- Ó mãe, da próxima vez que vires o Sr. Valério podias comentar os ovos que ele nos deu. Dizias que já acabaram e depois fazias uma pausa. A seguir dizias que eram mesmo muuuuuuuito bons!... Pode ser que ele nos dê mais, ele tem muitos?
- As galinhas dele. Sim, diz que põem vinte e tal por dia.
A minha filha Saminhas está convertida à boa mesa ou à mesa
boa, dependendo do ponto de vista. Quem a viu e quem a vê. Em pequena era um
desassossego. Uma vez que cá em casa não havia oreos ou bolicaos, donuts ou iogurtes com
açúcar adicionado, ela fazia investidas na despensa da minha irmã Ana, cujo
recheio ia muito no sentido dos seus interesses: de chocolates para cima havia
lá de tudo – quando desaparecia a minha filha mais nova em casa da tia, toda a gente
sabia onde a encontrar. Porém saudável é hoje para ela a palavra de ordem,
verde a cor. Na nossa cozinha, já habitam três vasos de manjericão na variedade
viçoso e bem hidratado, isto nomeadamente. Muito embora divergindo do espetro
do verde, os ovos do Sr. Valério, voltemos à vaca fria, ou das suas galinhas,
foram muito bem acolhidos cá em casa. Ele apareceu-me lá na serra com “uma
coisa para mim” que se materializava num saco cheio deles. “Tenha cuidado para não se partirem”, advertiu. “Ponha-os no meio da roupa quando for para Lisboa.”
E ainda acrescentou, como se eu precisasse de um incentivo para tanto ovo ali tão bom “São uma maravilha, a gema não tem nada a ver, esta é muito mais
amarelinha!”. Não os meti no meio da roupa, não fosse o diabo tecê-las, fiz de outra maneira que deu. Isto quer dizer que chegou a Lisboa - com muitos cuidados e caldos de galinha para nos mantermos no contexto - chegou então a Lisboa sã e salva a dúzia e meia de ovos contada por ele e confirmada por
mim. E os primeiros exemplares claro que já cá cantam, daí o diálogo encimando
o post. Confirma-se realmente o amarelo da gema a tender para o laranja (não tem nada
a ver). De modo que optei por não esperar encontrar o Sr. Valério da próxima
vez que for à serra. Tomei o telefone e escrevi-lhe comentando os ovos. Dei-lhe
razão. A ver se ele me dá resposta. Resposta e... hum… quer dizer... isso.
Sem comentários:
Enviar um comentário