a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

10/08/2015

Configuração de palhinhas com olhos

Cheguei atrasada à aula de dança, e a professora ficou admirada de me ver: também jogas? Jogo, sim, confirmo enquanto me descalço e corro a posicionar-me no lugar que devo ocupar no campo. Os restantes membros da minha equipa são homens e todos os da equipa adversária também. Acordo precisamente neste momento em que ia começar o jogo na aula de dança e portanto ficamos sem saber que jogo era aquele e para onde tinham ido as minhas colegas, que costumam ser todas mulheres. Estico o braço e pego no relógio da mesa de cabeceira que também é termómetro e higrómetro e barómetro e vejo que a pressão está mais elevada que o costume aqui nas alturas da serra, a humidade relativa nos vinte e nove por cento, são sete horas e vinte e cinco graus já se instalaram, com vontade de subir (este aparelho tem setinhas que indicam as tendências, gosto muito). Levanto-me e vou à janela. O vale que se estende à minha frente ainda está imerso no fumo que sobrou do incêndio de ontem (felizmente não chegou às casas), não se vê nada para além do cabo telefónico que faz ponto no poste de madeira a alguns metros daqui. 

Mas não fosse o que aconteceu ao pequeno almoço e que ainda não parou de acontecer, nem a esta hora em que o vento todo o fumo levou e se vêem as primeiras andorinhas da tarde no céu (para posts de sucesso, inclui-se um passarinho ou dois, fica muito bem), não fosse por conseguinte o que aconteceu e eu hoje não escrevia nada, nem hoje nem amanhã. 

O que é aquilo, uma configuração de palhinhas ou um bicho? 

Aquilo o quê? - olhei na direcção indicada e não vi nada para além de uma configuração de palhinhas que não podia ser outra coisa senão uma configuração de palhinhas.

- Aquilo! - Erik levantou-se e apontou. 

Ainda não parou de acontecer porque já são as horas que são e a configuração de palhinhas com olhos mexeu-se dois centímetros para a esquerda em dez horas bem contadas. Uma vez que não salta (graças a deus), nem voa, que asas não lhe vejo em lado nenhum, deduzo que tenha saído da planta mais próxima, a uns seis metros de distância, em novembro de dois mil e dez. Coitadinho.



Chama-se, em português, esta maravilha da natureza, um bicho-pau ou se preferirmos um insecto-pau. Pessoalmente acho configuração de palhinhas com olhos muito mais giro e é na segunda foto que se vêem melhor os olhos, vêem?

(Teresa, destes não tens tu aí, pois não?)

10 comentários:

  1. No ano passado também tivemos um bicho-pau nas férias :) são mesmo giros, ficam a bailar ao vento, como um raminho :)))))

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    1. E eu a pensar que só havia coisas destas na Amazónia... afinal em Portugal já sabemos que há dois, uma vez que é impossível ser o mesmo... dada a velocidade de deslocação. :-))))) (este ainda não bailou e ainda lá está, caramba...)

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    1. Olá AC! :-)
      Também eu desconhecia e fiquei muito admirada com ele.

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  3. Susana, um post de sucesso, todo em madeira! Com um raminho a fugir do incêndio, a uma velocidade medida em "(nano) até que era compatível com a paisagem alentejana, mas...nunca vi.

    Era tão bom que nestas alturas as árvores também tivessem pernas, não era?
    Adorei essa preguiça em forma de palhinha, um bom presságio para início de férias. :)

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    1. Preguiça em forma de palhinha é muito bom!... agora bicho-pau... onde já se viu? :-)

      Bem, eu lembrei-me logo de ti e achei que desta vez ia eu mostrar-te uma coisinha linda... :-) não foi?

      Beijos, Teresa, e obrigada.

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    2. E mostraste, sem dúvida, uma maravilha da natureza. Se não te importas venho cá vê-lo, de vez em quando. Aposto que não sai do lugar tão cedo... :)

      Beijos, e eu é que agradeço!

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    3. Bem, o pauzinho não sei quê já saiu do lugar a esta hora. Sabias que estes bichos podem ser animais de estimação? Incrível, mas pelo visto podem.
      A natureza não pára de me surpreender, é também por isso que eu gostava tanto de viver 500 anos! :-)

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  4. Nunca tinha ouvido falar em bicho-pau. Até já podia ter visto e não saber.
    Quando tiver dúvidas sobre bicharada, já sei a que porta bater. ;)
    Beijo, Susana.

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    1. Nem eu tinha ouvido falar desta beleza, com tantos anos que já levo em cima :-)
      Mas como escrevi ali em cima à Teresa, estes bichos são tão engraçados que há quem os tenha em casa, como animais de estimação. Eu também não iria tão longe... :-)
      Beijo de volta, querida Isabel.

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