a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

18/08/2024

Isto, isto

Pessoas caminham três cães ou dois, enquanto as vacas arrancam a erva molhada de domingo e no prado as éguas estão silenciosas, mas só com as moscas. Um galo insiste, ao fundo inteiro da estrada, no orvalhar de algum minuto que já esqueceu. Além disso, dois pombos, ao alto, esticam o pescoço bicudo para o voo urgentemente rasgado à sua frente.
E eu, depois de um bocado da manhã às voltas, depois das calças acabadas de lavar, depois de, por cima do molhado da erva alta, colher a única amora madura à beira do caminho, depois, até, da lebre saltar sobre as flores e as flores e as flores silvestres em cheio, em rosa, em azul, e depois, ainda, de me sentar num banco tão vazio, eu não sei o que fazer com isto. 

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