Há muito tempo que é
nesta época que mais se fundem lâmpadas mas nisso não se fala. O processo costuma
manter-se até depois do natal, mesmo que ande toda a gente em modo jingle bells. A fileira comprida de
focos luminosos perfeitamente design no teto do meu corredor já tem duas baixas e
ainda outubro não chegou ao meio, ora isto habitualmente contagia as vizinhas da
fileira se eu não urgir escadote acima para a troca. No fim de semana dei dois saltos
à rua, e a rua deu-me um outono tão bom. Composto à chuva pela tarde, o que eu
adoro o outono não sei medir mas contar, contei. Duas lâmpadas em semáforos e
três em automóveis que circulavam no mesmo piso molhado que eu, e em poucos
metros foi o que se arranjou para poder sustentar este meu primeiro poste.
De modo que é nesta
altura que mais me vejo o carro ao espelho, na minha vida há por acaso espelhos
muito bons para ver carros ao espelho (atividade pós-laboral): enquanto aciono
as luminárias da viatura, com a mão, com o pé, à frente, atrás, à esquerda, à
direita, autoteste que nem sempre acaba passado, mas que de honesto tem tudo, o
meu teste, é uma verdade, podemos estar descansados quanto a isso não tem
problema nenhum.
Com esta conversa assaz eletromecânica,
nem parece que tenho um novo amor e tenho. Com ele viajo sem carro pelo ambiente
do janelas dez da microsuave e depois dentro de um escritório dois mil e
dezasseis há toda uma possibilidade de coisas que podemos fazer, ainda nos
estamos a descobrir, é tão belo isto, não o largo nem ele a mim, a Cristina
disse-me hoje ao almoço que tenho os olhos mortiços, a parva, desculpei-me com ai é do tempo, mas claro que não é, continuando,
íamos aqui, o equipamento macio dentro do equipamento duro*, o meu amor novo, e
por causa dele escrevo este primeiro poste em português moderno, que do antigo ele
não gosta, põe-se vermelho por baixo, de maneira que comecei pelo teto, as
lâmpadas foi tipo motor de arranque ao tema, para não cair em seco (chovia), e
acabei a traduzir tudo, limpámos os estrangeirismos, o meu amor novo e eu,
ai tenho os olhos mortiços, tenho?... sabe lá ela do que fala, a Cristina.
(e agora, precisamente após o meu primeiro poste em português moderno quase todo isento de estrangeirismos e imediatamente antes de ir buscar o escadote para subir ao teto, apeteceu-me ouvi-los, aos carros, ahhh...)
* e não o contrário
Os espelhos dos carros podem ser muito reveladores. Nas filas então... Há sempre histórias para deslindar no carro de trás. :)
ResponderEliminarAh e concordo. Essa tal de Cristina só pode ser parva.
Que engraçado... eu nunca deslindo as histórias do carro de trás, só olho para o da frente... cá por coisas. :-)
Eliminar(Luísa, a Cristina tem razão....)
Susana, não sei se o meu comentário é um tiro ao lado, mas o que me apraz dizer é que quando temos um amor, seja ele recente ou daqueles que já nos seguram nas horas menos boas da vida, esse amor torna-nos diferentes, a atitude, as palavras, a postura, tudo parece ser mais suave (não sei se suave será o termo certo). Transparece até na forma como escrevemos. Uma pessoa zangada com a vida, sem um amor de mão dada, passa gritos nas palavras. Ou mesmo que não passe gritos, passa tristeza. A paixão, o amor correspondido, parece que faz brilhar tudo, até o mais pequeno artigo definido.
ResponderEliminarUm tiro ao lado... bem sei :)
Maria, o seu comentário é certíssimo. Tudo nele é verdadeiro e portanto nunca será um tiro ao lado de nada (a meu ver, claro).
Eliminar:-)
Ai, esse teto sem "c" revela um amor com corretor automático, também sem "c". Um poste é um poste, pronto! Seja elétrico, outra vez sem "c", ou escarrapachado num belo blog como este.
ResponderEliminarBeijos, Susana, e uma boa noite. :)
Teto sem "c" fica mesmo mal, eu sei. Eu também acho feio, mas como é este meu novo amor que me incentiva, olha.... quem feio ama bonito lhe parece. :-)
EliminarObrigada, querida Maria, beijos de volta.
Também tenho lâmpadas apagadas por opção delas. Julgo que nesta altura se fundem mais devido à maior utilização.
ResponderEliminarGostei de ouvir os carros.
Apesar de te passares para o português moderno, abro uma excepção para continuar a ler-te. É que sou mesmo alérgica à coisa e gozo com o Benfica que borda as minhas palavras. Só uso o dito em situações em que sou mesmo obrigada, ou seja, na documentação de serviço que vai para o exterior. Nem na interna utilizo.
Beijo, Susana.
Ai....Isabel... ficas mesmo, ficas?! (glup)
Eliminar(é que isto de fazer de uma maneira num lado e fazer de outra no outro é um bocado demais para mim...)
Beijo, Isabel.