a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

21/06/2015

Lasca de queijo mozzarela às formigas (post praticamente científico)

Quando ontem de manhã saí de casa, estava a rua cheia de calor e formigas. Não tendo optado por escrever sobre o calor, vamos às formigas, que são umas senhoras formigas.
Atravesso a estreita rua em direcção ao meu carro e cruzo-me com um exemplar que vem correndo sobre os paralelepípedos que forram este piso muito ancião feito a pensar nas carroças, e vem a formiga correndo, dizia eu e dizia muito bem, com uma abelha morta ou moribunda, não sei se ao colo se às costas, a quantidade de pernas que a formiga traz, entre viradas para cima as da abelha e viradas para baixo as próprias, atrapalhou-me o discernimento e para além disso eram horas de ir às sardinhas antes que esgotassem (esgotaram). Eu nunca tinha visto uma formiga correr tão veloz com uma abelha morta ou moribunda, nem aqui no meio da serra nem em lado nenhum.
Durante toda a tórrida tarde que se seguiu a isto, pudemos observar outros exemplares da mesma espécie a limpar o terraço: viu-se passar um pirilampo morto mas ainda quase fluorescente na extremidade, coitadinho, uma aranha que esperneava, põe-me no chão sua doida, parecia querer a aranha dizer, pedaços de pétalas voadas da buganvília, folhas várias em bocados de diferentes tamanhos e coisinhas diversas que não tive oportunidade de identificar. Tentei registar em vídeo o que faziam estas obreiras, mas não dispus de celeridade na perseguição, escaparam-me todas.
No final da tarde, quando estava já todo o lixo removido do terraço, vê-se uma nova brigada render a anterior. A nova brigada é composta por elementos feitos em modo muito mais económico no que respeita ao tamanho. Afastado que está o perigo de se tropeçar numa daquelas formigas gigantones que laboraram durante todo o dia, ainda o sol dá uns apertos valentes à gente mas são horas de jantar. É, então, ao atravessar o terraço com os pratos na mão, que escapa uma lasca de queijo mozzarela de cima da massa italiana e se vai depositar precisamente no chão que praticamente brilhava depois do que já se narrou aqui. Desta vez consegui filmar. Mal mas consegui.

16 comentários:

  1. Uma lasca de queijo gigantesca mas tal não demove a formiga :)

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    1. Havia um físico americano que eu admiro muito - chamava-se Richard Feynman - que durante algum tempo se dedicou a observar as formigas.
      Eu também acho que podemos aprender com elas. Mais do que elas connosco. :-)
      (redonda, apaguei o comentário que duplicou, apesar de serem todos muito bem vindos, claro)

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  2. Já me ri, Susana, e parece-me que os formigueiros, para além de fazerem coisas às pessoas tipo dormências, também nos imitam, há a teleformiga, a 112formiga, a quéfrôformiga, a Obelixformiga, a agência funerária Formiga & Barata Lda,...mas aqui também há uma variedade que me ataca os pés.

    Beijinhos, e bom resto de Domingo.
    Gostei do filme, uma longa metragem já dá para fazer uma pizza familiar :)

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    1. Uma das coisas que mais feliz me faz é fazer os outros rir. Obrigada por mo dizeres, Teresa.
      Mas por acaso também tu me fizeste rir com esse menu tão completo de formigas.... e verdadeiro. Elas são admiráveis. Mesmo as que mordem os pés à gente. :-)
      Beijinhos e boa semana.

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  3. As formigas são diligentes e incansáveis.Trabalham e armazenam sem descanso. Numa tarde de tamanho calor, podiam seguir o exemplo da cigarra e soltar umas umas notas ou organizar um bailarico entre o batalhão :)

    Um beijinho, Susana


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    1. iiiii... Miss Smile, essa ideia é mesmo muito boa!! (como não me lembrei eu disso?) :-)
      Soltar umas notas (não de chá, mas musicais, claro) e organizar um baile de verão. Afinal têm muito a evoluir, as formigas...

      Outro beijinho, Miss Smile.

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  4. A fábula de cigarra e da formiga é intemporal e "in-sazonal". Eu ontem fui uma verdadeira cigarra e soube-me bem. Agora está na hora de formigar um bocadinho. :)

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    1. Uma fábula completa, essa, querida Pseudo. Normalmente somos formiga mas de vez em quando há que ser cigarra.
      Aqui "em baixo" arrefeceu um pouco, hoje. Felizmente. :-)

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  5. Essa formiga andava a labutar sozinha. O pior é quando se juntam em número incontável e vêm labutar para a minha cozinha. Este verão ainda não sofri ataques muito sérios mas quando tal acontece, confesso que sou impiedosa. :)

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    1. Não andava completamente sozinha, não (no vídeo vê-se outra), mas eu só em último caso e se me entrarem em casa às legiões, é que tem de ser... :-(
      Luisa, vou aproveitar para dizer que adoro as tuas fotos, não sei comentar por forma a reflectir o bem que me faz olhar para elas. Por isso fica aqui, assim, meio mal metido.

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  6. As suas formigas fizeram-me lembrar os CTS decon ... Com uma breve pausa para um almocinho de mozzarella praticamente caído do céu.
    Ultimamente tenho andado meio aformigada, num corre corre constante. Leio muito e comento pouco. A neta é um segundo emprego a tempo inteiro que eu adoro, mas preciso recuperar o andamento que perdi nos últimos 24 anos.
    Beijinho grande grande, Susaninha.

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    1. Que saudades, M D !!!!!!!!!! Essa menina Alice é uma menina de sorte! :-)
      Que corra tudo muito bem é o que desejo.

      Um beijinho à avó, dos grandes. E um abraço de saudades.

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    1. Bem-vindo alpesjulianos!

      I wouldn't say "lots" but at least some laughing back. :-)

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  8. Podemos aprender e muito com todos os animais... Lindo texto.

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    1. Olá Poesias, bem-vindo!
      Podemos mais nós aprender com eles, do que eles connosco.
      Obrigada. :-)

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