a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

24/11/2020

o que um cochilo curto na nomenclatura da eletrónica pode fazer

Com um cochilo curto pude arrumar o cérebro por dentro. Vinha desengonçado, a apitar um bocadinho, da manhã prematura arrancada à noite (outra vez, outra vez, outra vez). Ali a criar um rasgão nela, apanhada a dormir deste lado do mundo. Mas foi um esforço louvável, coitadinho. Não nos esqueçamos que já não vai para novo. Adoro este meu cérebro, ele é um amor (além de que preciso mesmo dele). Mas esticá-lo desta maneira é que vai lá vai, como dizia a Carla. Lembro-me imenso da Carla por causa dos seus dizeres adoráveis. Só que nunca mais a vi.

A tarde já está posta por ordem. Ali toda de fora da janela, brilhante de um sol tangente mas vivinho da silva, embora por estes lados não haja muitos, é mais um jan van boos, um karl koeiebomen, um martin zijnidee. Por mim, e é isto ao que viemos, afinal, o valter hugo mãe ganhava mas é o Nobel já para o ano que vem para não perdermos mais tempo.

22 comentários:

  1. grande abraço nesse cérebro trabalhador (e mal-tratado, pelos vistos, que isso de arrancar o pobre da cama tão cedo, go there, go!)

    nunca li nada do valter hugo, por onde poderia começar, Suzy Mary?

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    1. Minha querida flor, que bom teres cá vindo (é que tenho saudades dos velhos tempos disto, mas eu também não sou exemplo... - mas adiante)

      Do valter hugo:
      "o filho de mil homens" é soberbo - acho que vais gostar e é uma leitura bonita, lembrando que, na generalidade, os homens (e as mulheres) são seres bons
      "a máquina de fazer espanhóis" - é igualmente soberbo - tem a tristeza da velhice lá impregnada e pode não te apetecer isso, mesmo sendo tu uma fresca e jovem flor de pétalas borrifadas :-) (mas o livro é lindo, lindo)
      "homens imprudentemente poéticos" - é.... sim, soberbo também (estou muito original nos adjetivos) e tem um quê de surreal... este traz dentro uma centelha da cultura japonesa, o que para mim foi uma surpresa agradável e belíssima de degustar.

      e ainda só li estes 3. :-)
      depois conta, contas?
      (é que estou mesmo convencida de que ele merece o Nobel)

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    2. gosto tanto de ti, minha suzy mary :)

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    3. também tenho muitas saudades desses tempos em que conversavamos (e pelejavamos e riamos) nas caixas da blogosfera :))
      a falta de comentadores, muito mais do que a falta de leitores, é, na modestíssima opinião, o que está a matar a blogosfera. as pessoas habituaram se à gratificação imediata, à conversa infinita de 160 caracteres, seja sobre o que for (o que é, já nem interessa, muitos dão a sua opinião sem sequer ler o conteudo publicado).

      para piorar, e já vi que não sou a única, a Linda Blue tem o mesmo problema, só consigo comentar se usar o firefox e nem sempre me lembro disso, quando dou conta, só leio, já nada digo.

      para terminar, que tenho que ir plantar umas couves, um grande abraço para ti, linda suzy e obrigada pelo carinho.

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    4. ufa, mas essa parte de teres que ir ali plantar couves, sua flor hortaliçada, é que eu para lá de adoro. cada vez estou mais orientada para o campo com todas as suas belezas, seja flora seja fauna. ainda ontem fui ver uns porquinhos, mesmo a sério, que se assutaram imenso e fugiram todos ao mesmo tempo de mim. não se pode ter tudo, obviously.
      olha, querida flor, eu não sei se é falta de comentadore sou se é falta de outros ingredientes - no fundo, também acho que o estupor da pandemia nos acometeu de uns frios internos que nos tolhem para vir brincar aqui como se nada fosse...
      eu culpada me confesso, que tive ali abaixo uns comentários belíssimos ainda por responder, how is this possible é que não sei.
      mas estes carinhos que ainda nos caem aqui e que trocamos são valentes e enquanto durarem é de os acarinhar.
      aliás, eu é que agradeço o teu. :-)

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    5. Se me permitem, respondo aqui às duas.

      Olá Flor:
      Como se pode comentar com a caixa de comentários fechada?
      Passo pelo teu blog, leio, e saio de mansinho... e fico a pensar como estarão os gatinhos... okay, okay, agora vou ficar a pensar nas couves ;-)

      Olá Susana:
      Aqui é diferente, a caixa está aberta mas não há posts novos (e também não gosto de deixar uma banalidade e já está) mas acredite que penso muitas vezes na querida Marble.

      Agora o Valter: o primeiro livro que li foi aquele da Islândia (A Desumanização) e gostei muito. Houve umas polémicas parvas sobre ele ter dito não sei o quê acerca do sexo das mulheres; ora ele não disse nada, quem disse foi uma das personagens do livro (que não era uma autobiografia, era uma obra de ficção), mas vá-se lá explicar isso a quem nem se deu ao trabalho de ler o livro e insiste em dizer mal.
      É a velha história do 'Não li e não gosto.'
      Também li A Máquina de Fazer Espanhóis e também gostei.
      Tenho mais dois livros dele que ainda não li.

      Sorry, Susana, pelo lençol.

      Um abraço enorme para duas meninas lindas (que eu gosto muito de ler), extensivo aos seus animais de estimação, couves e etc.
      🍂🍁🍂
      Maria

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    6. Olá Maria :-)
      Mas qual lençol, isto é tão bom!

      A Marble está ótima, é uma gata felizarda, com especial incidência à hora de comer (ou de brincar às escondidas) e ainda mais se verificar que lhe vamos dar um punhado de camarões cozidos, até dá um gritinho de alegria. Consegue abrir portas e quando tem preguiça de se esticar muito de cima da mesinha do corredor para o puxador da porta, vai atirando os objetos ao chão que lá encontra nessa tal mesinha para fazer o ruído que nos vai acordar (ela precisa muito de companhia às seis da manhã).
      :-)
      Também tenho "A desumanização" - vai ser o próximo!
      Esse tipo de comentários desdenhosos de quem "Não lê e não gosta" são tão desprezáveis como o desprezo que eles contêm. Desprezáveis e incompreensíveis. às vezes parece que há uma geral dificuldade em admitir a genialidade dos que realmente são geniais.

      Um abraço apertado, Maria. E obrigada :-)

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    7. E ainda para a Flor: tenho muita pena que estejas a viver essa tristeza com as canitas, agora entendo ainda melhor o quão doloroso deve ser.
      outro abraço bem forte.

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    8. Obrigada eu, Susana :-)
      You made my day!
      Concordo em absoluto com a Marble: de manhã é que se começa o dia 😂
      E já fui ali à estante buscar o Filho de Mil Homens (comprei-o em 2015:Shame on me!).
      O que vale é que os livros são pacientes, esperam por nós, este esperou cinco anos... mas agora vai: já comecei!

      Abracinho, Susana.
      Boa noite.
      😴

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    9. Sim, os livros esperam por nós! Uma bonita imagem, essa estante enriquecida com leitura tão bonita! 😊
      Depois conte, Maria!
      Beijinhos e boa noite. 🐈

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  2. Não resisto a me juntar a esta vossa bonita tertúlia para dizer que gosto muito das duas, Susaninha e Flor de Açucena, e que gosto também muito de valter hugo mãe. «O filho de mil homens» e a história de Crisóstomo, Camilo, Isaura e Matilde ficaram-me no coração. Foi aí que aprendi que para se ser feliz é preciso aceitar ser o que se pode, porém, nunca deixando de acreditar que é possível ser sempre melhor. Lembro-me de, na altura, ter anotado várias frases num caderninho, arrebatada pela sua sabedoria e apurada sensibilidade.

    «… e parecia-lhe que a vida era aprender, saber sempre mais e mudar para aceitar sempre mais.»

    Esta frase tem estado presente em todos os dias da minha vida. :)

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    1. Ah, Miss Smile, sua outra flor tão querida! (sabias que o meu nome - Susana - vem de Açucena? vem :-))
      Que bom!!! tu já teres entrado no mundo valter hugo mãe e teres cá vindo partilhar a tua experiência! eu só comecei a ler esse génio há pouquíssimo tempo (totó...) e estou verdadeiramente a deslumbrar.
      a vida é mesmo aprender. mas só para quem quer.
      Um abraço bem apertado mas é, querida Miss Smile.
      :-)

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  3. Provavelmente, para meu próprio bem, devia acreditar quando dizem que a blogosfera morreu.
    Ainda há pouco tempo li um post do Impontual, um post que, sem precisar dizer, fazia uma espécie de prova de vida da blogosfera e pedia mais provas de vida. Não me canso de achar isto bonito.
    Mas, principalmente, porque não sei se me levariam uma sopa quente em caso de necessidade, deveria repetir: "A blogosfera está falecida, falecida de todo e assim, sai daí, tu não leste o que pensas ter lido". Mas, não, não liguei nenhuma e, hoje mesmo, entrei numa livraria e agora tenho aqui comigo:
    "O Museu Da Inocência" (Orhan Pamuk) anotado após um post do Pipoco Mais Salgado (o post abriu-me o apetite para o livro);
    "Eliete" (Dulce Maria Cardoso). Gosto muito de ouvi-la, mas ainda não li nada dela, tinha anotado para ler primeiro "O Retorno" (se gostasse partiria para "Eliete" também muito falado), mas, um post do Xilre, aumentou-me a curiosidade e fez-me inverter a ordem;
    "O filho de mil homens" (Valter Hugo Mãe). Ainda não li nada dele, nem tinha nada anotado, mas, um post no "A voz à solta" da Susana Rodrigues (conheces?), fez-me ficar com muita vontade de trazer este filho de tanta gente para casa.

    Resumindo e concluindo, isto são "falecidos" capazes de fazerem vivos desgraçarem-se! Cuidado! E, como estou no "A voz à solta", desejo uma muito boa noite à querida "falecida" daqui :-)

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    1. Ah, Cláudia, what a feast!
      Os blogues não estão falecidos, lá isso não, só já andaram mais vivaços. Aliás eu diria que com carburantes como a tua participação, os blogues terão dificuldade em falecer. Pelo menos este. 😏
      Obrigada pelo teu comentário e lista de leituras inclusa, não conheço (ainda) as obras que os nossos ilustres PMS e Xilre referem!
      Bom fim de semana 🦛

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    2. Olá Cláudia,

      Cá estou eu a meter o bedelho, mas quando se fala de livros, não resisto.
      Duas boas escolhas, dois escritores completamente diferentes, ambos bem representados aqui nas minhas estantes.
      Do Pamuk já li O Meu Nome é Vermelho, o Outras Cores (os meus favoritos), A Cidadela Branca e a Casa do Silêncio; O Museu da Inocência está ali à espera...
      Adoro a escrita da Dulce Maria Cardoso e li todos os livros dela (excepto o Eliete, pois estou à espera que saia o seguinte, que é suposto ser a continuação).
      Gostei de todos, mas destacaria: O Chão dos Pardais, Os Meus Sentimentos e Tudo são Histórias de Amor.

      Boas leituras, Cláudia.
      Depois conte, tá?
      🍂🍁

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    3. Ai, "carburantes" e assim...(muito obrigada, Susana :-))

      A si, Maria, não sei se é de agradecer essa contribuição para que continue a desgraçar-me, não sei não...(muito obrigada, Maria :-))

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    4. De modo nenhum,eu apenas confirmei que também gosto muito desses dois autores e que espero que a Cláudia também goste de os ler.
      E todas sabemos como os gostos são subjectivos... e como nem sempre estamos in the right mood para ler determinado livro.
      Eu gostei que o Filho de Mil Homens fosse aqui falado: já vou quase a meio e estou a gostar muito.

      Bom fds e boas leituras :-)
      📚


      Depois tem uma vida toda

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    5. Maria, estava só a brincar. Claro que o que fiquei mesmo foi contente com o seu comentário. E, agora, com este também. :-)
      Já agora, assim como uma espécie de retribuição, conto-lhe coisas minhas com a leitura de livros:
      Quando consigo mergulhar, naquele momento, só fico mesmo eu e o livro, o resto do mundo deixa de existir. Ler um livro, para mim, tem de ser assim como uma espécie de encontro com uma pessoa amada, o resto do mundo desaparece, se o resto do mundo não desaparece, é forçado;
      Leio muito devagar. Ainda por cima, quando gosto particularmente de algumas frases, de algumas passagens, volto a ler e volto a ler, e, depois, já mais à frente, dá-me vontade de voltar a ler aquilo e lá volto eu;
      Às vezes, quanto mais gosto mais faço render, a antecipar saudades do fim, faço com que leve mais tempo. Mesmo aquela situação de ai que prazer ter um livro para ler e não o fazer, mas quando já se sabe que é mesmo um prazer porque esse prazer já começou.

      Mais uma vez, muito obrigada, Maria. E um bom resto de domingo :-)

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    6. Olá, Cláudia,
      eu, quando era dona do meu tempo, também lia com todos os vagares e retrocessos e até costumava ficar a ler pela noite adentro; bem, só alguns livros, pois nem todos recebiam esse tratamento: para alguns era madrasta ;-)
      Agora, que sou cuidadora a tempo inteiro, tudo mudou e vou lendo quando posso, aos bocadinhos (coisa que detesto), razão porque passei a privilegiar contos, crónicas, ensaios, poesia, e raramente ataco os chamados calhamaços - e tenho alguns aqui à espera que, possivelmente, já não conseguirei ler...
      C'est la vie!

      Dias felizes, Cláudia.
      🍂🍁

      No último comentário ficou para ali uma frase desgarrada que já não deu para apagar... teria que apagar tudo e escrever novamente. Alguém me chamou e carreguei no publicar sem reler. Se aparecer aqui algum 🐈 a desculpa é a mesma, e é verdadeira. :-)

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