a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

09/07/2014

Bem passada

Estou cá desconfiada que hoje vou escrever poucochinho.

Chego do ginásio em termos que não vou dissecar aqui, não há que temer, mas antes do banho de que estou necessitada, mantenho-me cativa para a tarefa planeada: coloração do cabelo. 

Enquanto espero que o químico actue, diz lá quinze minutos mas eu vou aos vinte, sei lá se aquilo funciona com quinze, armei o escadote e mudei duas lâmpadas do tecto da casa de banho que andavam fundidas. Andavam, claro, é forma de falar.

Em consequência da fraca luz aqui instalada há dias, estou em crer que o meu cabelo não estava a sair de casa em condições, que hoje dei conta de certos olhares quando entrei muito fresca no meu local de trabalho. 

No entanto, não estou certa se foi do cabelo ou de ter ouvido o Nuno Markl recordar o Nove Semanas e Meia na rádio e me ter deixado a pensar que afinal nunca tentei imitar aquelas ideias e fritar costeletas de porco na barriga, aproveitando as quenturas que haviam de se arranjar.

Ovos estrelados em cima do umbigo vi eu já não sei em que sátira a este clássico, pelo que também registei a ideia que se encontra a acompanhar a das costeletas numa produção fictícia empoeirada, bolorenta e coisa do género, dentro de uma gaveta. Enfim. 

E com a conversa descarrilei.

Mudei as lâmpadas. Ficou uma beleza a casa de banho inundada, felizmente só de luz.

Depois arrumei o escadote e fui à loiça. Tirar a lavada, devolvê-la aos armários, meter a suja. Já contei: demoro nove minutos a arrumar uma carga de loiça da máquina (mesmo assim, não há maneira de convencer as minhas gaiatas a fazê-lo de iniciativa própria). Seguidamente, minutos para que vos quero, vou à roupa; enchi a máquina e programei a lavagem para acertar em cheio na tarifa do vazio, que nos visita durante a noite. 

De regresso à casa de banho, deito um golpe de vista ao relógio, está na hora de concluir o processo químico. Quem me dera ficar linda de (alguns) cabelos brancos e não precisar disto.

Mas preciso, o meu cabelo até parece o que já foi e devolve-me na perfeição as ilusões.

Talvez até um dia destes me encha de brios e retome a ideia da costeletinha, em não sendo muito alta é capaz de ficar bem passada e sempre se poupam uns trocos em gás. Grande ideia, a do Nuno.

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