco, que forram o teto e têm embutidas lâmpadas muito brilhantes»
ResponderEliminar= a:
pladur (gesso cartonado) em placas de 4x5mt, ou coisa assim, e lâmpadas dicróicas de casquilho GU10, ou de 2 pinos, com a intensidade de luz variável, é conforme o gosto do freguês
(eu sabia que um dia ia escrever coisas deste género em blogue alheio)
:)
Ó Gina... o que raio é "= a:" ? se eu responder com
Eliminar:>b
fica bem?
Pladur, pois é. Mas sabes, eu não quis levar o post muito para a área da construção civil, já basta a poesia não entrar em mim em quantidades industriais :-) de qualquer modo, agradeço as lâmpadas dicróicas, que lindo nome elas têm e que eu desconhecia.
(e neste blogue, já sabes, podes escrever coisas dessas e doutras, podes podes)
:-)
Tu respondendo :>b, não sei, mas gostava de saber. E fica bem, sim. (É um emoji, tipo línguinha de fora?)
EliminarNão é emoji nenhum, Gina, eu sei lá inventar emojis...
EliminarÉ apenas uma espécie de evolução do teu "igual a A" e eu "maior que B". Os dois pontos eram para condizer com os teus. Pronto.
:-) (este sim é emoji e é praticamente o único que conheço e que uso)
Ah... :) Maior que B pode ser 'BB, de Bem Bom', que dantes era um dos meus registos no blogue. E ficou realmente bem, então, essa tua criação.
EliminarQuerida Susana, fizeste-me lembrar da parte mais horrível do bacalhau, a cara-de. Não é nada fotogénico, de facto, mas tem bons músculos peitorais, lá isso tem, e saborosos, capazes de deitar um ginásio abaixo.
ResponderEliminarQue bom vir aqui.
A cara-de nunca provei. Mas li num livro que me fez rir mesmo às gargalhadas uma belíssima cena com caras-de-bacalhau. Chama-se "Uma casa em Portugal" de Richard Hewitt. Conta a história de um americano que, nos anos 1980, decidiu reconstruir uma casa em Sintra para viver mas teve de suportar muitas peripécias mesmo cómicas, inclusive as caras-de. (que ele deu ao cão) :-)
EliminarQue bom tornar a ver-te, querida Teresa.