A minha irmã acho que é
muito fofinha, tem caracóis que saltam mesmo quando ela chora porque não chega
ao aquário. Ela quer tirar o peixinho cor de laranja para brincar com ele e com
o teletubie encarnado. O meu teletubie é amarelo e eu sou crescida. Os peixes
só na água conseguem respirar, coitadinhos.
Hoje a mana foi buscar
uma caneta de pintar verde e a mãe não viu. Não chorou com o braço esticado
para o aquário que está na mesa alta, nem fez barulho nenhum. Eu pensava que
ela ia fazer um desenho, mas não deve ter encontrado as folhas e eu fui fazer
xixi, estava mesmo aflitinha.
Voltei à sala a correr
depois de puxar o autoclismo e abrir a torneira para a mãe pensar que lavei as
mãos. A mana já tinha feito o desenho no sofá que é branco e azul com riscas,
eu acho este sofá mais giro que o outro todo azul, e ela também porque fez o
desenho neste.
A minha mãe já estava
a ver o sofá todo riscado com muitas bolas pequenas dentro das grandes todas
verdes e nem estavam muito mal feitas, acho que a minha irmã tem jeito e fiquei
admirada de a mãe não achar isso também e lembrar-se que ela ainda é pequenina.
Eu é que sou crescida.
O teletubie encarnado
estava deitado no chão perto do sofá e a mãe em pé a ralhar muito com a mana
que tinha a cara virada para o chão e não se mexia e a caneta até caiu da mão
dela. Pensei que ela podia morrer porque a mãe estava muito zangada e parecia
que gostava mais do sofá do que da mana, mas isso eu não acredito, se calhar a
mãe estava mal disposta e não reparou que as bolas verdes até estavam mais ou
menos.
Para a minha irmã não
morrer, eu fui para trás dela e fiz-lhe festinhas nas costas sem a mãe ver. A
mana não chorou e estava a respirar, porque os ombros dela mexiam e eu é que
estava quase a chorar com medo.
Quando a mãe se calou
e se virou de repente e foi muito depressa para o quarto, apanhei o teletubie
encarnado do chão e dei-o à minha irmã.
Eram assim no verão de 2002.
Lindas!!
ResponderEliminarSusana, deixa-me perguntar-te: como tiveste acesso a este texto da mais velha? Ela era (ainda é?) reveladora duma grande sensibilidade e instinto protector. Fantástico!
Querida Pseudo, quem escreveu fui eu. Tentei pôr-me na cabeça dela a contar o episódio (quando aconteceu ela ainda não sabia escrever). Ela era assim, de facto, muito protectora da irmã (e ainda é).
EliminarUm texto lindo e uma fotografia tão amorosa :)
ResponderEliminarMuito obrigada, Just! :-)
EliminarIa fazer a mesma pergunta que a Pseudo mas fiquei esclarecido com a resposta.
ResponderEliminarUm texto bem consebido e melhor conseguido.
Abraço
Olá Observador, que bom vê-lo por aqui! Muito obrigada pelo gentil comentário.
EliminarAbraço de volta.
Lindas, a manas! Linda, a forma como recordas a relação entre as duas, mesmo pequeninas!
ResponderEliminarUm beijo, Susana. :)
Este episódio em que eu ralhava com uma e a outra fazia-lhe festas nas costas a consolá-la, muito juntinha à irmã para eu não ver, acabou comigo a virar-me de costas para elas não me verem rir. :-) às vezes era difícil ralhar.
EliminarUm beijo, Maria, e muito obrigada pelo carinho.