a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

20/06/2016

Lamechices tolinhas não

Ela tinha uma coisa urgente para me dizer. Como não apareci ao almoço na cantina, que fui preferivelmente apanhar o verão à rua e o almoço também o apanhei, este último à dentada, para ser precisa na descrição que, não sendo um forte meu, é necessária. Mas o cerne é este: ela tinha uma coisa para me dizer e disse. Entra-me pela sala adentro (adentro dá mais penetração que dentro, embora penetração aqui talvez não fique a matar mas faz falta, lá está, à descrição), e diz-me:

Então as férias? Descansou? Está melhor? A anemia já passou? Tomou o ferro?

Sem me deixar responder, que a urgência do que vem a seguir impõe-se, a dona Esmeralda chega-se mais à minha secretária, baixa um pouco a cabeça e lança finalmente o que pretendia dizer-me:

Olhe que estou a adorar o seu livro.
Qual deles? – com ela eu gosto de fazer render o peixe, mesmo quando sei a resposta.
O que me ofereceu.

Para o caso de o leitor ser ligeiramente curioso, o livro de que falamos foi procurado por mim para ser oferecido especificamente a esta senhora que quer ler histórias de amor e intitula-se Tim, é de Colleen McCullough.

Ai adoro o livro! Já vou muito adiantada!
Ainda bem, eu sabia que ia gostar, andei à procura dele para si - aqui dei-lhe um sorriso porque isto é coisa que me faz feliz, encontrar livros para as pessoas.

Depois, em jeito de quem conta um segredo, chegou-se ainda mais e, a baixa voz:

- Às vezes até vou para o jardim lê-lo! 

E logo a seguir continuou, mais descontraída. 

- Ontem – ontem foi domingo – o meu irmão foi lá almoçar comigo e eu disse-lhe assim, ó Jacinto, tu mal saias para ires para casa eu arrumo a cozinha e vou logo para o jardim ler o livro!

Por outras palavras, estamos a assistir a uma dona Esmeralda que corre com o irmão depois de almoço. Mas por uma boa causa, evidentemente. 


E agora é o momento em que peço às minhas leitoras e leitores sugestões urgentes, se fizessem favor, de livros para a dona Esmeralda. Requisitos: histórias de amor, de preferência com final feliz mas sem ser lamechices tolinhas que ela é mulher inteligente e o resto é conversa, sim? 

Muito obrigada.

(eu já estou a pensar no Crime do Padre Amaro, mas hesito... o final não é feliz, pois não?)

29 comentários:

  1. Susana, então a anemia passou? Estás melhor?

    Beijos e boa semana!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá, Isabel :-)
      Ainda não sei se passou, só depois de repetir as análises, mas que já não ando a cair de cansaço, já não.
      Obrigada e uma óptima semana para ti também (pus o "p" no óptima, que eu sei que tu gostas mais.... e eu também, por acaso, mas enfim).

      Eliminar
    2. Susana, de facto eu não escrevo conforme o acordo, nem tenciono fazê-lo na minha escrita pessoal. Actualmente, nem em contexto de trabalho utilizo a nova grafia porque não sou obrigada a tal.
      Mas convivo bem com outras escritas.

      Quanto a livros da categoria pedida, pensei neste:
      "Na Praia de Chesil"
      de Ian McEwan
      https://www.wook.pt/livro/na-praia-de-chesil-ian-mcewan/192595

      É evidente que depende muito da pessoa em causa e eu não conheço a D. Esmeralda. Não sei que conhecimentos tem, qual o nível de cultura geral e assim.

      Não é um clássico, não é linear.

      Eliminar
    3. Gosto muito de Ian McEwan, pelo menos do que já li dele ("Solar" é um livro encantador e por vezes hilariante), mas esse não conheço.
      Obrigada, Isabel, já está na lista.

      E obrigada à flor, que veio sublinhar a escolha.

      Eliminar
  2. Estou aqui a pensar há cinco minutos e não me ocorre um livro com uma história de amor feliz!

    ResponderEliminar
  3. Ah já sei!
    O amor em tempos de cólera do Gabriel Garcia!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Jesus, e eu agora vou ter de confessar que ainda não li esse livro, tenho de me despachar! (para poder depois discuti-lo com ela) Obrigada, Cuca. Ficou registado.

      Eliminar
  4. Eu estava capaz de sugerir "Em nome da terra", de Vergílio Ferreira; feliz não é — mas é extraordinariamente belo.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Ah, bolas! estive frente a frente com esse livro na Feira e não o trouxe devido a ter de acionar as contenções de custos com muito afinco no que a livros diz respeito, mas fica também registado, muitos mercies, caríssimo xilre. :-)

      Eliminar
    2. (mais um livro maravilhoso!)

      Eliminar
    3. (esse já me anda a rondar há tempos, um dia destes vai)

      Eliminar
  5. e já agora 'um amor feliz' de david mourão ferreira...por falar em feliz...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Outra pérola que ainda não li, estou a ficar corada nesta caixa de comentários... obrigada, ana, fica na lista.

      Eliminar
  6. E podem ser amores proibidos, temperados com cheiros e sabores de uma cozinha? Se sim, sugiro "Como água para chocolate", Laura Esquivel.
    :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Ah! Excelente ideia, luisa! Esse livro até dá água na boca e uma vez que a nossa leitora trabalha numa cozinha, acho que se vai sentir em casa. :-)
      (acho que sim, que pode ser de amor proibido...)

      Eliminar
  7. O Gato Malhado e a Andorinha Sinha, Susana, como introdução a Jorge Amado. Foi uma prenda de anos deste para o seu filho menor. Não será isto amor? :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Será amor na certa, querida Homónima. Tu e esse teu jeitinho certeiro de ser. :-) Que boa ideia, muito obrigada, já está na lista.

      Eliminar
  8. Cão como nós, de Manuel Alegre. É amor por e de um animal, é certo, mas é terno até dizer basta.

    Beijinhos, Susana :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. E eu ao mesmo tempo vou fazendo um alista para mim mesma, que também sou de amores :-)
      Manuel Alegre, o poeta. Sounds very good, Maria, muito obrigada e beijinhos de volta.
      (no outro dia comoveste-me com um post teu que não fui capaz de comentar... mas fica um abraço duplo mesmo atrasado e com a certeza de que sabes a que post me refiro... e terna és tu)

      Eliminar
  9. O Crime do Padre Amaro não pode ser, Susana, esse não. :-)
    Pensando numa pessoa que, embora inteligente, só agora anda a encantar-se com a leitura e quer histórias de amor com final feliz, talvez seja melhor um caminho gradual, não achas? Percebo perfeitamente a razão da escolha que fizeste propositadamente e como já "tive" de fazer uma escolha idêntica para uma dona Joana :-) e só se quiseres manter o género mais uma vez antes de voos mais altos, deve ser mesmo, mesmo parecido com o que escolheste, o que eu escolhi na altura: "Começar de Novo" de Sue Moorcroft, um bestseller, receita fácil, mas olha ganhou o prémio de melhor romance de 2011.
    Se pensarmos nos clássicos portugueses, talvez começar pelo nosso autor mais fácil de ler, aquele de quem eu li os livros quase todos de seguida quando era miúda, Júlio Dinis, tudo finais felizes, e bem injustiçado, devo dizer-te que foi graças a ele que saltei para os outros, então, pode ser: "Os fidalgos da casa mourisca"; "A Morgadinha dos canaviais"; "Uma família inglesa", não sei é se a dona Esmeralda não os achará demasiado pueris, talvez tenham este senão :-).
    E agora, outra autora estrangeira, um livro que é uma paixão minha de adolescência, outro motivador de leituras posteriores, acessível a todos e em bom, "Rebecca" de Daphne Du Maurier.

    Uma excelente noite, Susana.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Cláudia, esses júlios dinises talvez sejam um nadinha demasiado pueris, mas ela é capaz de pegar bem pelo menos num. O Crime do Padre Amaro fica então para um segundo estágio, esse da Sue Moorcroft não conheço mas és bem capaz de ter acertado na mouche. Quanto a Daphne do Maurier, li a Pousada da Jamaica há mais de cem anos e tive tanto medo, pesadelos e tudo (sim, eu teria uns cinco anos... pronto, doze... vá dezasseis... :-)) que nunca mais peguei na autora portanto está na hora de voltar.
      Muito obrigada, querida Cláudia, temos aqui uma bela lista e um bocadinho mais da tua história de leitora que tanto me apraz conhecer. ("apraz" ficou muito formal mas é para contrabalançar a confissão incauta que fiz sobre aquilo dos pesadelos)

      Uma excelente noite para ti também, Cláudia.

      Eliminar
  10. Olá, Susana!
    Vamos lá ver todos nós agarramos o Verão e as histórias de amor! Tenho muito gosto em palpitar sobre esta questão: o 'amor em tempos de cólera' assenta que nem uma luva no que pretendes, sem dúvida, mas este aqui 'O Penúltimo Sonho', de Ángela Becerra também.. eu acho!!! :-)
    Um beijinho, Susana, e espero que acertes em cheio!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá, Susana, bom dia!!!
      Reparo agora que a minha mensagem está uma trapalhada do pior! :-( É o que dá quando cedo em casos em que, claramente, a vontade ultrapassa "largo" a minha disponibilidade! :-| A intenção, essa, foi a melhor! ;-)
      Beijinho! :-)

      Eliminar
    2. Querida Carla, reli a tua mensagem e não encontrei lá trapalhada nenhuma, encontrei sim uma brisa de verão e um entusiasmo pelas leituras e ainda! :-) uma sugestão totalmente desconhecida para mim, mas que me deixa toda curiosa, obrigada :-)
      Mas pronto, olha, ainda bem que viste aí uma trapalhada porque assim eu ganhei mais um comentário teu.
      Um beijinho de volta. :-)

      Eliminar
  11. O Crime do Padre Amaro não será um livro muita à frente para a D. Esmeralda?

    ResponderEliminar
  12. Qualquer das formas fica a minha sugestão:
    As Palavras Que Nunca Te Direi de Nicholas Sparks.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Não tenho a certeza de "O crime do padre Amaro" ser muito à frente para ela. :-)
      O Nicholas Sparks temo que seja demasiado fatídico, ela precisa de histórias que acabem bem. :-)
      Muito obrigada pela sugestão, Bruno.

      Eliminar