Encontro-me perto das quinze horas com a minha anona. Eu sei
que a anona é minha, todos sabemos, que nesta casa mais ninguém quer anonas. Encontro-me perto das quinze horas com a minha anona. Dentro do cesto, junto
dos abacates e das laranjas, estas e aqueles firmes e de boas cores, uns verdes
as outras fazendo jus ao nome, a minha anona agoniza. Em silêncio, deixa-se
ir nas mãos da mãe natureza, essas que sendo invisíveis veiculam
a entropia global, lentamente, mal se notando a entropia global. A minha anona
vestiu já o castanho, toda ela de igual, é o seu finado. Por exemplo, o padrão que trazia na pele
é perdido. Então, à minha anona acolho-a nas mãos, nas minhas inúteis mãos, descapazes de a salvar. Comi-a, pois foi. Uma metade de cada vez, à colher. Os
caroços, tão bem dispostos pelo néctar esbranquiçado, ai brilhantes, ai tantos, ai pretos, deixei-os
no prato que assistiu a tudo. Não me é costume falar de anonas. Todavia esta, degustada
assim no limiar do possível, a caminho de um estado de desperdício, um precipício, um sacrifício, no seu último suspiro traz-me aqui. Onde me encontro perto das quinze
horas, vertendo neste escrever o mais pequeno post de todos. Até que enfim.
(descapazes não existia)
Melhor do que qualquer fotografia de um pequeno-almoço também qualquer e cheio de filtros. Fiquei com fome!
ResponderEliminarEntão bom proveito, sal. :-)
EliminarE obrigada.