26/06/2024

Veado ou corça

Por causa da emigração que operei para a serra, pude observar, numa destas noites de verão muito raras, dezenas de pirilampos machos. Sei que são machos porque voavam e piscavam as suas luzinhas. Fêmeas não pude avistar nenhuma, elas não voam, ficando apenas com a luzinha no chão a indicar o caminho aos machos. 
Ouvi, então, vindo do terreno mais baixo, um cervídeo, que podia ser veado ou corça, esses não sei distinguir, mas seria jovem, caminhar na direção da estrada atrás de mim, atravessando o terreno aqui ao lado, todo focado no seu intento e sem se deter a comer a erva nem nada dessas cenas óbvias, como é hábito dos seus companheiros de espécie. E não é a primeira vez que isto acontece. Quando chega à rua estreita, empedrada, abranda, olha para um lado e para o outro. Depois continua, desaparecendo da minha vista, rua fora. Estou desconfiada que vai procurar os gatos, que gosta de os ver. É que ali, àquela hora, e não contando com os pirilampos que foram atração de uma noite só, não há mais nada além dos gatos e dos dois carros empoeirados, estacionados à luz amarelinha do candeeiro de rua.
Reentrei em casa e continuei a ler uma alegria que trouxe do espaço Leya numa das duas visitas à Feira do Livro deste ano. "A febre das almas sensíveis", de Isabel Rio Novo.

2 comentários:

  1. Descobri Isabel Rio Novo como biógrafa de Agustina Bessa-Luís em "O poço e a estrada". Mas mais do que a biografia, quando li o livro, achei que ela escrevia como pouca gente nas letras em Portugal atualmente. Pena a família de Agustina, numa soberba que lhe é muito própria, não ter apoiado a autora, em detrimento de outras opções que têm cariz mais ideológico -- e que, decerto, não têm a qualidade literária de Isabel Rio Novo. Tema com pano para mangas...

    Agora, estou precisamente a ler, dela, "Rua de Paris em Dia de Chuva", e volto a reforçar a ideia que tenho de que se trata de uma das melhores escritoras (escritores, independentemente de género) a publicar atualmente cá no retângulo. Ela navega contra-corrente do atual marketing dos livros, mas merece muito ser mais conhecida.

    Boas leituras, cara Susana :-)

    ResponderEliminar
  2. Eu estreei-me com Isabel RN neste livro que refiro, mas na Feira também comprei a biografia da Agustina, que já está na fila.
    Boas leituras, caríssimo xilre! :-)

    ResponderEliminar