12/03/2015

Um bug nojento

No habitual bar da praia jantámos. A Teresa toda a gente conhece, a mim ninguém.

Comi um hamburguer normal, não sei como se chamam hoje em dia os hamburgueres fora da categoria gourmet ou não provenientes de cadeias internacionais de franchising. Este era normal.

A Teresa bebeu um gin que foi servido num determinado copo e eu um mero e absolutamente também normal copo de vinho tinto, bem servido que estava, isto porque na verdade cortava-nos um frio de março e cerveja com frio nem que fosse de maio, não.

Tanto que desenrolei o meu lenço tipo écharpe de meia estação e abri-o sobre os ombros deixando a Teresa descobrir que não só há torres eiffel em diferentes posições no lenço, como também arcos do triunfo e isso é que eu não sabia dos arcos do triunfo. Avisei a Teresa que este lenço foi a minha mãe que trouxe de souvenir de Paris e eu adoro-o assim piroso, gosto muito de coisas fora de moda, aliás a moda não é mais que um assunto aborrecido, na medida em que tenho dificuldade em comprar jeans sem manchas e que venham inteiros, normalmente já querem vir rotos e isto não passa de um exemplo. Voltemos ao gin.

O copo da Teresa é do tipo balão esférico e eu estava habituada aos gins do bar do Peter onde os copos eram altos e esguios (não sei se ainda são). Isto causou-me um certo espanto.

- Esse copo faz-me lembrar um aquário.

- Agora são assim – a Teresa sabe, no bar todos a conhecem – e não só são assim como há todo um novo conceito em redor do gin, pode adicionar-se uma flora considerável e colorida, agora bebo sempre gin.

Mas este só tem um batalhão de pedras de gelo, a flora não está.

- Porque é que o Xilre fechou o blogue? – a Teresa lê blogues muito bons.

- Não sei. Mas hoje quando dei com o nariz naquela porta, fiquei triste. Espero que não passe de um bug nojento que se meteu ali. Ele não fecharia o blogue assim de repente, impossível.

No caminho para casa, vinha a urdir um plano rocambolesco, a escrever mentalmente um post de fazer chorar as pedras da calçada a ver se trazia o Xilre de volta, mas o que é isto, olha olha, nem pensar, não podemos ficar sem a nossa enciclopédia, sem o mural de arte e cultura, sem aquele deslizar de pena em sintonia com os anjos, sem a literatura recortada dos melhores autores, sem a minha esperança de um dia aprender a ler poesia como gente grande, tudo isto tirei da parte que ia fazer chorar as pedras da calçada e que afinal já não foi preciso.

Quando cheguei a casa vi que o bug nojento tinha sido exterminado.

Obrigada, Xilre.

12 comentários:

  1. Que aflição que nos dá ficarmos sem o Xilre, verdade Susana, acho que o Xilre anda a fazer experimentalismos, acrobacias com o blogue iguais aquelas que faz com as palavras.

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    1. Mas é que esta acrobacia foi sem rede de certeza. Caramba, acho que caímos todos! (graça nenhuma)
      :-)

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    2. Totalmente sem rede: o que vale é que a vizinhança estava cá em baixo com um cobertor esticado -- para evitar que eu desse cabo das flores do jardim, na queda, claro (não seria por mim, decerto) :)

      Boa noite Cláudia e Susana :)

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    3. Grande vizinhança, então.
      Já isso das flores do jardim... eu gosto muito de flores, mas neste caso... não puxe por mim, é melhor. Ainda estou no rescaldo do susto, está a ver.
      Boa noite, caro Xilre! :-))

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  2. Xilre, a fazer bater os corações desde 1900 e troca o passo.
    O meu também bateu.
    Ora não.

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  3. Estou com a Cláudia, aquilo são experimentações!

    Beijo, Susana. :)

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    1. É capaz, é, mas devia fazê-las enquanto todos dormimos, para ninguém se assustar. Um bocado safado, este nosso Xilre, hein?

      Beijo, Maria :-)

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  4. já o encontrei sem bug.
    as noites estão frescas, convidam a um copo de vinho

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    1. Olá Pó! Bem-vinda ao mundo dos blogues e a este em particular.
      O Xilre é muito recomendável, espero que não apanhe mais bugs. :-)

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    1. Pois é, menina Tétisq, pois é... :(

      São bugs muitos feiosos, estes.

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