02/04/2019

Quem telefona tem prioridade sobre quem está*

Aproveitei a hora do almoço e entrei numa loja de plantas naturais e artificiais, cestos, bonecos fofinhos para decorar lugares vazios em cima dos móveis e, ainda, verdade, uma ou duas peças de mobiliário que se assemelham a mesas de cabeceira, mas são até bastante melhores que isso (porque são giras). Posso desde já acrescentar que certas peças de mobiliário não me agradam nada em termos conceptuais e as mesas de cabeceira do tipo caixote com três gavetas estão no primeiro lugar da lista. Super feias. Uma cadeira ou uma pilha de livros ganha, para mim, o estatuto de mesa de cabeceira mais facilmente, e ficamos por aqui para não cansar, uma vez que o problema é meu.
Ando à procura de umas flores muito bonitas em tecido e em branco, grandes, bem grandes, maiores do que as naturais podem ser nem que venham dos Açores. Mas vi outra coisa, uma dessas mesas de tipo cabeceira que me dava para outro fim, e me agradou logo à cabeça. No entanto, a lojista estava ocupada ao telefone a dizer, pois, pois, vê lá tu, intercalando com achegas que fazia lá para a fogueira que alguém do outro lado mantinha acesa de indignação. Cirandei um bocadito entre as flores a experimentar se me sentia uma para matar o tempo, não senti, crendo ainda que ela desligava e me dava atenção num instante seguinte. Passou um, passaram dois e depois três minutos, o pois, pois, vê lá tu ganhava-me aos pontos e eu não querendo incomodar mais a lojista com a minha presença indiscreta, é evidente que saí da loja sem saber o preço nem trazendo vontade de lá voltar. Ora vejamos: se nos podemos dar ao luxo de optar por manter uma conversa telefónica de chacha em vez de atender trabalho, e possivelmente fazer negócio, é porque vendemos com preços altos, demasiado altos, ou não será?

* há anos que noto isto

6 comentários:

  1. Com certeza. Eu pensaria exatamente o mesmo e punha-me ao fresco :) aliás, já o fiz algumas vezes

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    1. Há quem tenha dificuldade em desligar chamadas ou mesmo não as atender.
      O que é estranho, cá para mim. :-)

      (essa mobilidade vai melhor, GM?)

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    2. Acho que tirar o gesso está por dias. Ou assim espero :)

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  2. ou porque o salário (directamente) não depende do negócio que faça

    a prioridade do telefone pode ter uma explicação, a espera pelo que não vê custa mais

    desligo, espero?
    e se desligar no preciso momento em que iam atender?
    esperando, e se esperar para sempre?

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  3. *ou porque o salário não depende (directamente) do negócio que faça

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    1. Mesmo que o salário não dependa diretamente do negócio, dependerá indiretamente. No entanto, embora a conversa m etenha parecido de chacha, podia haver razões que se alevantavam, evidentemente.
      Olá Luís, bom dia :-)

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