a voz à solta
23/12/2022
A todos um Feliz Natal 🎄
Velocidade furiosa 23 (de dezembro)
21/12/2022
Bichos do dia
O solstício chega hoje, por isso a partir de amanhã os dias recomeçam a crescer neste lado do planeta. Me gusta. Lo que no me gusta é ter acordado às 4h36 sem jeitinho nenhum. Pelas 5h40 decidi ir tratar dos gatos – os quais já estavam a dar sinais – e de mim. Tratar de mim às 5h40 significa fazer café e, no caso de hoje, também duas torradas do pão que a Saminhas diz ser isento de glúten. É o único que temos neste processo de tentar terminar os residentes de longa duração no congelador da casa. Há limites.
Ontem as chuvas foram menos valentes do que se esperava e as
ruas andavam sossegadas de carros devido a muita gente ter ficado em casa depois
de mais uma mensagem curta proveniente da proteção civil nos ter avisado das
possibilidades de cheias. (respirar) Goraram-nos as expectativas, portanto bastante bom.
Falta só dizer que, quando derrotada cheguei à cozinha para abrir uma latinha de comida para gato, ouvia-se, vindo da rua (e não de algum dispositivo inteligente), um chilrear produzido por mais de um pássaro. Abri a janela para confirmar. Como seria de esperar, não identifiquei a espécie. Antes estranhei em plena noite de solstício de inverno chilreios animados assim. Creio que deviam estar a dormir todos os bichos que são do dia, incluindo eu.
08/12/2022
Querida, não desconstruí as calças
Há bocado, quando saí para a rua na busca de um ou dois víveres inesperadamente faltosos para o almoço, já não era cedo. Mesmo assim, tomei o cuidado de optar pelo casaco mais compridinho que tenho. Aquela conversa de há um ano, nos saldos de uma loja moderníssima situada nos centros comerciais mais palpitantes da atualidade, ainda não foi digerida pelo outono da minha idade. A elegante vendedora de maquiagem perfeita garantiu-me, com o olhar mais firme e profissional, que as calças que ela se me propunha vender, muito muito muito confortáveis e que parecem de pijama, não parecem de pijama. Disse ela ainda, toda inteligente, que “é preciso desconstruir” [a ideia de que as calças que parecem de pijama, parecem de pijama]. Ora eu fui mesmo atingida. Na mouche da minha fraqueza por saldos de lojas moderníssimas situadas nos centros comerciais mais palpitantes da atualidade, dispus-me imediatamente a desconstruir ideias doidas como aquela de calças muito muito muito confortáveis parecerem de pijama (senhores!). Portanto, valentemente a caminho do natal de dois mil e vinte e um como ali estávamos, comprei-as.
Hoje, passados doze meses, ainda me detenho com as calças na mão antes de me enfiar nelas, ponderando avisadamente se precisarei ou não de ir à rua levar as marotas a passear. Tipo não adoro que os meus vizinhos, os quais provavelmente não fizeram qualquer evolução no sentido da precisada desconstrução, me vejam de pijama.
07/12/2022
Também se chama tempestade
Chove muito, troveja e está vento. As estradas já estão alagadas com a água a dar pelo meio dos pneus e notei, quando vinha do jantar com a Carla, que o piso menos três do estacionamento do Vasco da Gama estava tipo mar, sim, fazia ondinhas.
Vinha
cheia de sede e de repente irritei-me com o automobilista que não respeitou as
prioridades e se meteu todo à minha frente no meio da chuva; dei-lhe luzes. Era
um tvde, talvez andasse à procura de algum cliente escondido pela trovoada muito confuso. Senti remorsos, engano-me quando sou intolerante. Os tvde
agora já não oferecem aguinhas nem rebuçados ou musiquinha ao gosto do freguês,
mas não foi por isso, claro. E penso que também se vão esquecendo de lavar o
carro duas vezes por dia, especialmente por dentro.