a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

16/12/2016

Criptografia caseira (praticamente a cheirar a bolos)

De repente, ao pousar no prato os talheres do jantar, lembrei-me que o prazo de pagamento de um dos meus impostos anuais devia estar a finar-se. Jesus. Dei um salto da cadeira e corri para o computador, entrei no sítio da internet do pagamento de impostos anuais, de ecrã em ecrã navegando até esbarrar com o pedido para introduzir o meu número de contribuinte e a palavra passe. Como as minhas visitas a este sítio na internet não são assim tão tão tão frequentes, hesito sempre a pensar na palavra passe, ai qual é qual é, não, eu não uso a mesma palavra passe para todas as situações, uso sim variações de uma palavra passe central, o que pode tornar a situação mais nebulosa, e torna, por isso é que sofro estas hesitações, e tap tap tap, escrevi os dígitos à velocidade certa, para ajudar, a ver… o objetozinho gráfico a rodar no ecrã como quem pensa naquilo e depois, bingo! estava correta. Aliás costuma estar correta, na verdade, mas eu tenho sempre receio, porque no antigamente, quando visitava ainda menos frequentemente este sítio, ocorria esquecer-me da palavra passe e então era pedir nova senha (senha é o mesmo que palavra passe, mas escreve-se mais depressa), que era enviada como se de código ultra secreto se tratasse, pelo correio postal, imensos dias, e isso – quando se está à beira do finar do prazo - pode não ser amigável para o contribuinte. E então tive uma ideia completamente brilhante e única: vou escrever esta mnham mnham mhnam desta senha num localzinho sem ninguém saber qual é. E qual é? Pensei, pensei. A minha agenda, claro! where else? É tão linda a minha agenda e ninguém a poderá encontrar porque ela é só minha e, mesmo que encontre, o pior que pode acontecer é esse alguém querer pagar os impostos por mim e isso ok está bem.

E onde na minha agenda? Pensei outra vez, pensei, pensei. Tem muitas páginas, mas o melhor é o dia do meu aniversário, ninguém iria desconfiar. Pode não parecer, mas eu gosto muito da minha agenda, peguei nela e apeteceu-me logo tirar-lhe uma fotografia, mas primeiro procuro o meu mês… Depois o meu dia. E olha, vejo uma coisinha lá escrita nesse dia, só uma coisinha. Foco os olhos, que é o mesmo que dizer afasto um bocadinho a agenda deles (acontece muito nesta idade): e a coisinha é, jesuuuuus, a palavra passe!!! Precisamente a palavra passe,  aquela minha palavra passe!… 

......

E agora? Como acabar este post? Agora que sei que me repito perigosamente nas mais secretas rotinas do pensamento e da minha própria criptografia caseira? Como? Com a minha agenda?


Não, com a fotografia dela. Pronto.


(quis ficar assim, deitada, e eu deixei)

8 comentários:

  1. A tua agenda é muito bonita, querida Susana. Parece um herbário que encerra coisas secretas e preciosas, como datas de aniversário e palavras-passe.
    A minha também tem motivos florais e eu e ela somos as melhores amigas. Andamos sempre em sintonia :)

    Um beijinho e um bom fim de semana

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    1. Ah, minha querida Miss Smile, que boa visita esta!

      (bendita agenda)

      Um beijinho e um abraço apertado. :-)

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  2. Ora aí está uma agenda onde a Susana deverá anotar os meus votos de um feliz Natal. E boas festas, também.
    Beijinho

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    1. Já estão na agenda os seus votos, caro Observador. Muito obrigada.
      E na sua fará o favor de inserir os meus votos de Boas Festas. :-)
      Bom fim de semana.

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  3. Na verdade a sua agenda fez-me pensar na pobreza da minha que só tem contas e mais contas. Bom, tem outras coisas que também são contas. Por exemplo, quanto gasto por mês em prendas, a quem as dou e quando. E o que gasto comigo quando e onde. Nas minhas agendas não há palavras passe, mas há o número de conta dos filhos. Minto, estão lá umas palavras passe que já não sei onde pertencem, mas são minhas de certeza. Em palavras extra anoto concertos e esporádicos passeios. São uma chateza as minhas agendas. Mas fazem-me muita falta. Lá estão os meus planos para cada mês e a minha realidade mensal, quase sempre diversa. Os planos supõem que a circunstância não se altera, mas nada existe de mais mutável que ela.
    Eu gostei da sua agenda, as minhas são meio feiosas e sem graça, mas para fazer contas estão bem; que os números, embora me desgovernem a vida, não merecem mais.
    E tem aqui um bom post:)

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    1. Li este seu comentário, bea, aos solavancos no autocarro, ontem, regressando a casa com algumas compras de natal. E quem me olhasse via que sorri. Muito obrigada.
      Tanto que as nossas agendas dizem de nós, não é? São como que um diário involuntário.
      Um abraço e um bom fim de semana para si.

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  4. A minha agenda é daquelas pretas, pesadas e sérias onde estão inscritas muitas horas e às vezes mais do que uma coisa em cada hora. Gostava de um dia poder ter uma agenda assim.
    (Claro que também há a agenda pirata: bordada a flores douradas. Mas nessa nunca tenho coragem de escrever uma linha)

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    1. Então passa a usar só a agenda pirata! acho que ela pode fazer magia e retirar uma data de trabalho à outra...

      (a minha começou a encher mais recentemente, quando assumi para mim própria que é de papel que eu gosto das agendas, acabou-se a conversa e pronto, qual outlook qual quê... já são demais as horas ao computador...) :-)

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