Caminhei de volta para casa ainda com sol. Sol e
o arsenal descrito nas mãos. Ao chegar lavei o chão da cozinha, da entrada, do
corredor, da varanda e de uma casa de banho. Lavei mais coisas na casa de
banho. O chão da cozinha lavei duas vezes. A mesa e as cadeiras só uma, ficaram
lindas. Continuo a sentir debaixo dos pés o pó finíssimo depositado pelas obras.
Vive cá em casa há praticamente seis meses sem parar. Parou no chão, vamos. E dentro dos roupeiros. A
entrada também lavei duas vezes. E a porta mais usada e os puxadores, com um
pano. Uma vez. Liberdade pode ser não dizer a cor do pano. Ficou nojento. Os
vidros não lavei nada, mas entreguei o trabalho que tinha data de amanhã e o
outro para segunda feira levou um avanço. Liberdade é comer bacalhau cozido
quando as miúdas não estão, o cheiro que fica, aquilo tudo e não as ouvir reclamar.
Liberdade é o silêncio.
Não sei o que é o oposto de liberdade. Mas a esperança de
nunca vir a saber, sei.
O oposto de liberdade talvez seja segurança, um binómio tramado, de difícil equilíbrio. É-se livre mesmo quando não se usa a liberdade? Ultimamente tenho usado muito pouco a minha, mas em contrapartida tenho a casa limpa. :)
ResponderEliminarSol para a casa renovada e para ti.
E um daqueles horríveis (com clique) :)
Eu acho que a segurança é necessária para se ter liberdade, ou pelo menos uma dose de liberdade que nos satisfaça. Na verdade, parece-me também que cada um de nós terá provavelmente um conceito diferente de liberdade.
EliminarO passaporte da minha avó, que guardo como recordação preciosa, tem uma inscrição dizendo que mulher casada só poderá viajar para fora do país mediante autorização do marido. Aliás, o passaporte era dos dois, conjunto.
Essa é uma não liberdade que as mullheres da minha/nossa geração já não sabem o que é.
Bem horrorozinho e o clique também! :-)
Liberdade é estar aqui a ler este post em vez de estar na "camanha" a dormir, portanto, liberdade também é prevaricar, e, agora, liberdade também vai ser querer comentar e poder, mesmo para não dizer nada de jeito, que o que me apetece mesmo é dizer "Olá Susana!". Liberdade é ter visto ali aqueles ovos e querer devolver um "Páscoa Feliz para ti também!" e isto ser um despropósito porque venho completamente atrasada, mas, liberdade, também pode ser fazer de conta.
ResponderEliminarLiberdade também é agora não saber como acabar este comentário, que queria assim um fim de valor, mas não está a dar, e, por isso, vai ficar assim...
:-)
EliminarTu nunca estás atrasada, Cláudia. Aliás, neste blogue ninguém está. Somos todos livres de vir se e quando quisermos. Só assim é que vale.
E ficou muito bem o teu comentário, querida Cláudia.
Reservo-me a mesma esperança. A mesma vontade.
ResponderEliminarSomos muitos, acredito. Muitos e bons, claro! :-)
Eliminarliberdade é o silêncio, mas é também o grito, é a possibilidade de escolher.
ResponderEliminar(concordo com a Teresa, no oposto da liberdade, para além do medo, vejo a segurança, essa sim, muito mais difícil de declinar pela vontade de ser livre.)
Tal como escrevi ali à Teresa, a segurança para mim é chão para poder ser mais livre. Contradição, talvez? :-)
EliminarComo vi mulheres da geração das minhas avós sendo tão pouco livres, agora saboreio muito a minha liberdade. Está ótima assim. :-)
as últimas duas frases deste post. és grande, Susana.
ResponderEliminarÓ meu querido amigo Diogo, merci!
Eliminar(mas não sou, não não)
:-)
a liberdade é liberdades
ResponderEliminarnão sei se és grande, mas és
concordo, boa definição, Luis.
Eliminare sou mesmo :-)
Continuamos a ler na planície e a planície essa, transmite a maior sensação de liberdade que podemos usufruir.
ResponderEliminarAss. Bruno Alves
No ALentejo, Bruno? :-)
EliminarEu também gosto de planícies.
Um abraço.
Esse mesmo Susana, o ALENTEJO.
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