(há imenso tempo que não havia um post com sapatos)
a voz à solta
30/04/2020
Um dia até ao fim do post por Corona - 46
Sapatos fora da caixa para aguçar o apetite de lhes pôr os pés em cima no momento de sair da zona de conforto também conhecida por pantufas.
29/04/2020
Um 45 por dia até ao fim do post - Corona
A meio da manhã, no intervalo do trabalho, a chuva a
ameaçar cair lá fora.
(alguém aí com filhos na faixa etária da Natacha pode esclarecer? é caso para duvidarmos da existência de laranjas na Rússia ou é caso para quê?)
- Aos dez anos eu já descascava a minha fruta, mãe?
- Acho que sim, Saminhas, mas não tenho a certeza... As boas facas para
a fruta são as que cortam bem...
Pelo visto já perdi uma boa parte de exatidão nas memórias da
minha ação – e tão intensa, sempre tão intensa – no meu passado de mãe.
- Mas porque perguntas?
- Estava a lembrar-me da Natacha, uma das minhas acampantes.
Saminhas e Muzi, as minhas duas filhas, são muito ativas em
orientar grupos de miúdos (mais novos, pois claro) nos famosos acampamentos de
verão.
- Certa vez, ela quis comer uma laranja e eu dei-lhe a
laranja, inteira, para a mão. A Natacha ficou a olhar para a laranja e não sabia o
que fazer para a comer. Como eu não a ajudei, havia outros meninos a pedir
fruta e não é suposto nós ajudarmos, ela começou a morder a laranja, com casca e tudo.
- A sério?
- Sim… e acho que ela tinha dez anos. Eu disse-lhe para ela
tirar a casca à laranja, e fiz o gesto com a mão – ali toda a gente descasca as
laranjas com as mãos, não damos facas aos miúdos. E ela lá conseguiu descascar
metade da laranja, depois começou a comer essa metade às dentadas.
Enquanto conta isto, Saminhas exemplifica com uma laranja
imaginária nas mãos.
- E quando acabou a metade descascada, comeu o resto de
dentro da casca, tudo às dentadas… eu não a ajudei, eles têm de se desenrascar.
– conclui, divertida, a exemplificar, enquanto eu imagino rios de sumo a escorrer da boca da Natacha.
- Que estranho… será que ela nunca tinha visto uma laranja
inteira? Será que lha apresentavam sempre já em gomos ou rodelas, pronta a
comer?
- Não sei… mas ela é russa, mãe... se calhar na Rússia não
há laranjas.
(alguém aí com filhos na faixa etária da Natacha pode esclarecer? é caso para duvidarmos da existência de laranjas na Rússia ou é caso para quê?)
28/04/2020
Um dia por Corona até ao post do fim - 44
Melhor momento do dia:
Receber o anúncio de um workshop dos meus eventuais
interesses. Um workshop presencial,
pre-sen-ci-al. Para quando? Julho. Meados de julho.
Fiquei tão feliz que, mesmo o querido workshop nutrindo interesses que passam ao lado dos meus, acho que me vou inscrever só para poder pôr na agenda.
Pre-sen-ci-al.
(ando um bocado contraditória, parece)
27/04/2020
Um fim por dia até ao post do Corona - 43
Há muito tempo descobri que, surpreendentemente, agrada-me a
sala de espera do dentista. Por um lado, empurro para um momento posterior a
situação à qual vou, por outro lado, não sei quanto tempo esperarei e não saber
quanto tempo esperarei é coisa de valor, como diria a Carla. É não estar mais nas
minhas mãos o controlo, é pura e simplesmente tirar umas feriazinhas, fazer um
intervalo, ainda que intervalinho.
Hoje descobri que, surpreendentemente, ainda mais que a sala
de espera do dentista, agrada-me esta espera que não é só de sala, mas de toda
a casa. Uma casa, a minha, que está uma beleza de ordem, arrumação, disposição.
Este outro intervalo, este grande, este senhor intervalo está a
saber-me tão bem.
26/04/2020
Um dia por fim até ao post do Corona - 42
E como andou a tirar férias sei lá onde, de papo para o ar e isso, agora a Catarina tem de compensar a gente, não é?
(a fotografia até me fez doer os olhos quando os pobres bateram nela...)
***********************************
(a fotografia até me fez doer os olhos quando os pobres bateram nela...)
***********************************
Estou desconfiada de que os meus gatos estão fartos de companhia 24/24 e que andam a planear uma fuga de casa, começando pelo apuramento das respetivas competências de caçadores. O Félix, mais gordinho, e, por isso, mais necessitado de proteína, tem-se dedicado a pequenos roedores. Já a Faísca, uma senhora, mais elegante e requintada, veio com esta iguaria para casa (para dentro de casa...).
Se alguns se queixam de falta de emoções fortes na quarentena, já eu queixo-me dos meus gatos andarem a testar a resistência do meu pobre coração. Ainda assim, consegui fotografar esta vítima (que era bem bonita, by the way), nesta altura, já mais para lá do que para cá.
Um dia que tenha uma objetiva de longo alcance (tipo 1km) talvez comece a pensar em fotografar também as presas do Félix, desde que me consiga barricar num bunker à prova de rato. Para já, fico-me pelas da Faísca.
Catarina Rodrigues
Subscrever:
Mensagens (Atom)