a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

12/10/2023

Mas bom dia

Lisboa ajustava-se finalmente com força moderada sobre a placa tectónica num tremor de terra da escala de cinquenta euros. Meti-me debaixo de uma mesa do laboratório de ensaios enquanto em redor caíam algumas coisas indistintas. Procurei o dinheiro nos bolsos e sobrevivi mesmo antes de acordar. Lá fora ainda estava escuro. Alcancei os óculos e desci as escadas, liguei o computador. Preparei um café forte e, enquanto a máquina processava a operação com jorros de vapor a subir aos armários da cozinha, retomei o relatório prometido para o dia anterior.

De repente, lembrei-me do nome do autor do livro com o título na placa em azulejo da casa que está para venda. Casa do pó. Mas nunca li o livro e agora está esgotado. 

O telemóvel esperto faz-me cada vez mais infeliz. Apago noventa por cento da informação; já o mundo fora dele é completamente maior. 

Estou a ponderar comprar os livros todos do João Aguiar e ir outra vez ver os Fatias de Cá. Não sei onde ando com esta cabeça. 

Sem comentários:

Enviar um comentário