No ano muito antigo em que imensas pessoas, entre as quais eu, nasceram, não havia
Internet nenhuma. Nem sequer a palavra
Internet havia. E portanto também não havia
blogs,
posts,
likes, etc. Era o tempo da telefonia, dos automóveis que pediam água para acalmar as temperaturas cansadas do caminho, e às vezes também óleo mas por outras razões, era o tempo da Crónica Feminina, uma revistinha que contava mentiras de amor e que a nossa empregada lia muito. Era o tempo da acetona, dos panos para engomar as calças do fato, da mioleira. Das resistências que os miúdos ofereciam às mães - e só a elas, se as tinham - quando estas lhes punham no prato os nojentos miolos de vaca misturados, para disfarçar, com ovos mexidos. Era o tempo dos domingos, dos passeios de automóvel, das idas ao Estoril.
Nesse ano muito antigo, não havia portanto blogs nem os posts que os "alimentam". Mas, ao contrário do que possa parecer, havia-os com outros nomes: textos publicados num jornal diário (feito em papel).
Estava aqui a ler alguns destes textos publicados, agora, em dois mil e vinte e quatro, eu já quase a ficar velhinha, e os textos (publicados) no quarto volume das Obras Completas de Maria Judite de Carvalho, um volume com três títulos: A janela fingida, O homem no arame, Além do quadro.
E estou a fazer-me não só sua seguidora, como sua fã. A deitar likes por todos os lados, é lindíssimo.
E por isso venho recomendar muito e com entusiasmo esta imensa leitura. Por favor.