Ouvi, então, vindo do terreno mais baixo, um cervídeo, que podia ser veado ou corça, esses não sei distinguir, mas seria jovem, caminhar na direção da estrada atrás de mim, atravessando o terreno aqui ao lado, todo focado no seu intento e sem se deter a comer a erva nem nada dessas cenas óbvias, como é hábito dos seus companheiros de espécie. E não é a primeira vez que isto acontece. Quando chega à rua estreita, empedrada, abranda, olha para um lado e para o outro. Depois continua, desaparecendo da minha vista, rua fora. Estou desconfiada que vai procurar os gatos, que gosta de os ver. É que ali, àquela hora, e não contando com os pirilampos que foram atração de uma noite só, não há mais nada além dos gatos e dos dois carros empoeirados, estacionados à luz amarelinha do candeeiro de rua.
Reentrei em casa e continuei a ler uma alegria que trouxe do espaço Leya numa das duas visitas à Feira do Livro deste ano. "A febre das almas sensíveis", de Isabel Rio Novo.
Descobri Isabel Rio Novo como biógrafa de Agustina Bessa-Luís em "O poço e a estrada". Mas mais do que a biografia, quando li o livro, achei que ela escrevia como pouca gente nas letras em Portugal atualmente. Pena a família de Agustina, numa soberba que lhe é muito própria, não ter apoiado a autora, em detrimento de outras opções que têm cariz mais ideológico -- e que, decerto, não têm a qualidade literária de Isabel Rio Novo. Tema com pano para mangas...
ResponderEliminarAgora, estou precisamente a ler, dela, "Rua de Paris em Dia de Chuva", e volto a reforçar a ideia que tenho de que se trata de uma das melhores escritoras (escritores, independentemente de género) a publicar atualmente cá no retângulo. Ela navega contra-corrente do atual marketing dos livros, mas merece muito ser mais conhecida.
Boas leituras, cara Susana :-)
Eu estreei-me com Isabel RN neste livro que refiro, mas na Feira também comprei a biografia da Agustina, que já está na fila.
ResponderEliminarBoas leituras, caríssimo xilre! :-)