a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

21/12/2024

Vinte e dois livros à data

Escrevo na agenda, nas folhas para notas, os títulos e os autores dos livros que leio. Para chegar ao final do ano e saber se ele foi bom. Os de poesia não contam, que esses nunca se acaba de ler, naturalmente.

Vinte e dois é a conta à data. Com um melhor dormir que me chegou da idade, muito Bach, a casa razoavelmente limpa, as contas em ordem, o número de contribuinte, os vizinhos mais quietinhos, o whatsapp, a via verde.

Também muitos litros de café matinal, lá isso. Na rua ainda noite, metade de mim debaixo dos cobertores, os gatos alimentados lambendo as patas.

Depois o trabalho, claro. O autocarro, aquelas pessoas na paragem. O homem negro, a mulher faladora. E o comboio, também, a levar-me dali toda com a cabeça já noutro lugar. No livro. 

Mas ainda acordar acima das nuvens, encontrar os javalis à noite, ouvir os veados na brama quase ao meu lado, comer o melhor entrecosto do mundo. Pelo caminho fazer amigos, fazer sopa, salada, caminhadas, tricot.

Um ano com vinte e dois livros lidos é um ano mesmo muito bom.

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