Há dias (vem aí mais uma história da casa da serra, tem muitas), há dias estava no meu próprio terraço ao sol, de costas para ele e para o terreno das árvores de fruto, cujo solo é prolífero em insetos, florzinhas e ervas indiferenciadas. O terreno atira-se para o vale que se estende a perder de vista, terminando numa fieira de oito geradores eólicos no monte mais longe e, em baixo, pode ver-se (mal, mas pode) uma autoestrada muito fininha. Todo este conteúdo virado a sul, ou seja, o sol encima-o batendo-me então em cheio nas costas, o que eu adoro. Os nossos novos vizinhos ingleses estavam a partilhar o momento com um café com biscoitos combinado anteriormente num encontro junto à carrinha do pão. A conversa, também inglesa, fluía. Devo referir que em poucos meses três casas passaram a estar habitadas na aldeia, todas por ingleses não ligados uns aos outros. O Brexit dá-me graça. Mas adiante. Estava então o casal de ingleses que vai chamar-se o casal Ridley aqui para nós. Deixaram lá a vida deles na ilha unida, não é, e vieram de armas e bagagens aterrar nesta aldeia beirã que há pouco tempo tinha por especialidade ser deserta, não contando com os javalis, veados, martas, cobras, corujas... A mrs. Ridley fala pelos cotovelos como diria a minha mãe e conta imensas coisas da vida deles. O mr. Ridley é mais de ouvir.
Eu gosto muito de estar nesta casa na serra em comunhão com a natureza, as estrelas e o som da coruja à noite, a receber os novos vizinhos que largam tudo e vêm à aventura. No entanto, nos dias de sol, vivo com medo que algum gafanhoto proveniente do lado sul descrito ali em cima venha desvairado por aí fora, falhe a pontaria no seu voo em salto picado sem destino certo e aterre em cima de mim em vez de no chão do terraço que é tão extenso e apropriado e já foi testado para o efeito por muitos gafanhotos de tantas gerações, lindamente. Mesmo estando eu a ocupar cada vez mais volume e consequentemente mais área, o chão bate-me largamente em metros quadrados disponíveis para o pouso dos referidos insetos apatetados. A estatística parece, portanto, estar a meu favor e daí a tranquilidade com que sigo conversando com estes vizinhos recém chegados a Portugal, enquanto esqueço os coisos.
Mas, está-se mesmo a ver que, tal como nos filmes, o óbvio vai acontecer. Ouço então, a páginas tantas, um tiquezinho à minha esquerda e sinto uma leve pressão na pele nua do meu antebraço. Posso imediatamente, neste picossegundo, constatar, horrorizada, que estão pousadas imensas patas verdes de um enorme gafanhoto bem na minha pele. Não tive tempo de as contar uma vez que me dediquei a saltar (agora eu) da cadeira à velocidade da luz ou perto dela e...
Não. Não vou dar mais detalhes, já basta ter divulgado que a minha área aumentou devido ao volume, etc. Vamos mas é ficar por aqui.
Eu gosto muito de estar nesta casa na serra em comunhão com a natureza, as estrelas e o som da coruja à noite, a receber os novos vizinhos que largam tudo e vêm à aventura. No entanto, nos dias de sol, vivo com medo que algum gafanhoto proveniente do lado sul descrito ali em cima venha desvairado por aí fora, falhe a pontaria no seu voo em salto picado sem destino certo e aterre em cima de mim em vez de no chão do terraço que é tão extenso e apropriado e já foi testado para o efeito por muitos gafanhotos de tantas gerações, lindamente. Mesmo estando eu a ocupar cada vez mais volume e consequentemente mais área, o chão bate-me largamente em metros quadrados disponíveis para o pouso dos referidos insetos apatetados. A estatística parece, portanto, estar a meu favor e daí a tranquilidade com que sigo conversando com estes vizinhos recém chegados a Portugal, enquanto esqueço os coisos.
Mas, está-se mesmo a ver que, tal como nos filmes, o óbvio vai acontecer. Ouço então, a páginas tantas, um tiquezinho à minha esquerda e sinto uma leve pressão na pele nua do meu antebraço. Posso imediatamente, neste picossegundo, constatar, horrorizada, que estão pousadas imensas patas verdes de um enorme gafanhoto bem na minha pele. Não tive tempo de as contar uma vez que me dediquei a saltar (agora eu) da cadeira à velocidade da luz ou perto dela e...
Não. Não vou dar mais detalhes, já basta ter divulgado que a minha área aumentou devido ao volume, etc. Vamos mas é ficar por aqui.
(É capaz de levar algum tempo até que os vizinhos Ridley se esqueçam do meu lado mais, hum, descontrolado e eu recupere alguma da minha imagem de tranquilidade confiante na tal estatística e, enfim, no mundo em geral... só não sei como não desmaiei)
Queres rir? ;)
ResponderEliminar(isto é verdade) - como acontece muitas vezes aos Sábados de manhã, lá fui a um desses conhecidos espaços aonde, como eu, muita gente se abastece de víveres e não só. nem sempre me forneço das carnes lá deles mas hoje era dia (já vinha embalada de perder tempo noutras precisões e não me apetecia nada uma terceira loja chamada talho), então tirei a senha e aguardei pacientemente... ora enquanto esperava, pacientemente, calhou-me olhar para o meu carrinho e nele verificar a presença de um pato. tinha-o trazido fresquinho, já pesado e poisado numa caixa de plástico, embrulhado em plástico mole. ora foi nesta fase que me lembrei do teu post e concordei muito com a ideia da "tua" senhora, afinal aquilo é um bicho grande, melhor seria se já me chegasse a casa todo partido. então toca de sacar do animal e, em chegando à vez pela qual aguardara com tanta paciência, arrisquei: - por acaso o senhor não me faz o favor de partir este pato aos pedaços?, e ele que sim senhora, ora essa, e lá foi lampeiro e prestável desmembrar-me a ave, intercalando as cachaçadas com amáveis perguntas sobre se queria assim ou mais pequenos os bocados, ou se me interessava aquela parte do rabo (sic). opá, que maravilha! depois voltou a aconchegar o pato já devidamente chanfanado na caixa de plástico duro, envolveu tudo em plástico mole novinho, recolou a etiqueta original e lá fui eu toda contente.
;DDDDDDDDDDDDDDDD
ahahahahahahahahahahahahahahahahah
Eliminartu queres ver?!!!
enganei-me!
quem escreveu o post sobre a senhora do pato foi a UJM, mas eu, não sei porquê, estava convencidíssima, quando me lembrei dele lá na espera, que tinhas sido tu a contar essa história!!! olha que esta agora!
ainda andei aqui à procura dele mas, claro, sem sucesso!
(acho que vou antecipar a minha próxima consulta no psiquiatra)
olha, desculpa qualquer coisinha, tá? ;D
Ó Kina, fizeste lindamente em me confundir com a UJM, olha o elogio que eu ganhei!
EliminarBem, esta é a parte em que confesso que já me aconteceu o mesmo - pensar num post que atribuí a uma pessoa e afinal tinha sido escrito por outra - só não continuei para bingo, ou seja, para comentário (ufa). :-)
Eu também tinha lido esse post da UJM e solidarizei-me intimamente com ela: à beira do balcão do talho ou da peixaria, no supermercado, também eu já vivi momentos de impaciência contida devido a fregueses do género daqueles.
(esquece lá o psiquiatra, não precisas - se tu, com essa lucidez maravilhosa que te caracteriza precisares, então o mundo vai mesmo muito torto)
brindemos mas é! (trouxeste das compras uma garrafa de vinho, cerveja, qualquer coisa, não foi?)
(ai, mas ó Susana, tu já me viste a minha gaffe?!
Eliminaré que vinha toda tão em arcos embandeirada que tão pouco me deu para confirmar o assunto do teu post, não, toca de partilhar/ expressar a minha cena, e olha, deu no que deu. quando me alembro do gafanhoto - e eu até tinha pensado que também desgosto dessas bichezas assim nas peles, até há uma história de infância, minha, em que a minha mãe apanhou um valente susto à conta da gritaria vinda do quintal, um dia em que era eu que lá estava a gritar, o cão não era mudo mas não gritava, dizia eu, a minha mãe acorreu em cuidados ao quintal por causa da gritaria, ai que me matam a filha, sei lá, mas o que era?, era eu aos berros, tipo histérica, porque tinha atravessado uma teia de aranha... -
digo para com os meus botões - pá, a história do gafanhoto não metia patos... se calhar foi no post anterior...)
(e o resto já sabes. lá assumi o engano e rapidamente dei com a origem original, afinal, no blogue da UJM :) )
(de resto, olha, metade já foi - do pato, que o fiz a fingir de arroz com couve flor -, o outro meio foi a criogenar para uma próxima oportunidade. até gostei. o filho disse : - não fiquei fã! ora foda-se, né? enfim...)
agora o que interessa -
tenho para mim que estás a chamar-me um bocado bêbada, ou estás um bocado a chamar-me bêbada ("trouxeste das compras uma garrafa de vinho, cerveja, qualquer coisa, não foi?"), mas tens toda a razão
- só não trago vinho nas compras quando em casa, nem na garagem, nem no sotão, já não existe mais espaço para caixas. caixas de vinho, entenda-se :)
portanto TXIM TXIM Susana,
e é com vinho,
não aprecio cerveja.
um copo para a Cláudia e uma boa semana para ambas. e para mim.
Foi uma gaffe bem metida, foi foi, Kina! venham mais dessas :-)!!
EliminarBem, mas a couve-flor... ora há lá garoto ou garota que ache piada a couve-flor?!... Isso acho que vem com a idade... há que ter fé... :-)
Não estou a chamar-te nada bêbeda, olha olha!! Eu é que adoro um bom copo de vinho (ou de cerveja, também pode ser), btranco ou tinto, para brindar à vida, da qual fazem parte as gaffes e tudo o resto, incluindo teias de aranha gigantes! (e agora ri-me eu com a tua história da gritaria vinda do quintal que não deve ter sido muito diferente da minha gritaria ali debaixo do enormíssimo gafanhoto verde! compreendo-te muito bem, portanto, e tu sendo tão pequena, tss tss).
Uma excelente semana, então, e venha o txim txim com vinho, à nossa!
(E, Susana, uma pessoa já vem a rir do teu post, a imaginar a cena, a imaginar-te toda muito composta (eu imagino-te toda muito composta :-)) , depois, a imaginar o espanto dos vizinhos Ridley perante todo um descontrolo inesperado, a seguir, abre uma pessoa a caixa de comentários e..."Queres rir?", ok, era para ti o convite, mas este não é convite que se rejeite, resultado, duplicou, vai agora a pessoa partir para jantar já toda embalada em riso... Oh pá!
ResponderEliminarE é a rir que vos escrevo, obrigada, Susana, pelo post, e, obrigada, Kina, por esse engano, bom fim de semana!)
Os vizinhos Ridley é que são muito compostos, não se riram (!) de mim e continuaram as suas descrições da vida, logo após a pausa necessária para o bichozorro decidir ir saltar para outro lado fora de mim. O Mr. Ridley muito british ainda disse que aquilo não seria bem um gafanhoto mas talvez uma cigarra... detalhe muito pouco relevante perante a envergadura do animal.
EliminarMas, pelo menos, serviu para te fazer rir, que é a melhor parte! De maneira que obrigada eu, Cláudia, pelo comentário (redentor). :-)
Boa semana!
Olá Susana,
ResponderEliminare não seria um louva-a-deus? Como disse que era verde, tenho visto por aqui muitos, embora também haja a versão em castanho.
Já me fartei de rir com as histórias do gafanhoto e do pato 😄, embora deva confessar que também tenho pavor desses gafanhotos gigantes (só conheço castanhos) que quando voam parecem pardais.
Tenho cenas altamente dramáticas e delirantes com várias espécies de bicharocos ;)
Viver no campo tem destas coisas... e que tal centopeias gigantes (and I mean it!), osgas ou até mesmo cobras?
De patos gosto :) aliás o meu almoço vai ser arroz de pato.
Bom almoço e semana feliz para as três!
⚘⚘⚘
Olá Maria,
EliminarÉ bom saber que não estou sozinha neste "amor" pelos gafanhotos. (se era um louva-a-deus não sei, mas valha-me deus que gafanhoto já é suficientemente mau!).
As centopeias também as há e dentro de casa, o que não é nada agradável, mas como ainda nenhuma me saltou para cima, vou andando mais ou menos descansada.
Quanto às osgas - também constam - acho-as engraçadas, não me incomodam nada :-) (haja algo!!). São pouquíssimo ativas, quando vislumbro uma já sei que nas próximas cinco horas ali poderei contar com ela, sem alterações na posição. :-)
Cobras, sim - mas muito dentro do mato, não se aproximam e se pressentem gente piram-se às ondulações. São magritas, não inspiram grandes preocupações - apesar de um miúdo de onze anos, recentemente, ter sido mordido por uma ali na zona. A cobra mordeu-lhe porque o miúdo lhe tocou - foi essa a versão vigente da história. Deu entrada no hospital em choque, mas cedo ficou fora de perigo.
Uma semana feliz, Maria, e obrigada pelas flores :-)