a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

20/01/2018

Como foi seu trajeto?

Foi espetacular (espetacular é palavra detestável, fútil e vazia – costumo até derretê-la em banho maria imaginário, que yo maria no soy cariño, mas podia ser, e recombiná-la em espeta a colher, que também não dói nada), mas espetacular, dizia eu agora mesmo, conduzi uns 150 km para nada, levando ao todo quase duas horas e muita vontade de arrancar os meus cabelos, mas não tirei as mãos do volante. Tecnologia uma merda e telefones inteligentes outra, é irem com os porcos! (desculpem) Era para eu ter tomado uma certa autoestrada específica e a inteligência do meu telefone indicou outra de modo que conduzi aquilo tudo para arejar os pneus (do carro).
Creio que durante todo o ano passado tive talvez uns dois fins de semana sem trabalhar noite e dia sábado e domingo e este ano claro que ainda nenhum, incluindo este em que estamos a fazer o presente post espetacular (toma!). De modo que já de mim ando de humor difícil e deparam-se-me os pedidos da minha filha jogadora quase profissional de voleibol, que precisa dos meus serviços como motorista praticamente dia sim dia sim, caso contrário acontecem coisas, por exemplo serem só as outras mães (que eu saiba são mesmo só mães) a fazer as vaquinhas e eu rien. Claro que não é justo, mas que me dói, dói. Se há tarefa na qual eu sou tão boa como deve ser prazeroso espetar garfos nos olhos e rodá-los, é mesmo em serviços de transporte especializado para lugares que desconheço.

E depois de recuperar da raiva, de ter encontrado a minha filha em casa trazida por outra das mães que lavram caminhos facilmente e lá ter conseguido retomar o meu amado mas a tender para o infinito trabalho, noto uma perguntinha nojenta e cínica do tal telefone inteligente – o meu: aquilo muito lindo que se pode ler no título.

Espeta a colher.

(no entanto, avanço desde já que em junho de dois mil e dezoito irei estar - se a maio sobreviver - no TNSC absorvendo La Traviata do grande Giuseppe Verdi, um sonho muito meu - venha lá quem vier)

12 comentários:

  1. Pois se fosse *trajecto* era coisa antiga, sem pergunta, certo?
    Boa Tra'ns'viata, Susana.[Que inveja :)]

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    1. Ó Teresa, mas tu és rapariga para lá estar também, não és? :-)

      (é trajeto porque o meu telefone inteligente mas pouco está meio abrasileirado e por outro lado eu enfim já me converti ao novo AO porque no trabalho tem de ser e assim fico toda coerente, como a luz) :-)

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  2. "Libiamo ne'dolci fremiti
    Che suscita l'amore,
    Poichè quell'ochio al core
    Omnipotente vaaaaaaaaaaaa...."

    boa escolha!

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    1. Isso é o que se chama "dar música", il, e neste caso boa :-)

      Muito obrigada.

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  3. Verificamos que visitou o restaurante X recentemente. Como avalia o local?

    :D

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    1. Será que há por aí alguém que gosta de receber essas mensagens e lhes responde e tudo?
      Essa parte da tecnologia é - digo eu - completamente dispensável e só serve para nos aborrecer.
      :-)

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    2. Mas é o sinónimo de rede. Deve haver. Os malucos por ratings, que não fazem nada sem consultar a internet. :D Eu nada ligo a isso.

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    3. Uma boa questão, Diogo. Sinónimo de rede. Mas uma rede que traz pouco peixe e o que traz nunca é aquele que a gente mais gosta.
      Pergunto-me se quem vive muito nas redes sociais do tipo superficiais não sentirá um grande vazio ao fim dum tempo. :-)

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    4. Essas redes sociais do tipo superficiais só são frequentadas por jovens do tipo superficiais, durante o período que são jovens do tipo superficiais. Têm os users que merecem. Depois a vida complexifica-se. Às vezes...

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    5. Nunca constatei esse padrão de serem os jovens os superficiais, Diogo. Encontrei já muita superficialidade em gente nada jovem, e encontro jovens capazes de inspirar os mais distraídos.
      Mas claro, haverá decerto também quem opte por abandonar o tédio de viver apenas à superfície e decida mergulhar mais fundo. Fazem muito bem.
      :-)

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  4. Pronto. E quem tem um sonho desses como meta há-de sofrer uns desaires de vez em quando sem lhe dar muita guita, que não merecem. E esperar Junho e a traviata. Projectar é alimentar a vida.

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    1. Desaires destes não me têm faltado, mas a concretização de sonhos também não. Talvez seja por alimentar a vida projetando-a.
      Obrigada, bea.

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