a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

15/08/2019

O tema despreferido das minhas irmãs

Tanto fiz tanto fiz que, como já é do hábito dos astros que lá devem olhar por mim, aconteceu mesmo. Fiquei com tempo sobrando para ler os meus livros e deixei de trabalhar mais do que a conta (até já voltei a parecer a minha idade e não mais, muito mais, foi foi). Ou vivo duzentos anos bem sossegada ou nunca lerei os livros todos que quero. De maneira que, como já não vou para nova (eta expressãozinha parola que adoro, anda muito comigo), há que fazer olhinhos à leitura.
E não é que já vou no quarto livro seguido que me deita abaixo, ou me toma, me agarra?

Isto sim é felicidade.

A lista - para o caso de interessar:

O susto - Agustina Bessa-Luís (dispensamos comentários)
Os anagramas de Varsóvia - Richard Zimler (nada a combinar com Agustina, especialmente difícil logo a seguir a ela, mas não é que no final valeu demais?)
O vinho da solidão - Irène Némrovski (na senda dos russos, uma doçura triste, beleza tão grande, espécie de autobiografia, talvez eu ali também)
O centauro no jardim - Moacyr Scliar (vixe maria, que delicinha!)

(o título é impercetível, mesmo, favor desculpar)

16 comentários:

  1. "Já não vou para nova", "fazer olhinhos à leitura"... que expressões deliciosas! E que lista maravilhosa. Interessadíssimo aqui na Irène.

    PS: Minha postagem mais recente foi também sobre irmã, irmãs. Amarga que só

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  2. Ah, Evandro, muito obrigada!
    E já leu o Moacyr? Para mim é uma agradável surpresa, não conhecia!

    Eu li o seu post e quase ia comentar...
    Lindo poema, pena o seu motivo.

    Abraço, Evandro. :-)

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  3. Outra coisa boa dos blogs, isto.

    (e quando for contar-te, desta vez toda entusiasmada, "o sarilho" tão bom que me arranjaste com a sugestão de "A Casa na Praia"...)

    Olha, até fica aqui assim um abraço e tudo :-)

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    1. Ena, estou ansiosa de "ouvir"!

      O abraço retribuído e com força, Cláudia. :-)

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  4. Boa lista, Susana.
    Ainda não li esse da Némirovsky, mas já li O Baile, Os Cães e os Lobos e a Suite Francesa (que deu um belo filme).
    Do Moacyr Scliar apenas li Os Leopardos de Kafka (Asa, 2002).
    Há uns bons anos o Moacyr contou, nas Correntes d'Escritas, uma história que aconteceu quando seu pai, ainda menino, chegou ao Brasil vindo da Rússia, numa longa e penosa viagem de barco.
    Um gaúcho de Porto Alegre, vendo aquela criança magra e faminta ofereceu-lhe uma banana. Ele nunca tinha visto uma banana antes e quando a descascou apareceu uma coisa que ele pensou ser o caroço. Jogou fora o caroço e comeu a casca da banana até ao fim, para espanto do gaúcho.
    Moacyr contou que seu pai, até morrer com mais de 80 anos, sempre dizia: "Casca de banana não é tão ruim como a gente pensa".
    Boas Leituras.





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    1. Olá Maria, que bom tê-la por aqui!
      Adorei saber a história do gaúcho e da banana, muito obrigada!

      O Moacyr foi um dos autores desconhecidos (para mim) que comprei "às escuras" na Feira do Livro. Faço normalmente isso todos os anos: compro autores que não conheço a ver que tal me calha a sorte. E este veio mesmo a calhar bem.
      A Irène Nemrovski foi outro caso destes e, de novo, a sorte leu comigo. :-) Não li ainda a Suite Francesa, mas vi o filme logo após ter terminado o livro da Irène. Gostei muitíssimo!
      Impressiona-me muito a história dela. Talvez a Maria saiba, mas para o caso de não saber: a Irène era judia e foi parar a Auschwitz durante a II Guerra Mundial (o pai tinha-lhe dito para fugir para os EUA, mas ela não foi, infelizmente). Enquanto esteve em Auschwitz escreveu o livro (Suite Francesa). Morreu, nesse horro de lugar, com tifo, aos 39 anos, em 1942. Quando a guerra acabou, alguém entregou à filha mais velha dela o manuscrito do livro. A filha esteve quase 60 anos sem o abrir, porque achava tratar-se de um diário sobre o que a mãe tinha passado em Auschwitz e não se sentia capaz de o ler. Mas, passado todo esse tempo, leu-o. E era o Suite Francesa.
      Um bom domingo, Maria, com boas leituras, se for caso disso.

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  5. Olá Susana, e já agora, Parabéns pelo dia de ontem! Que a volta ao Sol que agora iniciou seja a melhor de sempre, a mais radiosa, cheiinha de raios benéficos 🌞

    Obrigada pela história da Némirovsky, eu na altura li vários artigos sobre a trágica vida dela, tudo tão triste... e o marido também morreu num desses campos de extermínio.
    A Suite Francesa é muito, muito bom, acho que ainda gostei mais do livro que do filme.
    O Baile é um livro pequenino (ao contrário da Suite) e também originou um filme (que nunca consegui ver).

    O livro do Moacyr Scliar faz parte de uma colecção da Asa e também o comprei numa feira do livro do Jumbo em 2004 (preço azul=3,5€).
    Também tive sorte, comprei esse e mais dois: "O Doente Molière", do Rubem Fonseca e "Borges e os Orangotangos Eternos", do Luís Fernando Veríssimo. A ideia era cada um escolher um autor clássico e pô-lo como personagem principal numa história.

    Li há dias um livro da Agustina que há muito queria ler:
    Vento, Areia e Amoras Bravas (título fantástico, não é?).
    É um livro muito bonito, com ilustrações da (filha) Mónica Baldaque, e são memórias de juventude; é a continuação do livro Dentes de Rato, que trata das memórias de criança.

    Ui, isto vai longo.
    Sorry!
    Semana feliz, Susana.
    Beijinho



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    1. Olá de novo, Maria :-)

      Nada de que se desculpar, eu adoro estas conversas, mesmo que feitas por esta via e com as inerentes limitações.

      Muito obrigada pelos seus votos de felicidades! (como será que soube o dia do meu aniversário? se calhar está por aí nos perfis e eu a achar que não :-)).

      Da Agustina ainda só li dois livros (A Sibila e O Susto) - mas já ficou registado o "seu" título (intenso, de facto). A Agustina tem uma habilidade esmagadora (é como me sinto, ao lê-la) de descrever sensações e sentimentos que se aninham dentro de nós a encontrar um eco que às vezes, ai, esta doeu. :-)

      Recentemente li um do Rubem Fonseca, mas não foi esse que refere... Gosto muito de autores brasileiros (e a Clarice? ainda não falámos da Clarice), simplesmente adoro a maneira deles de se expressarem, acho muito mais musical e solta do que a nossa. E, até, lógica quando não inspiradora. Isto, claro, com as devidas reservas, visto que estou a generalizar e quando generalizamos cometemos injustiças.

      O Luís Fernando Veríssimo também é dos meus eleitos, farto-me de rir com ele, mas - once again - não conheço esse título de que fala, é mais um para registar.

      E, por fim, também lhe desejo uma semana feliz, Maria.
      Um beijinho.

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    2. Bom dia, Susana.

      É tão bom poder conversar sobre livros e não há muitos bloggers a fazê-lo.
      A Lispector, claro, como não falar dela?
      Descobri-a há anos com um livro de Contos da Relógio D'Água e fiquei logo de olho nela ;) depois foi A Descoberta do Mundo (crónicas), Um Sopro de Vida, Laços de Família e muitos outros, e também muita coisa lida na net.
      Resumindo: Adoro-a!
      Outra de que gosto muito é a Nélida Piñon, adorei ler o Livro das Horas (memórias).
      Mas há tantos de que gosto e que li ainda jovem: Jorge Amado, Erico Veríssimo, Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade, ou mais recentemente o Rubem Fonseca ou o Chico Buarque, que se revelou um excelente escritor.

      Agustina: já li muitos livros dela, muitos comprados, outros da Biblioteca. Olhando ali para as estantes, e não contando com os dois de que já lhe falei (livros pequenos, de leitura muito simples) destaco:

      - As Relacões Humanas
      - A Quinta-Essência
      - A Contemplação Carinhosa da Angústia
      - A trilogia O Princípio da Incerteza

      para não falar nos títulos mais óbvios... mas ainda me falta ler muitos, tantos... e aí é que está a beleza (ou a angústia) da coisa: nunca vamos conseguir ler tudo.

      Aniversário: Foi a Susana que me disse; ah, pois foi, disse nos comentários que fez num blog... e noutro blog disse onde passou a noite desse dia (e que pena tenho eu de não ter lá estado também).
      A Bloga é assim: diz-se (escreve-se), fica registado, e quem passa lê e fica a saber...
      Happy Monday!





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    3. Olá Maria, :-)

      Muito obrigada por mais esta contribuição para a nossa animada conversa!

      Ufa, a sua lista de Agustina lida está muito crescida e são apenas destauqes... que bom! A mim ainda faltam uns tempos até lá chegar...

      E, sim, partilho dessa sua angústia de não ter tempo de ler tudo o que há para ler, por mais que viva.

      Quanto à Clarice, tenho também esse maravilhoso "A Descoberta do Mundo" e um de contos, entre outros. É muito bom lê-la, mas no caso dela tenho sempre tanta pena de ela ter morrido tão nova (aos 47 salvo erro). Viu no Youtube uma entrevista antiga, em que ela diz que se sente morta quando não está a escrever? É um bocado triste...

      Ai o aniversário... eu a achar que o que escrevi nesse outro blogue ficava ali escondidinho :-)

      Next: já leu Daphne du Maurier?

      Happy Wednesday!

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  6. Olá Susana :-)

    Se eu já li Daphne du Maurier?
    A Daphne da Rebecca, da Jamaica Inn, dos Pássaros, da Prima Raquel, etc., etc.?
    A Susana estará talvez a pensar: "Ólhamésta, agora já leu tudo o que eu lhe pergunto" ;) mas é verdade, eu adoro esta Lady (que era mesmo Lady) e dela li tudo o que consegui encontrar; e vi (e tenho) os 3 filmes que o Hitchcock adaptou de livros dela.
    Gosto muito de contar aquela história dos frasquinhos para guardar as memórias dos bons momentos da vida (está na Rebecca, se não leu ou não se lembra, eu depois conto).
    Sabe aquelas séries que o Pedro Correia faz no Delito de Opinião sobre livros e filmes? Já comentei sobre a Daphne du Maurier mais que uma vez ao longo dos anos.

    E da Virginia Woolf, gosta?

    Um beijinho, Susana, e Quarta Feliz.


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    1. Ai, ai, agora é que estou tramada... Não li Virginia Woolf e, pior, não está na minha lista para ler. Mas este ano comprei um livro dela na Feira para a minha filha mais nova, que se interessou. Por isso, enfim, quem sabe em breve. :-)

      Da Daphne li o Jamaica Inn há décadas e li Casa na praia recentemente (o Rebecca tem estado esgotado, já o tentei comprar). O Casa na praia foi tremendo, deixou-me como se um comboio tivesse passado por cima de mim. Mas em bom. :-) (já leu esse?)

      Estou a ver que temos muito para conversar, Maria. Que bom ter aparecido por aqui. :-)
      Beijinho.

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    2. Antigamente lia o Delito de opinião e, até, com especial incidência no Pedro Correia, precisamente. Mas depois entrei numa fase de muito trabalho e tive de deixar de ler alguns blogues. Mas não me lembro se "vi" a Maria por lá :-)

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    3. Ai, ai, não está nada tramada, Susana, só vamos conversar do que interessar a ambas :)))
      Eu li a Rebecca em 1975, numa edição do Círculo de Leitores e, pateta romântica que era na altura (still am, I'm afraid) adorei, adorei mesmo. Por essa altura lia muito em inglês e comprei o Don't Look Now and other Stories e o Jamaica Inn (o primeiro deu um filme inquietante (e escandaloso) com a Julie Christie e o segundo um filme do Hitchcock e uma série da BBC que também vi na tv, tudo isto no século passado.
      Em 2010 lembrei-me de ir à Biblioteca e encontrei por lá alguns livros dela, e trouxe-os todos (apesar do estado miserável de alguns); nesse lote vinha A Casa da Praia, que é aquilo que eu chamo um page-turner: impossível parar de ler! Havia também um livro de contos e nunca esqueci um desses contos "The Apple Tree", do mais macabro que há.
      E outros bastante insólitos, de SF, misteriosos, inquietantes, de suspense, etc., etc.
      Decerto conhece "Os Pássaros" do Hitchcock. Foi adaptado de um conto dela, embora o filme seja muito mais macabro.
      E agora ficava aqui horas a arengar sobre ela, but duty calls, vou só cumprir a promessa que fiz:

      "Faz falta um invento que permita encerrar, enfrascar as memórias, como se faz aos perfumes, para que nunca perdessem o aroma, nunca se deteriorassem. Para que, quando o desejássemos, pudéssemos abrir o frasco e respirar de novo o momento feliz ali conservado."
      Achei lindo, e tenho feito isso ao longo da vida (claro que guardo os frasquinhos na memória - tenho alguns a sério just for fun - mas como o Senhor Alemão já está a querer atacar, estou a pensar seriamente em organizar uma "Frascaria" ;)))

      Have a great Thursday!
      Beijinho

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    4. Olá Maria, cá estou de regresso ao nosso bate-papo.

      Muito obrigada por esse pedacinho da Rebeca. Acho que vou mas é procurar o livro no OLX. Eu sou daquelas pessoas possessivas que tem de ter os livros. :-) (não sei para quê, as gerações seguintes não prometem muito em termos de leituras em papel, mas ainda assim)

      Adiante, conheço "Os pássaros", sim, o filme. Mas já o vi há tanto tempo que mal me lembro do conteúdo... Eu achei o Pousada da Jamaica bastante macabro, mas era tão nova quando o li, que agora iria certamente ter outra opinião. Ai, falta-nos tempo, não é?

      E espero que o tal senhor alemão fique bem longe durante muito tempo, que ele não é nada bem-vindo!

      Um beijinho, Maria, e uma excelente semana. :-)

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  7. Olá Susana, eu também sou um bocado possessiva com os livros e, sempre que descubro um escritor que me agrada, vou à procura de outros livros dele; quando não os encontro recorro à biblioteca e às vezes tenho sorte; mas é uma frustração não poder comprá-los... Parece que agora andam a reeditar a obra da Daphne, depois vá contando o que leu e se gostou ou não, okay?
    O pior é a falta de tempo...
    Semana feliz, Susana, com boas leituras - e não só ;)
    Um beijinho.

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