a voz à solta
20/11/2021
No princípio da serra (obrigada, Adília Lopes)
13/11/2021
Intercidades circula sem matemática
10/11/2021
Os cinco e a hora da sesta
A Lili teve cinco bebés desta última assentada, bem me parecia que em julho ela andava grávida. Segundo o vizinho do lado nascente da rua sem nome, os bebés nasceram no carro cor-de-rosa, o Smart sem rodas ainda exibindo, na sua capota anteriormente amovível, sinais evidentes de maus tratos. Alguém não gosta da sua dona, a vizinha inglesa do lado norte, aquela que raramente traz o botox à rua, está em teletrabalho. Para andar o carro já não serve, as ervas tomaram conta dele e dentro em pouco passará a escultura oculta com o inútil volante à direita. A natureza nunca deixa as expectativas goradas quanto ao seu imparável desarranjo da ordem, também conhecido por aumento da entropia, que contempla condições para a maternidade animal. Eu adoro muito o tema, apesar de, se não fosse a metidinha dessa entropia, nem os soalhos ganhavam pó nem as aranhas se esgueiravam por baixo de portas fechadas a sete chaves para fazerem as suas teias no sossego de um lar mais ou menos abandonado. No entanto, é este andar do mundo que não se nota e que me lembra, em dias mais luminosos, quão linda é a vida. Mas voltemos à Lili. Teve cinco gatinhos, a valente. Com estes faz onze filhos que lhe conheço, dos quais uma levei para Lisboa para me fazer a vida ainda mais linda: ela faz. Ora abaixo apresenta-se a prole. Porém muita atenção, esta imagem pode impressionar espíritos mais sensíveis que tenham uma sopa ao lume ou estejam parados num semáforo vermelho a matar o tempo.