a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

21/09/2024

O outono deve estar a chegar

Pela primeira vez que eu me lembre tenho uma cadeira de praia daquelas que se dobram e são muito leves. Ora pois bem, o jeito que a cadeira me dá! Levo o estudo para o areal e com o querido som da rebentação das ondas por fundo, sento-me nela a ler a matéria que entra muito melhor assim (em vez de estar meio deitada e toda torta com as folhas a esvoaçar). É o meu segundo grande estudo e ainda faltam três anos. Portanto vou dar um uso brutal à cadeira. 
Aliás, a cadeira é tão boazinha, que nem é preciso estar sol e calor. Hoje estava lindamente envolta em neblina por todo o lado e com gaivotas barulhentas a fazer imensos voos rasantes. A bandeira começou em verde mas mudou diretamente para vermelha, e eu zero aborrecida. Também não se via nada além de uns metros, só se ouvia (o mar e as gaivotas). E salvar pessoas no nevoeiro deve ser muito difícil mesmo para rapazes daqueles com boa visão, portanto percebi perfeitamente a ideia da mudança. 
Mas às tantas, o meu relógio esperto já estava farto da cadeira (que não tem bluetooth nem faz bips por tudo e por nada, e também não vibra quando alguma notificação chega a derrapar), e mandou-me pôr a andar, mexer o corpo (sair da cadeira). Como é para o meu bem que o relógio faz aquilo, obedeci. Pousei os papéis, o lápis e o marcador e fui apanhar conchinhas lilases, pedras achatadas pretas, arredondadas vermelhas e arredondadas em amarelo ocre. Pelo caminho, trouxe uma toda branquinha, quase transparente, que ilustrava o dia muito bem. 
Agora tenho estes tesourinhos lavados na bancada da cozinha não sei para quê. Mas vou descobrir (talvez os ofereça de presente à cadeira). Boa noite, até amanhã. 

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