Ontem, antes das nove horas, tinha de fechar a torneira do gás e estar apresentável para receber o técnico inspetor na minha fração, o que poderia acontecer a qualquer hora durante toda a manhã. Era o que dizia, nestas e noutras palavras, a nota colada na parede interior do elevador e também recebida por e-mail. É muito importante respeitar os caminhos do gás, verificar amiúde se eles estão de boa saúde. O gás quer-se saindo das suas condutas quando e como pretendemos, mantendo os seus tubos borrachudos dentro do prazo, para que a função controlada da sua queima se dê, e nunca permitindo que a natural vontade física e química do mesmo prevaleça. Qualquer criança mais atenta já desconfia disto. Então tomei o banho sem fazer caminhada até ao rio e fechei a torneira do gás às 8h50. A seguir, fui de novo olhar para a página aberta do livro de receitas que por pouco não foi para o lixo e os queques intitulados de baratos lá estavam fotografados há décadas junto a um serviço de chá parecido com os da Vista Alegre, debruado a dourado. Verifiquei os ingredientes na despensa e encontrei todos à exceção da pitada de baunilha, que decidi substituir por raspa de limão. Pincelei com margarina o interior das formas de alumínio, tortas e de tamanhos heterogéneos, originárias da casa dos meus avós e, antes de lhes ajeitar um fiapo de farinha distribuído nas paredes côncavas para que os queques vindouros pudessem desalojar-se tranquilamente depois de assados, a campainha soou. Perguntei no intercomunicador quem é?, mas já tinha quase a certeza de que seria o técnico do gás. E era mesmo.
Os
queques ainda estavam muito quentes quando foram fotografados e metidos no
whatasp* para as miúdas, uma em Lisboa, já cheia de trabalho, a outra passeando
o início das férias pelo Porto. Ambas ficaram admiradas e contentes com o facto
de eu ter feito os meus primeiros queques assados, baratos ou não.
*Pseudopalavra extremamente imbecil que eu me recuso a esforçar por escrever corretamente.
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