a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

06/09/2024

A janela fingida

No ano muito antigo em que imensas pessoas, entre as quais eu, nasceram, não havia Internet nenhuma. Nem sequer a palavra Internet havia. E portanto também não havia blogs, posts, likes, etc. Era o tempo da telefonia, dos automóveis que pediam água para acalmar as temperaturas cansadas do caminho, e às vezes também óleo mas por outras razões, era o tempo da Crónica Feminina, uma revistinha que contava mentiras de amor e que a nossa empregada lia muito. Era o tempo da acetona, dos panos para engomar as calças do fato, da mioleira. Das resistências que os miúdos ofereciam às mães - e só a elas, se as tinham - quando estas lhes punham no prato os nojentos miolos de vaca misturados, para disfarçar, com ovos mexidos. Era o tempo dos domingos, dos passeios de automóvel, das idas ao Estoril. 
Nesse ano muito antigo, não havia portanto blogs nem os posts que os "alimentam". Mas, ao contrário do que possa parecer, havia-os com outros nomes: textos publicados num jornal diário (feito em papel).
Estava aqui a ler alguns destes textos publicados, agora, em dois mil e vinte e quatro, eu já quase a ficar velhinha, e os textos (publicados) no quarto volume das Obras Completas de Maria Judite de Carvalho, um volume com três títulos: A janela fingida, O homem no arame, Além do quadro.
E estou a fazer-me não só sua seguidora, como sua fã. A deitar likes por todos os lados, é lindíssimo.
E por isso venho recomendar muito e com entusiasmo esta imensa leitura. Por favor. 

9 comentários:

  1. Acho que já li coisas dela e gostei, mas não me lembro exactamente o quê. Quanto a likes aí vão muitos para a autora deste post 😂

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    1. Muito obrigada pelos muitos likes, querida CC. 😊
      E quanto à maravilhosa Maria Judite de Carvalho, as suas obras completas estão editadas pela Minotauro, chancela da Almedina, em 6 volumes. Talvez tenha lido um deles. Eu ainda não li todos, mas até agora gosto deles com nota 10/10!

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  2. Olá, Susana. Mais uma coisa em comum: o que eu adoro MJC. Já li o volume i e o volume ii.. vamos aos próximos! :-)

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    1. Então vai ainda mais outra em comum, eu também li os 2 primeiros volumes e agora estou no quarto, saltei o terceiro porque não o apanhei disponível.
      E vai um abraço, Carla, que bom é tê-la de volta aqui no blogue!

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  3. Em tempos em que ainda não se falava dessa tal de Internet, e por circunstâncias da vida, morei uns anos numa rua onde tinha ouvido dizer que, três ou quatro casas abaixo, morava o escritor Urbano Tavares Rodrigues. Há um par de anos, através da dita Internet, fiquei a saber que Urbano Tavares Rodrigues era, nessa altura, casado com Maria Judite de Carvalho (creio que o foi a vida toda). Ora bem, nunca cheguei a ler Urbano, mas li “Tanta gente Mariana” de Maria Judite de Carvalho. E fui vizinho dela — e não fazia ideia. Ah, se já existissem as internetes, então… :-)

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    1. Eu também nunca li Urbano Tavares Rodrigues, mas acho que é no primeiro volume desta coleção que ele escreve um longo prefácio ao livro da MJC. Sim, eles eram casados, não sei se até ao fim da vida.
      "Tanta gente, Mariana" faz parte do primeiro livro desta edição.
      Mas que privilégio, dom xilre, viver perto de tais talentos! 😊

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  4. Nem de propósito. Comprei há muito pouco tempo exactamente esse volume na Almedina. Parece me excelente.

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    1. E então, Diogo? Que tal vai a leitura? Não te lembra os blogues? :-)

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  5. Avancei muito pouco mesmo, ainda, mas sim, lembra-me um blogue bem escrito.

    :)

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